Análises de Empresas

WEG: A queridinha da bolsa como você nunca viu

12min de leitura

Misael Guedes

Misael Guedes

Redação

Jaraguá do Sul, 16 de setembro de 1961, uma história incrível estava sendo iniciada com três investidores, com dinheiro limitado mas tomados por uma grande ambição.

Seus nomes:

  • Werner Ricardo Voigt
  • Eggon João da Silva
  • Geraldo Werninghaus

Provavelmente você já deve ter sacado de qual empresa estamos falando, se você pensou WEG, acertou. A queridinha de muitos investidores da bolsa é também o orgulho da cidade de Jaraguá do Sul, basta ver os comentários nas publicações da empresa.

A empresa nasceu do encontro de jovens com características únicas mas muito parecidos em uma coisa, na ambição de fazer algo grande, e já adiantando: eles conseguiram.

O fruto da união desses jovens se tornou uma gigante da indústria com participação em diversos países. A WEG é uma marca reconhecida pela sua força e qualidade.

São 38 mil funcionários. 52 fábricas. 1.500 linhas de produtos.

Com uma receita líquida anual de mais de R$ 23 bilhões, atualmente a WEG é uma das maiores fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos do mundo.

Para você ter uma ideia do tamanho da empresa, anualmente ela produz cerca de 19 milhões de motores elétricos.

Mas talvez você ainda não saiba tudo sobre a sua história e tudo o que ela faz, por isso preparamos esse artigo, onde vamos contar um pouco da história da empresa e te mostrar como funciona o modelo de negócios dela.

História da WEG

Inovação e tecnologia são palavras comuns na linguagem industrial atual. Mas, há 60 anos, elas já faziam parte do cotidiano de um homem focado na evolução de sua jovem empresa.

Werner Ricardo Voigt, o idealizador do protótipo de um motor que se tornou o produto originário da WEG, era apaixonado por eletricidade e, até os últimos dias de sua vida, caminhou pelos corredores das fábricas que ajudou a fundar - talvez maravilhado com o tanto que realizou ao longo de seus 85 anos.

Werner era um menino prodígio, com apenas seis anos fazia miniaturas de rodas d'água que funcionavam, a inspiração veio da sua fase inicial da infância. Ele se divertia perto da roda d’água que gerava a energia elétrica para a serraria do pai.

Ele começou a trabalhar cedo, com 14 anos, em uma oficina, e já mostrava por que veio, ajudou a montar o primeiro motor elétrico de Jaraguá. Tempo depois, já formado em eletricidade, Werner montou seu próprio negócio, mas na hora de decidir onde daria o pontapé inicial precisou pensar um pouco.

Isso porque quando era mais jovem trabalhava em uma empresa de energia elétrica em Joinville, e após seu expediente ele ia às oficinas fazer o reparo de motores. Como ele conhecia muita gente sabia que seria mais um concorrente naquela cidade.

Então ele lembrou que já havia atendido clientes em Jaraguá do Sul, e por conta da estrutura da cidade ele sabia que não teria concorrência lá e escolheu a cidade. Werner ainda usou como trunfo o fato de Jaraguá estar na rota dos caminhões que partiam de Porto Alegre em direção a Curitiba e São Paulo. Bingo.

Lá fundou sua primeira oficina, onde conheceu, por obra do acaso, ou não, Eggon, que precisava fazer um pequeno reparo no seu carro, trocar algo que na época tinha o nome de dínamo mas depois deu origem ao famigerado alternador.

A inteligência e o entusiasmo de Eggon João da Silva foram essenciais na união dos jovens visionários fundadores da WEG. A esposa de Eggon, Laura, recordou de forma emocionante trechos marcantes do início da parceria, amizade e da sociedade que tornaram possível a empresa dos sonhos.

“Tenho um sentimento de orgulho muito grande. Afinal, quando eles começaram, em 61, não tinham nada para começar a WEG. Os três sempre pensaram em crescer”.

Até então, Eggon trabalhava em um banco, o banco Inco, mas não sabia o que ia fazer. Mas aquela tarde na oficina de Werner mudaria a história deles. Eggon ouviu que um empresário do ramo de balcões frigoríficos estava sofrendo com atrasos na entrega de motores.

Quando comentou isso com Werner, ele respondeu imediatamente que era possível fabricar os motores ali mesmo, em Jaraguá. E essa era a ideia dele. Por isso abriu sua oficina.

O que ainda não permitia que o plano fosse posto em prática era a falta de capital e alguém pra parte mecânica. Novamente o destino atacando, Eggon conhecia alguém: Geraldo.

Geraldo Werninghaus era filho de um mecânico alemão que imigrou para o Brasil em busca de melhores condições. Ainda jovem percebeu que tinha a mesma vocação que seu pai e seu avô, e logo tratou de trabalhar na oficina da família: a Werninghaus & Filhos, em Joinville.

Assim como Werner, Geraldo trabalhou nas indústrias Vahldick e serviu ao exército, após esse período ele voltou a trabalhar na oficina da família até o dia em que recebeu uma visita de dois jovens empreendedores. Werner e Eggon.

A proposta para Geraldo era entrar como sócio na fábrica que pretendiam abrir em Jaraguá do Sul. E foi assim que o trio formou uma sinergia perfeita para o sonho: Werner com a elétrica, Eggon com a administração e Geraldo com a mecânica, e o dinheiro.

O curioso é que no início o nome da empresa não era WEG, e sim, Eletromotores Jaraguá. Mas como cada motor fabricado tinha uma etiqueta metálica escrita WEG, que são as iniciais dos fundadores, os clientes começaram a chamá-la por esse nome.

Assim, a Eletromotores Jaraguá passou a se chamar Eletromotores WEG e em breve virou só WEG.

A esposa de Eggon recorda do momento onde entraram pela primeira vez na primeira fábrica da empresa: “Na primeira vez que entramos na WEG 1, o Eggon falava para mim que um dia a rua seria fechada, pois tudo ali ia ser WEG, dos dois lados da rua. Eu pensava: coitado, sonha alto”, “Mas, por outro lado, eu o admirava muito. Ele sempre falava: ‘eu me cerco de pessoas melhores do eu, mais inteligentes’. Eu não falava nada, mas pensava: onde ele vai encontrar pessoas mais inteligentes do que ele? Para mim, ele era o maior visionário de Jaraguá”, completa.

Com as novas instalações, a WEG estava pronta para acelerar o seu crescimento, mas, um outro problema ia acabar surgindo em breve: a falta de Mão de Obra qualificada. Para resolver essa questão, a companhia inaugurou em 1968 o Centro de Treinamento WEG, com o objetivo de capacitar seus colaboradores e formar novos talentos

Na década de 70 a empresa catarinense deu um salto.

Anos se passaram e a WEG não parou mais de crescer. As fronteiras de seus negócios já não mais existiam.

Ela passou a exportar seus produtos para mais de 20 países, abriu o seu capital na bolsa de valores, inaugurou sua segunda planta industrial e atingiu a importante marca de 1 milhão de motores produzidos.

Laura também recorda um momento durante a escolha do terreno para construção da WEG II, quando os sócios foram visitar o local num sábado, junto às esposas. Ela conta que uma delas chegou a comentar “vai ser uma fábrica ou uma cidade?”, pois achavam a área grande demais.

Infelizmente, os ventos favoráveis da economia acabaram na década seguinte, com o Brasil enfrentando um período turbulento de hiperinflação, aumento das taxas de juros e recessão, que ficou conhecido como a “década perdida".

Com a queda nas vendas, a WEG precisou se adaptar e pra fazer isso, eles apostaram as fichas numa estratégia de verticalização e diversificação, indo 100% contra as tendências de mercado da época.

Eles inauguraram várias unidades de negócios: a WEG Acionamentos, a WEG Máquinas, a WEG Transformadores, a WEG Química e a WEG Automação.

Com isso, a ideia não era só vender o motor, mas tudo o que engloba ele. Assim, eles passaram, aos poucos, a produzir sistemas elétricos industriais completos.

Nesse meio tempo, uma mudança importante aconteceu.

Em 1989, após comandar a companhia desde a sua fundação, Eggon passa o bastão para seu filho, Décio da Silva. Com isso, o trio de fundadores deixa a diretoria e vai para o conselho de administração.

Modelo de Negócios

Como você viu aqui em cima a WEG não faz apenas motores, ela produz tudo o que um motor tem, a WEG tem várias empresas dentro do seu portfólio mas acho que podemos separá-las em 4 áreas de negócios.

  • Equipamentos Eletrônicos Industriais
  • Geração, Transmissão e Distribuição
  • Motores Comerciais e Appliance
  • Tintas e Vernizes

Vamos falar um pouquinho sobre cada um deles.

Equipamentos Eletrônicos Industriais

Caso você não saiba, os motores podem ser divididos em: motores de alta tensão, média tensão e baixa tensão. Além disso, ela também fabrica os componentes elétricos, como os disjuntores, por exemplo, tanto dos motores como os gerais.

Aí você pensa que acabou, e eu te digo que tem mais. Ela ainda fatura com serviços de manutenção nos equipamentos e produtos que ela mesma fabrica.

Fora que quando uma empresa necessita de mais eficiência, a WEG também realiza projetos de automação.

Nessa linha de negócio os principais clientes são fabricantes de equipamentos, esses fabricantes usam o motor fabricado pela WEG pra poder aplicar em seus produtos. A Schulz por exemplo, uma empresa da bolsa também, usa os motores da WEG em seus compressores de ar.

São quatro os grupos de motores e vamos comentar sobre eles aqui:

  • Motores de uso geral: São os motores usados em várias máquinas industriais como tornos, prensas, injetoras, máquinas de corte e esteiras).
  • Motores de uso específico: Esses são os usados especificamente em compressores (aqueles da Schulz lembra), bombas, motosserras e motores “IEEE 841”, que são motores que com padrão estabelecido pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers para serem usados em petroquímicas.
  • Motores para ambientes agressivos: Esses são os motores mais resistentes, feitos para atender normas de segurança. Nesse grupo entram os motores à prova de explosão, motores de segurança aumente e motores não acendíveis. Muito usados em plataformas de petróleo, indústrias químicas e bombas de combustível.
  • Motores de alta tensão: Esses você consegue apenas por encomenda, são mais caros mas tem um público específico que necessita desses motores, como a indústria de mineração, petroquímicas e indústrias de papel e celulose.

Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Aqui encontramos a segunda maior fatia da receita da WEG. Por aqui encontramos tudo o que uma usina precisa para gerar energia, desde geradores até aerogeradores. Tudo o que você imaginar dentro desse assunto eles fabricam.

No caso de pequenas estações de energia eólica e solar a WEG desenvolve o projeto, executa a obra e faz toda a instalação, faz tudo e só entrega a chave pro dono.

A WEG também atua na geração distribuída, que é quando a energia gerada vai ser usada no mesmo local ou perto dali. Casa e prédios são bons exemplos disso. A WEG vende o kit completo, e aqui temos o primeiro produto que não é produzido por ela, os painéis solares desses kits, além do painel o kit vem com um inversor de frequência, a estrutura de fixação e os materiais elétricos para fazer a instalação.

A empresa faz o treinamento dos integradores, que são as empresas especializadas em vendas, instalação e assistência técnica dos painéis solares. No momento, são mais de 300 integradores certificados pela empresa no Brasil.

Motores Comerciais e Appliance

Aqui você vai encontrar os motores monofásicos, são os que vemos nos nossos eletrodomésticos. Máquinas de lavar, ar condicionado, cortadores de grama, bombas de água, ventiladores.

Esse braço da WEG é mais presente no Brasil e aqui na América Latina mesmo, a empresa até tem fábricas na China mas como você deve imaginar a concorrência nessa especialidade por lá é absurda, são mais de 2.000 concorrentes.

Tintas e vernizes

A WEG numa estratégia de fechar o cerco com tudo dentro de seus próprios braços inovou ao lançar a linha de tintas e vernizes. Pode parecer meio fora de escopo mas pensa no seguinte, a WEG já fabricou mais de 19 milhões de motores.

Imagina que cada cliente pinta os produtos com suas cores, não faria sentido não aproveitar esse espaço e criar o segmento. A WEG tem a confiança de todos, então a adesão aos produtos aqui não seria impeditivo.

Por aqui você vai encontrar tintas tanto líquidas como em pó, vernizes eletroisolantes (esses são bem usados nos motores elétricos), esmaltes e lacas. Do fabricante de fogões e geladeiras ao estaleiro fabricante de navios, todos vão acabar comprando com a WEG.

Ainda tem mais uma nova vertente aqui nesse segmento, mas essa eu vou guardar segredo, o bom é que você pode descobrir qual é no relatório completo sobre a WEG no VBOX.

Além disso, se você quiser descobrir se vale a pena ou não comprar WEG hoje, temos nossas Carteiras Recomendadas VAROS. Assinando uma delas (exceto na Carteira Fator), você ganha acesso ao nosso VBOX.

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O VBOX é uma plataforma onde você encontra análises completas das empresas da bolsa. Inclusive com detalhes que você não vai encontrar em nenhum lugar, assim como esses que eu trouxe aqui sobre a história da WEG.

Além do relatório temos um documentário sobre a empresa pra você se sentir na sua plataforma de streaming preferida no conforto da sua casa (Acredite em mim, você vai querer maratonar todas as empresas no fim de semana). Além disso, a gente te mostra todo o cálculo do valor justo da empresa, também em vídeo, linha por linha, pra você saber o que tá acontecendo no meio de tantos números.

Espero que você tenha gostado deste artigo e se gostou talvez goste do artigo sobre uma outra gigante brasileira, essa atua no agro, estamos falando da SLC Agrícola.

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