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A história de Herbert Wertheim: O maior investidor que você nunca ouviu falar!

10min de leitura

Misael Guedes

Misael Guedes

Redação

Imagine um homem de 80 anos, no palácio da Versace em Miami Beach num sábado à noite. Sentado em frente a um prato de torradas de salmão defumado com folhas de ouro e trufas raspadas, parece aquelas cenas de filme.

Esse é Herbert Wertheim, o maior investidor que você nunca ouviu falar.

herbie-e-esposa

Ele e esposa de 52 anos, Nicole, vivem parte de cada ano no luxuoso World Residences at Sea , um iate com 165 apartamentos. Ele chama essas atividades extracurriculares de “hora do Herbie”.

Se não fosse por seu chapéu fedora vermelho brilhante, Wertheim, que é optometrista e pequeno empresário, pareceria o típico idoso vivendo no sul da Flórida.

“O optometrista é quem identifica problemas de sentido de visão, como miopia, astigmatismo ou hipermetropia, a diferença pro oftalmologista é que o apenas o oftalmo pode dar diagnóstico de doenças visuais. O optometrista é quem faz o atendimento primário”

Mas Wertheim não precisa de julgamentos precipitados. O que as fotos não revelam é que o Dr. Herbie, como é conhecido pelos mais chegados, é um só um bilionário que tem o patrimônio avaliado em US$ 5 bilhões pelos cálculos da Forbes. Ele tá nas listas de pessoas mais ricas do mundo.

Sua fortuna não vem de um brilhantismo empresarial típico de Elon Musk, ou de uma carreira de altas remunerações, mas de uma vida inteira de investimentos e estudo das empresas.

Herb Wertheim pode ser o maior investidor individual de que o mundo nunca ouviu falar, quase o Barsi gringo.

E ele tem os extratos da corretora para provar isso. Numa entrevista ele mostrou extratos com centenas de milhões de dólares em ações como Apple e Microsoft, compradas décadas atrás durante seus IPOs.

Quem você conhece que investiu nessas empresas e ficaram com o investimento até hoje? Aqui no Brasil é bem difícil isso acontecer, até pela característica do nosso mercado e por ser bem menos desenvolvido que o norte americano.

Ele tem também uma posição de mais de US$ 3 bilhões na Heico, uma fabricante de peças de avião de US $ 21 bilhões, que tem a data de 1992, quando a ação valia centavos de dólar.

heico grafico

Existem várias outras participações, vai de GE e Google a BP e Bank of America. Se podemos ter uma certeza nos investimentos de Wertheim, é a preferência dele por empresas da indústria e tecnologia e pagadoras de dividendos.

O sucesso financeiro, e a vida confortável que seu portfólio proporcionou à sua família, é uma prova do poder dos investimentos, bem como da forte resiliência do mercado americano ao longo de meio século.

“O que penso é”, diz Wertheim ao refletir sobre sua longa carreira, “queria poder ter tempo livre. Para mim, ter tempo é a coisa mais preciosa.”

Herbie nasceu na Filadélfia, no final da Grande Depressão, ele é filho de imigrantes judeus que fugiram da Alemanha nazista. Em 1945, seus pais se mudaram para Hollywood, Flórida, onde moravam em um apartamento no andar de cima da padaria da família. Disléxico, Wertheim penou na escola e como saída, começou a matar aulas.

“Naquela época, eles apenas chamavam você de burro”, lembra ele. “Eu me sentava no canto às vezes com um boné de burro.”

Se você é mais novo provavelmente não conhece chapéu do burro ou chapéu da humilhação. Era uma forma de punir e “educar” as crianças na época.

Haviam escolas em que o chapéu cônico era decorado com um grande D, de dunce, para deixar bem evidente que aquela criança havia sido desobediente ou indisciplinada.

Dunce era o nome do chapéu, que teve origem com John Duns Scotus, filósofo e teólogo que ficou muito conhecido por seus estudos na área.

Muitos de seus seguidores começaram a se autodenominar “Dunsmen”, em homenagem ao guru, e começaram a usar chapéus pontiagudos assim como Scotus, segundo o livro “Hats and Headwear Around the World: A Cultural Encyclopedia”, John Scotus acreditava que um chapéu pontudo teria o poder de canalizar o conhecimento do mundo exterior e distribuí-lo para o cérebro.

Essa é a verdadeira razão pela qual ele e os Dunsmen adotaram este adorno, o objetivo era torná-lo um símbolo das pessoas inteligentes em geral.

Com o tempo passando surgiram várias novas ideias com o Renascimento, os estudiosos viram que as ideias dos Dunsmen eram ultrapassadas e eles não eram tão inteligentes como se acreditava, por isso os chapéus passaram a ser vistos como algo ridículo. Quem usasse o chapéu nesse formato era reconhecido como alguém incapaz e sem vontade de aprender algo novo.

chapeu de burro

Voltando a Herbie, durante sua adolescência, na década de 50, com o pai agressivo e abusivo, Wertheim começou a fugir de casa de tempos em tempos.

Ele passava a maior parte do tempo andando com os índios Seminole que eram os índios locais, caçando e pescando nos Everglades e vendendo caça, como pernas de sapo, para os habitantes da área.

Ele também pegou carona pela Flórida colhendo laranjas e toranjas. Depois de alguns anos, seus pais cansaram. Aos 16 anos, ele ficou frente a frente com um juiz, as acusações eram de evasão escolar.

Para sorte de Wertheim, o juiz teve pena dele, ofereceu a ele duas escolhas: Marinha dos Estados Unidos e o reformatório estadual. Então Wertheim, com apenas 17 anos, se alistou em 1956 e foi pra base em San Diego.

“Foi aí que minha vida mudou”, diz ele. “Eles fazem testes o tempo todo para ver o quão inteligente você é, e de 135 em nossa classe, acho que fiquei em primeiro lugar, especialmente nas áreas de mecânica e organização.”

Com a confiança renovada, Wertheim estudou física e química na Marinha antes de trabalhar na aviação naval. Foi nessa época que Wertheim começou a investir em ações.

Era a Guerra Fria, o complexo militar-industrial fervilhava e a indústria americana estava a todo vapor. O Dow Jones finalmente se recuperou das perdas sofridas mais de duas décadas antes, durante o Crash de 1929, e as ações aeroespaciais lideravam o mercado.

Wertheim fez seu primeiro investimento aos 18 anos, usando seu soldo da Marinha para comprar ações da Lear Jet, que na época era conhecida por fabricar produtos de aviação durante a Segunda Guerra Mundial. Wertheim conheceu seu fundador, Bill Lear, durante uma visita a uma fábrica da Sikorsky Aircraft em Connecticut, onde eram fabricados os helicópteros S58 da Marinha. Wertheim foi fisgado pelas invenções de Lear, como os primeiros sistemas de piloto automático.

Como curiosidade:

Willian "Bill" Power Lear começou sua carreira de inventor aos 18 anos, em 1920, ao criar o primeiro rádio prático para automóveis, junto com seu sócio Elmer Wavering. O rádio foi denominado da junção de duas palavras "motor" e "victrola". Foi então que surgiu o motorola. O invento e o negócio que ele gerou foram vendidos posteriormente para Paul Gavin, e anos depois a Motorola tornou-se uma poderosa multinacional do ramo de eletrônica e telecomunicações.

Voltando:

“Você pega o que ganha com o suor do seu rosto, depois pega uma porcentagem disso e investe no trabalho de outras pessoas”, diz Wertheim sobre sua disciplina quase religiosa de pagar o “dízimo” de seu salário nos investimentos.

Assim que saiu da Marinha, Wertheim vendeu enciclopédias de porta em porta antes de frequentar o Brevard Community College e depois a Universidade da Flórida, onde estudou engenharia, mas nunca chegou a se formar.

Além das aulas, ele trabalhou para a NASA, ainda em seus primeiros anos, em uma divisão que melhorou a instrumentação para voos tripulados. Isso alimentou o interesse no olho e nos instrumentos otimizados para a visão.

Em 1963, ele recebeu uma bolsa de estudos para frequentar o Southern College of Optometry em Memphis e, após a formatura, abriu um consultório no sul da Flórida.

Por 12 anos ele trabalhou duro, atendendo pacientes que eram em sua maioria da classe trabalhadora e que às vezes pagavam suas contas com alqueires (Alqueire é uma medida agrária utilizada para sólidos, como capacidade de armazenamento de cereais, ou para superfícies, como para medir a extensão de uma fazenda) de mangas e abacates.

Wertheim passava as noites mexendo em suas invenções e, em 1969, inventou uma tonalidade para lentes de plástico de óculos que filtrariam e absorveriam os perigosos raios ultravioleta, ajudando a prevenir a catarata.

herbie bpi

A Guerra do Vietnã estava em andamento e o plástico havia se tornado o material de escolha para óculos e óculos de sol. A demanda pelo tom criado de Wertheim cresceu e ele o vendeu em um acordo de royalties por $ 22.000. Mas por causa de quebras contratuais, Herbie nunca sentiu o cheiro do dinheiro.

Assim, em 1970, Wertheim decidiu levar mais a sério suas invenções e criou uma nova empresa, a Brain Power Inc. ou BPI. Ele a fundou como uma empresa de consultoria de tecnologia, mas Wertheim logo voltou ao hábito de pesquisar e mexer, desenvolvendo tinturas, corantes e outras tecnologias para óculos.

Um ano depois, ele inventou um dos primeiros neutralizadores do mundo, uma substância química que restaurou as lentes de volta ao seu estado transparente original.

Isso significava que os oftalmologistas não precisavam mais carregar grandes estoques de lentes de cores diferentes ou descartar lentes com cores inadequadas.

“Eu ainda atendia pacientes, tinha um pequeno laboratório”, lembra Wertheim. Ele mostrou à esposa uma lata de café contendo sua mistura química e disse: 'Nicole, o que tem nesta lata vai nos tornar milionários.' ”

Entre esse produto químico e os inúmeros outros produtos que Wertheim inventou para lentes - alguns corantes para estética, outros para ajudar a aliviar os sintomas de distúrbios neurológicos como epilepsia e outros ainda para melhorar a proteção UV - a BPI tornou-se uma das maiores fabricantes mundiais de corantes óticos, vendendo para empresas como Bausch & Lomb, Zeiss e Polaroid.

A empresa também começou a fabricar equipamentos de laboratório, produtos de limpeza e acessórios para óticas, optometristas e oftalmologistas. Hoje a BPI tem mais de 100 patentes e direitos autorais na área de óptica, já chegou a ter 49 funcionários e faturamento anual de cerca de $ 25 milhões.

Se quiser saber mais sobre as lentes coloridas e suas aplicações, Herbie tem um site mostrando os estudos. http://www.colorlenses.com/

Em menos de duas décadas, Wertheim passou de “imprestável” a inventor e empresário. A BPI nunca foi uma empresa de supercrescimento, e com a pandemia teve sua operação comprometida e atualmente tem um lucro líquido na casa dos US$ 6 milhões por ano, segundo Wertheim, que diz que pra ele é suficiente pra bancar sua paixão por investir e pela boa vida.

“Eu não queria ter um grande negócio”, diz ele. “Mas hoje, tenho uma corporação de 5, 6 ou 8 bilhões de dólares, cada uma das quais possuo 10%.”

Com o dinheiro da BPI entrando na conta da corretora, Wertheim começou a trabalhar na sua estratégia de investimento que pode ser descrita como uma mistura de Warren Buffett e Peter Lynch , com um toque de Jack Bogle,que não era muito fã das taxas cobradas pelos fundos e usa principalmente duas corretoras, Fidelity e Schwab, para gerenciar seu enorme portfólio.

Com o Lear Jet (mais tarde conhecido como Lear Siegler) no final dos anos 1950, por exemplo, Wertheim estava colocando em prática o “investir no que você conhece”, a estratégia popularizada por Peter Lynch em seu livro de 1989, “Um passeio por Wall Street”. Lynch disse aos leitores para usarem seu conhecimento específico ou experiência em alguma área como uma vantagem em seus investimentos.

Em vez de se concentrar nas métricas das demonstrações financeiras, Wertheim se dedica à leitura de patentes e passa dois períodos de seis horas por semana debruçado sobre livros técnicos sobre o assunto.

“O mais importante para mim é: Qual é o seu capital intelectual que pode ser usado para crescer esse negócio?” Graças à sua formação em engenharia, à natureza técnica da optometria e à sua experiência como inventor, a biblioteca de patentes é a zona de conforto de Wertheim.

As ações nas quais ele investiu com base em seus impressionantes portfólios de patentes incluem IBM, 3M e Intel. Todas empresas que possuem como grande vantagem competitiva as patentes que possuem.

Como Warren Buffett , Wertheim acredita firmemente em aumentar o investimento 2x quando as ações de suas análises vão contra ele. Ele diz que se você acredita na propriedade intelectual de uma empresa, não importa muito se o mercado bate na ação um pouco, o valor daquilo é duradouro.

“Se você gosta de uma empresa a US$ 13 por ação, deve gostar de US$ 12, US$ 11 ou US$ 10 por ação”, diz Wertheim. “Se uma ação continua caindo, você acredita nela e fez sua pesquisa e sua análise e tem certeza do que tá fazendo então você compra mais. Na verdade, você está fazendo um negócio cada vez melhor.” Sempre que possível, acrescenta ele, os dividendos são úteis para amortecer a dor das ações que caem ou andam de lado.

“Meu objetivo é comprar e quase nunca vender”, diz, repetindo um buffettismo. “Deixo que valorize o máximo que puder e uso os dividendos para seguir em frente.” Dessa forma, Wertheim, como o Oráculo de Omaha, raramente reinveste dividendos, mas usa o fluxo de caixa de sua carteira para financiar seu estilo de vida ou fazer novos investimentos.

Wertheim comenta sobre Microsoft, uma ação que ele possui desde seu IPO em 1986. “Eu sabia muito sobre computadores e estive envolvido na construção deles”, diz ele. A BPI estava usando o Apple IIe, mas depois que a Microsoft lançou seu sistema operacional, o Windows, em 1985, Wertheim se convenceu de que seria um vencedor. “Só a Microsoft tinha um sistema operacional que pudesse competir com a Apple”, lembra ele.

As ações da Microsoft que ele comprou durante o IPO, que pagam dividendos desde 2003, agora valem mais de US$ 160 milhões. Suas 1,25 milhão de ações da Apple, algumas compradas durante seu IPO em 1980 e outras quando as ações estavam caindo a US$ 10 na década de 1990, valem US$ 195 milhões.

compound

Os retornos de Wertheim são fora da curva. Mas se a gente só aportasse $ 200 por mês com $ 10.000 iniciais no mercado de ações americano nos últimos 61 anos teria produzido um portfólio de $ 11 milhões.

Mas nem tudo são flores e Herbie não é o investidor infalível. Nem todas as várias ações que ele possuía se saíram tão bem. Ele investiu muito na Blackberry. “Acreditei na nova administração e na história da recuperação”, diz Wertheim, que geralmente vende se uma posição cair em 25%. “Vi lucros substanciais desaparecerem mês após mês até que decidi que já era o suficiente.”

Foi o que fez com o antigo maior sinal de status da tecnologia. Caso você não conheça, a Blackberry é uma fabricante de aparelhos celulares, que tinham um apelo corporativo e de status muito forte, liderando vendas no início dos anos 2000 mas que não resistiu aos avanços da tecnologia e a concorrência da Apple.

Os celulares possuíam sistema próprio da empresa e contavam com teclados físicos completos (qwerty) e botões sensitivos, algo que era bem avançado pra época.

blackberry

Wertheim às vezes usa alavancagem já foi pego com as calças curtas em uma chamada de margem depois que o presidente do Federal Reserve, Paul Volcker, aumentou a taxa dos fundos federais de 12% para 20% e o mercado afundou 20%.

O episódio custou a ele US$ 50 milhões e ensinou a Wertheim uma lição valiosa sobre os perigos da alavancagem e da contabilidade de marcação a mercado.

Como a maioria dos outros investidores ativos, Wertheim luta pela eficiência fiscal. A fim de colher prejuízos fiscais menores em seu portfólio, ele dobra suas operações perdedoras pra evitar as penalidades de lavagem de dinheiro do IRS. “Se eu tiver uma grande perda em uma ação de que gosto”, diz ele, “comprarei mais, geralmente duas ou três vezes a compra original, e esperarei os 30 dias para vender a posição original e contabilizar o prejuízo fiscal”.

Assim como Buffett, Wertheim diz que encontrar empresas com gerenciamento forte foi a chave para seu sucesso. Um grande exemplo disso é a Heico, uma empresa aeroespacial e eletrônica familiar com sede na cidade natal de Wertheim, Hollywood, Flórida.

Wertheim tornou-se amigo de Laurans "Larry" Mendelson durante a década de 1970, depois que Wertheim comprou um imóvel em um condomínio de propriedade de Mendelson e atracou seu barco próximo ao de Mendelson em Coral Gables Waterway. “Ele tem duas filhas da mesma idade dos meus dois filhos”, diz Mendelson. “Nós nos conhecemos socialmente.”

Contador Especializado, Mendelson era um investidor imobiliário de sucesso que estudou na Columbia Business School com David Dodd, co-autor com Benjamin Graham do livro sobre investimento em valor, Security Analysis.

Inspirados pela onda de negociadores que ficaram ricos com LBOs (aquisições alavancadas onde o investidor consegue fazer a aquisição total ou parcial com recursos de terceiros, o que ajuda a não comprometer o capital próprio) na década de 1980, os Mendelsons estavam procurando uma empresa industrial desvalorizada e com baixo desempenho para assumir. Então escolheram a Heico para colocar o plano em ação.

Depois que eles se estabeleceram na Heico, na época uma pequena fabricante de peças para aviões, Wertheim usou seu conhecimento aeronáutico para ajudar informalmente a família Mendelson a analisar seus negócios e passou a comprar ações da empresa - uma ação barata com preço de 33 centavos.

“Naquela época, a Heico era um desastre, mas ela apareceu e entendeu o que faríamos para que não fosse um desastre completo”, diz Mendelson. A Heico estava fabricando combustores de motor a jato de fuselagem estreita, que a FAA exigia que fossem substituídos regularmente depois que um avião pegou fogo em uma pista em 1985.

Sob a tutela dos Mendelsons, a Heico expandiu sua linha de peças de reposição, que bateu de frente com os equipamentos originais estabelecidos fabricantes como Pratt & Whitney e GE da United Technologies.

Depois que a Lufthansa da Alemanha adquiriu uma participação minoritária na empresa em 1997, os fabricantes do setor aéreo e Wall Street perceberam, e o preço de suas ações aumentou seis vezes pra mais de US$ 2.

Mas este foi apenas o começo. Heico desfrutou de uma vantagem competitiva enorme, um fosso proverbial, ela era uma das poucas fabricantes de peças de reposição de aviões aprovada pela FAA.

Isso se traduziu em pedidos crescentes à medida que a Heico expandia seu mix de produtos e a demanda por viagens aéreas aumentava. Nos últimos 28 anos, as vendas da Heico cresceram a uma taxa de 16% ao ano e seu lucro líquido foi de 19% ao ano.

Hoje, a Heico é negociada a US$ 180, e Herbie é seu maior acionista individual. Seu investimento original de US$ 5 milhões vale mais de US$ 3 bilhões.

Depois dos 80 anos, o tempo de Herbie se tornou sua principal preocupação. Além de sua casa à beira-mar de US$ 16 milhões em Coral Gables, Wertheim tem um rancho de 90 acres (ou 362 mil m²) perto de Vail, Colorado, uma espetacular casa de quatro andares com vista para o Tâmisa em Londres e duas grandes propriedades no sul da Califórnia.

Ele passa muitos invernos com sua esposa e família de férias a bordo do The World, o maior navio residencial(sim, são apartamentos de luxo maiores que a nossa casa dentro de um iate) de luxo do planeta que circunavega continuamente o globo, onde possui dois apartamentos de luxo. Agora, em meados de fevereiro, os Wertheims estão em algum lugar na costa do Sri Lanka.

cruzeiro

Signatário do Giving Pledge de Bill Gates e Warren Buffett , Wertheim se comprometeu a doar pelo menos metade de sua fortuna e pretende que a maior parte das doações vá para a educação pública - o próprio sistema que o formou.

“Eu não teria alcançado a educação e as oportunidades que tive sem a ajuda de nosso sistema educacional de universidade pública”, escreveu ele ao assinar o compromisso.

Se a gente der uma volta pelo campus principal da Florida International University, a poucos minutos da casa de Wertheim em Coral Gables, você não vai conseguir não notar os edifícios estampados com seu nome: o Herbert & Nicole Wertheim Performing Arts Center, o Herbert Wertheim College of Medicine, o Nicole Wertheim College of Nursing & Health Sciences e o Wertheim Conservatory .

Ele doou US$ 50 milhões à FIU e destinou outros US$ 50 milhões à Universidade da Flórida . No ano passado, ele prometeu US$ 25 milhões para a Universidade da Califórnia, San Diego, para ajudar a criar uma escola de saúde pública.

Além da educação, Wertheim diz que fez doações a centenas de organizações sem fins lucrativos nacionais e estrangeiras, incluindo o zoológico de Miami e a estação de rádio pública de Vail, Colorado.

O antigo “burro” da classe ainda fica empoglado quando vê seu nome nos prédios da universidade, pedindo aos que passam que tirem fotos, ele sempre posa com seu chapéu vermelho e tênis Nike.

“Ele é muito inspirador na maneira como desafia as pessoas a pensar grande e imaginar o que é possível”, diz Cammy Abernathy, reitora da Faculdade de Engenharia Herbert Wertheim da Universidade da Flórida.

Ainda assim, a sensação que temos é que dedicar tempo ao seu portfólio de ações traz tanta alegria para Wertheim quanto suas divertidas excursões e filantropias .

Antes da pandemia ele dobrou a aposta na gigante britânica de energia BP e agora possui mais de um milhão de ações. Mas, em vez de depender do preço do petróleo, ele está apostando nas células de hidrogênio e aproveitando seus dividendos de 6% (alto para os padrões do exterior) enquanto espera a recuperação da empresa.

“Eles têm propriedade intelectual importante nessa área”, diz ele sobre as células, que criam eletricidade usando hidrogênio como combustível, uma tecnologia que Wertheim acredita ser o futuro do transporte aéreo e rodoviário. “Vamos mudar para uma economia de hidrogênio.”

Wertheim também gosta da problemática General Electric; ele possui mais de 15 milhões de ações e até pouco tempo atrás tava comprando mais.

Ele diz que fez uma aposta de longo prazo nas capacidades de patentes da GE; a empresa de 126 anos tem mais de 179.000 patentes e está crescendo. Wertheim está especialmente entusiasmado com algumas patentes que envolvem a impressão 3D de peças metálicas de motores.

“Você não pode ver quais são as vendas deles. Você não pode olhar para nada. O que vai ser o futuro?” ele diz enfaticamente, acrescentando: “Eles atingiram o nível mais baixo de todos os tempos antes da pandemia e estou perdendo. Mas me sinto muito, muito confortável com a GE por causa de sua tecnologia.”

Mesmo com a idade avançada, Herbie não tem pressa. O que ele faz de melhor é investir pensando no longo prazo.


Essa história teve como base inicial o artigo feito pela Forbes em 2019: https://www.forbes.com/sites/maddieberg/2019/02/19/the-greatest-investor-youve-never-heard-of-an-optometrist-who-beat-the-odds-to-become-a-billionaire/?sh=33c4de0d22e8

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