Como o Tinder deu Match com o Mundo
Por Gabriel Boente
Neste século, principalmente na última década, a tecnologia direcionou muitos esforços para os celulares. Vários e vários aplicativos explodiram e tornaram milionários muitos nerds pelo mundo.
Acontece que também existe o outro lado: o dos aplicativos que não deram certo. Nem chega a ser um “lado oculto da lua”, pois é mais comum e normal um aplicativo fracassar do que se tornar o próximo Instagram.
Para mitigar os fracassos e tentar direcionar estes novos negócios para o caminho dos louros, surgiu uma área chamada “Gestão de Produto”. Basicamente, um Gestor de Produto é um cara que precisa entender de programação, marketing, finanças, um pouco de psicologia e por aí vai. É como se fosse a área da medicina dos aplicativos: para trilhões de problemas possíveis teremos trilhões de especialidades (e um clínico geral, que é sempre importante).
Um dos temas que mais me fascinam na área da Gestão de Produtos é o “Abismo” no Ciclo de Vida do Produto. Aliás, existe um livro chamado “Atravessando o Abismo”, de Geoffrey Moore, que recomendo a leitura para quem quiser se aprofundar.
Resumindo aqui, o ciclo de vida de um produto se “comporta” como uma curva de distribuição normal (a nossa querida Gaussiana): os primeiros clientes são os Inovadores, aqueles que sempre estão no meio da tecnologia, caçando algo novo para usar e testar. Depois vêm os “Early Adopters”, aquela galera diferentona, que adora falar “estava aqui quando tudo era mato” (obviamente, os inovadores foram quem plantaram esse mato). Esses dois primeiros tipos de usuários compõem o Mercado Inicial, que é quando o produto já está rodando e tem uma galerinha testando.
Depois do Mercado Inicial, já estamos mais para o centro da curva normal, que é onde temos a maioria dos dados e, por conseguinte, a maioria dos clientes. Aqui é onde temos a “Primeira Maioria” e a “Maioria Tardia,”, que é o galerão. Esse galerão é tipo o pessoal que abriu conta no Nubank quando nem precisava mais daquele convite –quem lembra?–. Por fim, temos os “Retardatários”, que é o pessoal que chega no finalzinho do ciclo de vida do produto, tipo aquela sua tia mais idosa que começou a usar o Facebook agora. Esses três tipos de usuários compõem o “Mercado Geral”, onde o produto já está bem difundido e indo pra parte final da vida.
Mas onde entra o tal abismo na história?
Acontece que a maioria dos produtos acaba morrendo quando estão na fase dos Early Adopters e tentam dar o próximo passo. Isso é pelo fato do produto não conseguir escalar (ou ter tração pra subir a rampa) para chegar no Mercado Geral. Existem vários motivos pelos quais os produtos não conseguem crescer e se popularizar, mas geralmente é pelo fato de ser algo que a maioria das pessoas não querem (ou não sabem que querem). Esse vale da morte entre os Early Adopters e a Primeira Maioria é chamado de Abismo.
Assim, um dos principais focos de um gestor de produto é fazer com que sua solução atravesse o abismo e chegue ao grande público o mais rápido possível (que é ali onde se faz $$ de verdade). Aqui a agilidade é importante, pois enquanto o produto não “estoura”, ele está queimando caixa da empresa sem conseguir se pagar.
Dessa necessidade por agilidade surgiu uma área, dentro da área de produtos (sim, estilo o filme Inception), chamada Growth Hacking. A ideia aqui é encontrar uma solução que consiga destravar o crescimento do produto e fazer com que ele atravesse o abismo como um foguete. Um exemplo foram os convites do Nubank lá no início, que criaram uma necessidade de exclusividade e fez a empresa “hackear” seu crescimento para chegar onde chegou hoje.
Mas nosso texto de hoje não será sobre o case do banco roxinho. Será sobre o case do aplicativo do foguinho: o Tinder.
Pra dar um contexto aos casados de longa data, o Tinder é o aplicativo de namoro mais popular do mundo. Você baixa e vai “dando like” em perfis até dar um “match”, que é quando a pessoa também te curte. A partir daí você está liberado pra trocar uma ideia com esta pessoa e, dependendo das suas habilidades sociais, marcar um encontro e evoluir para uma relação de 5 anos –qualquer semelhança com a vida do autor do texto é mera coincidência e especulação😔👍.
Hoje o Tinder é uma potência e a primeira opção para os solteiros deste mundão conhecerem alguém. Mas lá no início, o aplicativo enfrentou uma mega dificuldade para atravessar o abismo.
Primeiro precisamos lembrar que uma solução para arranjar pretendentes desconhecidos não é novidade neste mundo. Já tivemos anúncios em jornais, centrais telefônicas que organizavam namoros e até as clássicas salas de bate-papo do Uol. Até mesmo na era da internet já haviam milhares de sites de relacionamento com esse foco, sem falar nas redes sociais. Ou seja, o Tinder nasceu em 2012, em um mercado bem pulverizado.
Nos primeiros dias de existência do Tinder, a equipe de Produto percebeu mais uma questão: o foco do crescimento precisava ser local. O racional é até simples: se, por exemplo, eu moro em Niterói-RJ, não me agregaria valor me conectar com uma moça de São Gabriel da Cachoeira-AM (por mais que o Rio Negro seja fabuloso). Se pararmos para refletir um pouco, é um problema similar ao Uber e Airbnb: para ter valor, a plataforma precisa de mais pessoas usando o aplicativo por perto.
Existiriam “n” maneiras de atacar este problema, ou seja, de trazer mais usuários para a plataforma. A solução do Tinder na época foi única: eles mandaram Whitney Wolfe, uma das primeiras pessoas do time de Produtos, peregrinar pelas fraternidades e irmandades dos EUA, apresentando o aplicativo. Isso não foi por acaso e nem de qualquer maneira.
Wolfe tinha sido de uma irmandade na sua época de faculdade e ela sabia que as relações ali são bem próximas, o que facilita torna a- influência no grupo. Assim, ela ia primeiro em uma irmandade, apresentava o Tinder e convencia as meninas a baixá-lo (já coletando feedbacks instantâneos). Depois ela ia em uma fraternidade, apresentava o aplicativo e mostrava as “gatinhas” da faculdade deles, que já estavam lá na plataforma (pois tinham acabado de entrar). Isso facilmente convencia os homens a também baixar-lo aplicativo.
Nos EUA essas irmandades e fraternidades possuem “capítulos” (como se fossem filiais) por todo país. Então Wolfe acabou viajando o país inteiro, indo nos capítulos de sua irmandade, para fazer a mesma coisa. Segundo Joe Munoz, um dos co-fundadores da plataforma, assim que Wolfe voltou dessa “viagem de campo”, o Tinder já havia ganhado mais 15 mil usuários. Esse foi um pontapé inicial crucial para o app conseguir atingir seu efeito de rede.
Desses 15 mil iniciais, o Tinder começou a ser repassado na base do boca a boca. Um universitário chegou em casa e falou com seus primos e amigos que havia um novo aplicativo onde seria possível chamar uma mina da faculdade/bairro para sair. Os primos baixaram e falaram com outros primos e amigos… A partir daí, o Tinder se tornou viral e, em 30 meses de existência, ele já atingia a marca de 24 milhões de usuários de ativos mensais.
O foguete do amor atravessou o abismo mais rápido que se esperava. Sem muitos gastos com publicidade e aquisição de lista de e-mail. Bastou apenas a reflexão do time do Produto para atuar no público certo, e ir melhorando a experiência do usuário continuamente.
Não pense que o Tinder não foi inovador. Antes dele, a maioria das soluções para namoros eram sites com design feios e cheios de questionários complexos para preencher. Já no Tinder bastava o usuário baixar o aplicativo, conectar via Facebook ou Instagram, preencher uma breve descrição e ir passando pro lado (esquerdo se você não tiver interesse no perfil e direito para o oposto). Uma experiência muito mais simples e intuitiva.
Hoje, mais de 10 anos depois do seu lançamento, o Tinder já mudou bastante e agora conta com novas funções, como a funcionalidade “freemium”, e aparentemente ainda tem muita lenha para queimar. Mas uma coisa é certa: eles atravessaram o Abismo com muita maestria.
FIIs 101
Por Felipe Fecha
Em março de 1990, o então Presidente da República, Fernando Collor de Mello e sua equipe econômica anunciaram um pacote de 21 medidas. Dentre elas estava o confisco das contas bancárias e poupança de todos os brasileiros pelo prazo de 18 meses. Uma das maiores tragédias da história.
O objetivo da medida econômica, que foi aprovada pelo Congresso e Judiciário, era conter a inflação, que na época era de 80% ao mês.
Essa drástica medida deixou todos os brasileiros perplexos vendo seu suado dinheiro sumir da conta. Ainda hoje, o trauma continua e não é difícil encontrar aquele amigo ou parente com mais idade, que sempre fala que o melhor investimento são os imóveis. O motivo é que eles não podem ser confiscados, te pagam aluguel e podem se valorizar com o tempo.
A experiência negativa dessa galera criou uma aversão à diversificação de investimentos. Por isso, muitos ainda não conhecem outras opções que podem ser mais interessantes, como os Fundos Imobiliários (FIIs).
O desconhecimento do brasileiro sobre os fundos imobiliários é totalmente compreensível. Além do evento traumático, o primeiro FII disponível para pessoas físicas no Brasil foi lançado só em 1999. Além disso, o valor das cotas era bem salgado, cerca de R$ 1.000 (nos valores da época) e poucas pessoas tinham acesso a corretoras, como temos hoje.
Mas o jogo mudou. Nos últimos anos, a ideia de que os FIIs são uma boa forma de se investir em imóveis vem se popularizando. O número de investidores neste tipo de ativo cresceu de 200 mil para cerca de 2 milhões em 4 anos. Lembrando que precisamos levar em consideração que esse crescimento foi por conta da taxa de juros, que se manteve baixa por um bom tempo, e tirou a atratividade de muitos investimentos de renda fixa, no período.
Hoje, vamos conversar um pouco sobre as qualidades e defeitos dos FIIs em relação aos imóveis físicos. Bora lá?
Antes de tudo, é preciso deixar bem claro que, hoje em dia, não rola mais a possibilidade de governante confiscar as contas bancárias ou qualquer investimento financeiro. Em 2001 foi criada a Emenda Constitucional nº 32, que estabelece que não podem ser editadas medidas provisórias com o objetivo de confisco de bens, poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro. Isso traz um pouco mais de segurança para o investidor, não só de FIIs.
Um ponto a se destacar é que quando compramos um imóvel, por ser um investimento de valor mais elevado, concentramos toda a nossa expectativa de retorno em um só imóvel e apenas um inquilino. Já com FIIs podemos reduzir nosso risco, comprando cotas de vários FIIs diferentes, já que a maioria das cotas são negociadas na faixa dos R$100,00. Além disso, também podemos escolher fundos com mais de um inquilino, o que dilui o risco de inadimplência.
Outro ponto é que ao comprar um imóvel para locação, o dono tem duas opções para atrair possíveis inquilinos. Pode ser feita a contratação dos serviços de um corretor para divulgação ou tentar alugar por conta própria, tendo todo trabalho de anunciar aquele imóvel. O ponto negativo da primeira opção é que as taxas cobradas pelos corretores costumam ser o valor do 1º aluguel, além de uma taxa mensal, que gira em torno de 6% a 10% do valor do aluguel. Na ponta do lápis, isso dá uns 9% a 13% de toda a receita gerada pelo imóvel em cerca de 30 meses (que é o prazo mais comum dos contratos de locação de imóveis).
No caso de um FII, a sua gestão do fundo cuida de todo o trabalho envolvendo locação, problemas com inquilinos e contratos de locação. Além disso, por conta do maior volume de investimentos, as taxas de administração costumam variar de 0,25% a 2% do valor de mercado do fundo. Mas como nem tudo são flores, o ponto negativo é que o investidor não tem poder de decisão nas escolhas da gestão, o que pode não ser tão interessante para quem gosta de estar no comando de tudo.
O último ponto para conversarmos hoje é sobre os impostos. Ao vender um imóvel, o proprietário deve pagar entre 15% e 22,5% de Imposto de Renda sobre o ganho de capital, a depender do lucro. Só que existem formas de reduzir ou até de não precisar pagar o imposto. Por exemplo, se o valor da venda for utilizado para comprar outro imóvel, em até 180 dias, não precisa pagar o imposto, independente do ganho de capital que houve na venda.
Já na venda de FIIs, o dono das cotas deve pagar 20% de imposto sobre o lucro obtido, considerando o preço de compra e venda das cotas. Sobre o lucro obtido com os aluguéis dos imóveis, é bom saber que aluguéis de até R$1.903,99 são isentos. A partir desse valor a alíquota é progressiva, variando de 7,5% até 27,5%. Já nos FIIs, o valor dos aluguéis é recebido por meio de dividendos e eles são isentos de Imposto para pessoas físicas, independente do valor recebido.
Dá para concluir que investir em FIIs tem suas vantagens e desvantagens em relação ao investimento em imóveis. Então, para escolher um FII, devemos buscar tirar o maior proveito possível dessas vantagens e minimizar os pontos negativos.
A melhor forma de potencializar um investimento em FIIs é montando uma carteira diversificada. A diversidade dos ativos fará com que os pontos positivos se potencializem e os negativos sejam minimizados, já que não teremos todos os ovos na mesma cesta.
Existem dois tipos de FIIs: os “fundos de tijolo”, que investem em imóveis (Lajes Corporativas e Galpões Logísticos) e geram renda através dos aluguéis, e os “fundos de papéis”, que investem, majoritariamente, em recebíveis imobiliários (os famosos CRIs) e são focados na renda, através de dividendos atrelados ao IPCA e CDI.
Nós sabemos que pode ser bem complicado montar uma carteira bem diversificada e que ainda tenha potencial de se valorizar. Poucas pessoas tem tempo sobrando e conhecimento pra parar e fazer um mega valuation de 15 fundos imobiliários diferentes.
Ainda bem que nós estamos aqui, certo? Pra você nunca mais passar raiva com seus investimentos em fundos imobiliários, lançamos a nossa Carteira Recomendada do VBOX de FIIs. Lá você terá acesso a todos os relatórios e a uma carteira montada especialmente pra você extrair ao máximo o potencial dos seus investimentos. Corre lá e dá uma conferida!
Pra você ter aquele aperitivo da qualidade do VBOX FIIs, saca só o vídeo que saiu no nosso canal do YouTube, comentando sobre o que aconteceu com o fundo RELG11 e os perigos de limitar sua análise a só olhar indicadores superficiais, como o P/VP.
😎Fala Dudu!
Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói
Por @dudufromniteroi
Oie
Adivinha quem voltou do exílio? Isso mesmo, seu titio Dudu de Niterói. Semana passada desapareci, pois respondi um e-mail de um príncipe do Sudão, que disse que me daria 3 milhões de dólares se eu o ajudasse ele. Quando um príncipe africano que você não conhece te pede ajuda, você vai ajudar.
Felizmente estou aqui e vamos para as notícias da semana passada, completamente isentas de impostos.
NADA DE NOVO NO FRONT ORIENTAL - Na época do governo Bolsonaro era uma delícia cornetar as gigantes comitivas do ex–presidente, que levava vários políticos e outros agentes inúteis, que serviriam apenas para tirar fotos e afagar o ego do menino que queria ser rei.
Agora, no governo Lula, obviamente que nada mudaria, certo? Saem políticos mal educados, entram sindicalistas mal educados para afagar o ego do deus sol. E o melhor? Tudo sempre bancado com dinheiro público em ambos os casos.
Mas confesso que estava com saudades da CUT, ok?
REPRESENTATIVIDADE É TUDO - Sempre reclamamos que falta representatividade na política, principalmente no grupo ministerial. Pois na semana passada o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que NÃO conhece a Shein, apenas a Amazon, pois só compra livros.
Claramente é uma declaração que confirma que o ministro é sapiossexual: se apaixona apenas por nerdola. Mais uma bola dentro do governo.
Lembrando que a Shein fatura bilhões no Brasil e mesmo assim ele achou que seria inteligente falar isso.
REGULAMENTO DEBAIXO DO BRAÇO - Na semana passada, o presidente da ApexBrasil (que é a Agência de Promoção de Exportações do Brasil), Jorge Viana (PT-AC), revogou uma parte do estatuto que dizia que, para ser presidente do órgão, é obrigatório ser fluente em inglês.
Muita gente pode criticar a medida do político, mas aqui enxergamos mais como oportunidade. Se você tem a oportunidade de ficar milionário e poderoso chefiando o principal órgão de exportações do país, você não pode confiar apenas no seu inglês do Duolingo. É preciso agarrar a oportunidade e mudar qualquer regra para que fique a seu favor.
Parabéns ao presidente!
100 DIAS DE LULA - Pois é, meu amores. Semana passada, batemos 100 dias do governo Lula. Recebo diariamente informações dos meus sobrinhos, dizendo que até hoje não arranjaram uma namorada, sendo que esta foi uma das principais promessas da campanha petista. Um ultraje!
Apesar de tudo, estamos há 100 dias sem jornalista encher o saco por ter sido xingado no cercadinho do planalto, e também há 100 dias sem alguém falar que a corrupção acabou.
De acordo com o meu departamento de Pesquisas Quantitativas, a corrupção está programada para acabar no Brasil em 2026. O motivo não é o fim do governo PT, mas sim o hexa do Brasil. Tudo vai melhorar após o hexa, eu creio! Compartilhe se chorou.
E foi isso, meus amores! Bebam água e sempre vejam se um Conselho de Administração entrou short contra a própria empresa antes de anunciar um aumento de capital hihihi
Beijos.
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
- “Um país se faz com homens e livros” - Monteiro Lobato
- “A preguiça anda tão devagar que a pobreza facilmente a alcança” - Benjamin Franklin
- “Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá” - Charles Chaplin