Eu vou fazer um leilão
Por Matheus Nóbrega
Os leilões de transmissão passam por um período bem delicado.
De 2009 até 2016, o deságio médio (diferença entre o preço de um bem e o seu valor real) dos leilões ficou na casa dos 20%. Já de 2017 até 2021, esse valor saltou para 49%. O número de concorrentes também saltou. No primeiro período citado, o número de concorrentes por lote era de 1,7. Já no segundo, esse número aumentou mais de 4 vezes, chegando a 7,5 concorrentes.
No último leilão, por exemplo, a Taesa (TAEE11) — que é uma grande concorrente da ISA CTEEP (TRPL4) — arrematou os dois maiores lotes (bloco 5 e 3), mas a rentabilidade do projeto não foi tão boa. Ambos os lotes foram arrematados com um deságio muito elevado: o bloco 5 com deságio de 34,2% da RAP e o bloco 3 com deságio de 47,9%.
De acordo com o BTG, se a Taesa conseguir reduzir o investimento pra construção desses lotes em 20% e antecipar a construção das linhas em 1 ano, a taxa de retorno real seria de 4,4% pro bloco 3 e 3,7% pro bloco 5. E é bom lembrar que um Título do Tesouro (o investimento "mais seguro" do país) anda pagando hoje mais ou menos IPCA + 6,4%. Isso só mostra que os leilões não estão nada atrativos.
Essa grande concorrência nos leilões fez com que eles ficassem bem menos rentáveis do que eram. Por conta dessa rentabilidade baixa, a tendência é que, nos próximos leilões, as empresas manifestem menos interesse. Como consequência, a concorrência deve diminuir e esses lotes vão voltar a ser mais atrativos. É uma bola de neve ao contrário.
A ISA CTEEP não divulga uma previsão de crescimento para os próximos anos. Por conta disso, fica mais difícil projetar o seu crescimento, considerando que os novos projetos têm saído com uma rentabilidade muito baixa. Ainda bem que já deixamos tudo pronto e calculado para vocês lá no VBOX de TRPL4. E não só mostramos o cálculo do crescimento, mas mostramos toda a história e operação da empresa, para chegarmos em um valor que faça total sentido!
Mas já dando um spoiler , a nossa ideia foi projetar a Receita da companhia até o vencimento da sua última concessão de linha de transmissão.
Você pode até pensar:
- Ué, vocês acham que a ISA CTEEP vai acabar?
Na verdade, não é bem isso. Projetar somente até o vencimento da última concessão é o mesmo que dizer que, caso a TRPL faça novos investimentos, o Valor Presente Líquido (VPL) deles vai ser igual a zero.
Dadas as baixíssimas rentabilidades dos últimos leilões de transmissão de energia, se o jogo não virar, a realidade é que novos projetos vão adicionar pouquíssimo valor à empresa, se não acabarem por destruir valor para os acionistas.
Por conta dessa nossa escolha mais conservadora, a gente tem que ficar de olho nos próximos passos da companhia. Ainda mais agora em um cenário de taxas de juros altas e um novo governo mais protecionista.
😎Fala Dudu!
Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói
Por @dudufromniteroi
Bom dia.
Segue, em anexo, a carta da NAM desta semana.
Att,
Novo Fundo da NAM - Nesta semana vimos que a ANCINE autorizou a captação de R$ 170 milhões. Como ultimamente a captação do NAM Master tá meio fraca, e eu quero aumentar os meus gastos, estou anunciando o lançamento do mais novo fundo da casa: O Nikiti-Filmes FIC FIM.
Basicamente, vamos captar recursos para a produção de mega projetos audiovisuais, como a história da minha vida, a história do maior jogador de futevôlei de Niterói (eu) e a história do maior processo seletivo da história (conduzido por mim, 12 mil candidatos e 1 estagiário contratado como PJ).
É um pássaro? É um avião? - Esses dias apareceu um objeto estranho sobre uma área militar dos EUA, no Estado da Hannah (Montana). O exército dos EUA já concluiu que era um balão chinês e estava sendo usado para espionagem.
Enquanto isso, a China confirmou que o balão era dela, mas era só um aparelho pra medir o clima, que saiu da rota.
Não é só porque eu achei um erro no Excel, que este erro foi causado por um estagiário. Às vezes o Excel pode ter errado sozinho ou o estagiário atrapalhou minha vida deliberadamente, como retaliação ao meu feedback de que ele não tomou banho.
Seja como for, os EUA derrubaram o troço e vida que segue.
REMOVIDO A PEDIDO JUDICIAL - A maior característica do antigo governo era dar palco pra maluco. A questão é que até hoje uns malucos não querem deixar o holofote.
Nessa semana, o senador ex-SWAT e youtuber, Marcos do Val, disse que foi convidado pelo deputado careca, Daniel Silveira, para ser um herói da pátria e conspirar contra o outro careca, Alexandre de Moraes. Isso com a presença do ex-presidente Bolsonaro ouvindo tudo e deixando rolar.
O senador disse que foi até o ministro do STF delatar o ocorrido (só não queria assinar nem realizar uma denúncia formal). Porém, só agora ele trouxe o assunto para a mídia.
Ao ser indagado, nosso Ministro disse que essa tentativa de golpe foi "tabajara", em clara ofensa a esta sólida corporação. Tivemos acesso à informação de que as Organizações Tabajara processaram o Ministro Alexandre, que processou de volta e prendeu todo mundo, menos Hélio de la Peña, pois ele é o mais legal.
Voltamos em instantes com mais informações.
A FESTA DA DEMOCRACIA - Pra encerrar, semana passada o presidente da Câmara, Arthur Lira foi reeleito para mais 2 anos. Ele bateu o recorde do século (De Michel Temer) e da história (de Ibsen Pinheiro).
Lira recebeu 464 votos, enquanto Chico Alencar recebeu 21 votos e Marcel Van Hattem, 19, ambos representando a relevância de seus partidos.
O presidente reeleito disse que o Brasil "não tem mais espaço para aqueles que atentem contra os poderes". Claro, só quando não estivermos em período eleitoral.
Bom dia, meus sobrinhos.
É só uma gota em um oceano…
Por Saulo Pereira e Misael Guedes
Imagine fazer mais de 200 exames e detectar diversas condições médicas, como câncer e leucemia, com apenas uma pequena amostra de sangue. Parece incrível não?
Esse era o projeto de Elizabeth Holmes, uma jovem cientista de Washington, nos Estados Unidos. Acontece que esse projeto foi de unicórnio meteórico a uma das maiores fraudes bilionárias (e virou uma série, como toda boa fraude grande).
Hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a história da Theranos e de sua criadora.
Elizabeth Anne Holmes nasceu em 1984, em Washington. Sua mãe, Noel (sim, mamãe Noel existe), era funcionária do comitê do Congresso. Seu pai, Christian Rasmus Holmes IV, era vice-presidente da gigante de energia Enron, aquela empresa lá envolvida em um gigante esquema de fraude contábil que foi à falência. Imagina qual o livro de cabeceira de Christian…
Desde cedo, Holmes já mostrava interesse em tecnologia e dizia a parentes que queria ser bilionária quando crescesse. Pra traçar o caminho, Elisabeth começou a estudar engenharia química em Stanford. Mas ela largou a faculdade em 2003, aos 19 anos, para criar a Theranos. Nessa mesma época, ela começou a namorar com Ramesh Sunny Balwani, 20 anos mais velho que ela, que seria o seu parceiro de negócios na empresa.
A proposta era mudar todo o curso da medicina. A ideia era baseada na criação de um aparelho capaz de realizar muitos exames e detectar condições médicas, como câncer. Isso tudo com apenas uma pequena amostra de sangue, como uma gota.
A Theranos começou a arrecadar dinheiro de investidores famosos e importantes. Não foi de qualquer jeito, já que ela sabia como vender muito bem. Ela se inspirava nas estratégias do seu ídolo, Steve Jobs, e até copiava o modo dele se vestir, assim como as apresentações de Jobs em eventos midiáticos. No livro Bad Blood, de John Carreyrou, um funcionário contou que ela fez todos na empresa lerem a biografia do Steve Jobs, e que ele sabia em qual capítulo do livro Elizabeth estava, com base na época da vida de Jobs ela estava tentando representar.
E como já dizia o velho ditado, "quanto mais mídia você atrai, mais mídia você acaba atraindo". Holmes dava palestras em eventos TED e até participou de painéis com BIll Clinton e Jack Ma. Com todo esse holofote, Holmes levantou mais de US$ 700 milhões, no total. Só que ela sempre tinha duas condições: não revelar como a tecnologia da Theranos funcionava e não dar todas as cartas no negócio.
Apesar dessas condições completamente duvidosas, ela continuou a surfar no hype. A situação era tão bizarra que até mesmo sua voz era falsa, para que pudessem levá-la à sério. Outra coisa falsa na vida de Elizabeth era o produto da sua empresa, a máquina simplesmente nunca funcionou. Ela levou o ditado "fake it until you make it" até os últimos dias da sua empresa.
A máquina, capaz de avaliar várias doenças rapidamente, foi batizada como Edison. Seu formato e tamanho eram iguais a um computador, e a ideia era que qualquer um pudesse ser diagnosticado com agilidade, a um preço acessível, sem precisar de diferentes máquinas e uma enorme quantidade de sangue.
A ideia era excelente, porque muitos lugares pobres e remotos do mundo poderiam se beneficiar dessa nova tecnologia, mas a máquina simplesmente não cumpria o prometido. A cada teste os resultados eram totalmente fora da realidade, e Elizabeth queria que seus engenheiros e biomédicos fizessem milagres para que o negócio funcionasse. Porém era impossível, porque além da interferência dos equipamentos internos entre si, a quantidade de sangue não era suficiente para determinados exames. E qual foi a solução da Theranos? Diluir as amostras de sangue, mas nem assim os resultados saíram com a precisão que deveriam.
É possível medir a glicose de uma pessoa com uma gota de sangue, porém em outros exames é necessário uma quantidade maiora. Segundo um artigo da American Journal of Clinical Pathology, gotas de sangue possuem concentrações diferentes de algumas substâncias se comparadas a maiores quantidades de sangue. Esse era um dos motivos pelo qual a máquina da Theranos nunca funcionou.
Mesmo com evidências de que o seu produto não funcionava, Elizabeth simplesmente ameaçou demitir os seus funcionários caso eles não apresentassem os resultados que ela esperava (bem negacionista, não?!). Ela só queria que o seu produto estivesse disponível para a população a todo custo, e em 2013 a Theranos fechou uma parceria com a rede de farmácias Walgreens. Mesmo com o próprio cientista-chefe da empresa, Ian Gibbons, alertando Holmes que os testes não estavam prontos para o público.
Elizabeth era um gênio do mal e com todo seu charme e persuasão conseguiu colocar na mente de todo mundo que o seu produto funcionava apenas com alguns poucos testes (que eram bem duvidosos na época). Os primeiros serviços da Theranos aconteceram em setembro de 2013 e poucos meses depois já estavam sendo expandidos para outras lojas.
Essa pressa para colocar à venda o seu produto no mercado foi fundamental para que todo o império de Elizabeth Holmes fosse por água abaixo. Nos primeiros meses de funcionamento diversos resultados assustavam quem utilizava este serviço. Pacientes perfeitamente saudáveis eram diagnosticados com doenças e o contrário também era bem comum.
Digo "serviço" porque nenhuma máquina Edison chegou de fato a ir para as lojas. Os pacientes iam até as farmácias para a coleta da gota de sangue e esse sangue era transportado para a Theranos. Lá eles eram diluídos e os testes utilizados eram os testes que todo mundo já conhecia.
Imagine você receber um exame dizendo que tem câncer e isso não ser verdade? Pois era isso que rolava!
Erika Cheung era uma das funcionárias da Theranos e foi fundamental para mostrar a farsa da empresa. Ela ficou totalmente assustada com os métodos que eles utilizavam e os resultados que a máquina Edison apresentava. A gota d'água foi quando a empresa fraudou um relatório da fiscalização, para poder continuar operando em pacientes.
Erika, que ficou preocupada com a situação, reuniu todas as evidências e as apresentou para a diretoria da empresa. Ela apenas ouviu um: "você tá falando besteira e deve apenas fazer o que é paga pra fazer" (uma conversa muito animadora, né?).
Ela não deixaria passar barato. Assim, decidiu conversar com o seu colega de trabalho, Tyler Schultz (que por coincidência era neto de George Schultz, um dos membros do conselho da empresa). Eles chegaram a ir até a casa do avô de Tyler para alertá-lo sobre a situação, mas, de novo, foram apenas ignorados.
Anos depois, quando o jornalista do Wall Street, John Carreyrou, estava investigando a empresa, ele entrou em contato com Erika para dar o seu depoimento. A Theranos não gostou nada disso e passou a intimidar todos os ex-funcionários para não depor. A própria Erika percebeu que estava sendo seguida e decidiu denunciar a empresa após consultar um advogado.
Depois disso, a empresa recebeu algumas visitas-surpresa da fiscalização, que confirmaram as denúncias de Erika. Como resultado, a Theranos ficou impossibilitada legalmente de realizar testes em pacientes.
Mas o começo do fim da Theranos foi quando uma matéria com várias denúncias foi publicada pelo The Wall Street Journal, em 2015. Ironicamente, o dono do jornal, Rupert Murdoch, também era investidor da Theranos e membro do conselho da empresa. Elizabeth inclusive o abordou constantemente para que a matéria não fosse publicada, mas ele lavou as mãos.
Durante os anos seguintes, a jovem empreendedora ficou negando as acusações. Ela inclusive soltou as seguintes aspas:
"Isso é o que acontece quando você trabalha para mudar as coisas! Primeiro eles pensam que você é louco, depois brigam com você e, de repente, você muda o mundo" - HOLMES, Elisabeth - após ser pega no pulo por vender uma tecnologia que não funcionava.
Enquanto isso, a empresa enfrentava várias investigações dos órgãos federais. A Forbes revisou a estimativa de valor de Holmes, em junho de 2016. Antes bilionária, agora ela valia um total de zero dólares. Pra dar uma tranquilizada, naquele mesmo ano Holmes se separou de Balwan, após expulsá-lo da empresa.
Já em 2018, a Theranos anunciou que Holmes estava deixando a presidência da empresa. No mesmo dia, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou que um grande júri federal estava acusando Holmes, junto com Balwani, de várias fraudes eletrônicas.
Porém, o julgamento foi apenas alguns anos depois, em 2022. A defesa de Beth não conseguiu convencer que ela era inocente. Assim, ela foi condenada a mais de 11 anos de prisão. Seu ex-marido também foi julgado e condenado a passar 13 anos no xadrez. O motivo da condenação foi o mesmo: fraude. Eles venderam uma tecnologia que revolucionaria o mundo, mas que, na verdade, era mais uma gota no oceano.
A história de Elizabeth Holmes foi transformada no documentário, "The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley" (2019). Também foi contada na minissérie "The Dropout", disponível no Star+, no Brasil.
Vai Se Tratar Garota
Por Thiago Duarte
Que as mídias sociais estão tentando te colonizar, provavelmente você já sabe. O que você não deve saber é que uma delas tá conseguindo fazer isso com mais eficiência que as outras. A rede social das dancinhas, o TikTok.
A média global de minutos gastos por dia no Tik Tok é quase tanto quanto a do Facebook e Instagram somados. E isso é muito tempo! O algoritmo e a interface de usuário do TikTok são tão eficazes em manter as pessoas viciadas, que todas as outras empresas tentaram copiar o seu formato (por exemplo, Instagram Reels, YouTube Shorts, Snap Spotlight).
O que acontece é que no século XXI, a nossa atenção é o bem mais escasso e valioso do mercado. E estas empresas empregam os melhores engenheiros, designers, especialistas em marketing de produtos e especialistas em interface de usuário do mundo.
Tudo isso para nos levar a passar o máximo de tempo possível nos seus mundos digitais.
A coisa é tão bizarra que ultimamente tem rolado no app uma corrente para prender a atenção dos usuários, usando cortes de piadas do desenho animado Family Guy combinados com filmagens silenciosas de jogos de celular ou vídeos sensoriais de ASMR, que ganhou o nome Family Guy Pipeline.
Inicialmente essa combinação do Family Guy com outros vídeos começou como uma forma de se esquivar das limitações de direitos autorais. O problema é que essa combinação virou um monstro multi-sensorial engolidor de dopamina, que coloniza o seu cérebro, como uma espécie do cordyceps, da série "The Last of Us" 🤓
Por si só, cada um destes clipes é construído propositadamente para agarrar e prender a sua atenção. Combinados, eles formam um tipo de conteúdo digital que é perfeitamente construído para proporcionar 30-60 segundos de entretenimento bobo, que te suga pra um mundo paralelo onde o tempo passa mais devagar. Até que você para de mexer e percebe que se passou meia hora.
Mas por que o TikTok é tão mais eficaz que as outras redes em prender sua atenção?
A resposta é uma só: o algoritmo.
Ele é simplesmente inigualável em dar aos usuários exatamente aquilo que eles querem ver.
O melhor jeito de compreender o algoritmo do TikTok vem de Eugene Wei, um veterano da tecnologia e comentador da indústria, amplamente conhecido.
Basicamente, o algoritmo já começa a definir o que você gosta com base no seu comportamento dentro do app. O que você vê e por quanto tempo vê são relevantes pra te mostrar mais vídeos parecidos.
Além disso, o design do app é único. Com esse formato de apenas um vídeo de cada vez, a interface tem uma utilização super fácil. Se a gente comparar isso a outras redes, a gente vai encontrar um scroll infinito de conteúdos, só que bem mais poluído. Até pro algoritmo fica mais difícil de ver o que o usuário gostou, já que também fica mais difícil pro próprio usuário demonstrar isso.
Com essa informação menos precisa sobre o que o usuário gostou, o algoritmo das outras redes dá um resultado pior que o do TikTok, que rapidamente compreende sua preferência e te serve com mais conteúdos semelhantes na "For Your Page" (FYP).
Lembra do Family Guy Pipeline que a gente acabou de falar sobre? O canal Savantics fez a experiência de criar uma conta do zero no TikTok pra ver quanto tempo levaria para a FYP começar a recomendar essa corrente.
Depois de assistir a um vídeo inteiro do Family Guy (sem deixar um comentário ou like), a FYP mostrou outro vídeo parecido, que foi assistido por alguns segundos. Bastou 30 minutos para a conta ser inundada com vídeos da Family Guy Pipeline. Impressionante, não?
Este fenômeno aponta para outra vantagem do TikTok: a sua poderosa ferramenta de edição de vídeo, que dá aos usuários um mini-estúdio fácil de mexer. Principalmente para fazer duetos e combinar um vídeo com outro.
Sem contar que a Byte Dance, dona do app, também é dona do CapCut, outro app que facilita muito a vida do editor amador. Agora, a concorrência tem um app de edição parecido?
A resposta é não.
Isso contribui pra mais uma coisa: os comportamentos de massa e a criação de memes instantâneos, como a dança da Wandinha Adams (o viral do último mês), com uma música que nem da série era. Os memes podem surgir de basicamente qualquer coisa, e o app ainda facilita a busca por eles.
E a gente sabe que, quando um hack de atenção funciona na Internet, ele é usado até desgastar. O próprio Savantics encontrou um monte de contas controladas por bots postando vídeos da Family Guy Pipeline.
O problema é que isso tem um lado bem sombrio.
Eu sei que as pessoas gostam de ser distraídas e o TikTok está longe de ser a primeira distração digital.
O brasileiro médio vê algo como 5 horas de televisão por dia. E, mesmo quando estamos vendo TV ou Netflix, geralmente a gente checa o celular a cada 15 minutos, seja pra verificar uma notificação do WhatsApp ou outra rede, pra pedir um Ifood ou só pelo hábito de pegar o telefone.
Mas o TikTok é o predador de topo de cadeia da nossa atenção. Ele é o "Galactus", mas em vez de planetas, o que ele come é a atenção humana.
E é agora que o assunto fica polêmico. Afinal, temos que falar do ´bode na sala e a razão pela qual devemos nos preocupar com isso: O app tá transformando seu cérebro numa geléia.
Memória e capacidade de foco e atenção são habilidades que devem ser treinadas por meio de utilização constante. Só parar para reparar. Até a capacidade de escrever das pessoas está ficando limitada, com tanto app fazendo autocorreção dos textos. Às vezes você está certo e duvida daquilo, só porque o app sublinhou a palavra que você escreveu.
O TikTok, porém, mais do que qualquer outra coisa, foi concebido para lhe dar o que deseja, exigindo que você faça o mínimo de esforço possível. Essa natureza passiva do conteúdo é que causa atrofia da sua atenção e memória.
Agora, se isso faz mal para os adultos, imagina o que faz na cabeça de jovens cérebros em desenvolvimento, que são o maior público do app?
A Bytedance é chinesa. O algoritmo do app é tão potente, que o próprio governo chinês tem limitado o seu uso no país. A primeira indicação de que o Partido Comunista Chinês está ciente da influência maligna do TikTok sobre as crianças é que é proibido o acesso indiscriminado do app às crianças chinesas.
E olha, a coisa só vai piorar por aqui.
Não vai demorar muito até que as ferramentas bombadas por Inteligência Artificial (IA) passem conteúdos pro TikTok. Imagina só: o app já tem as melhores ferramentas de criação de vídeo e a melhor maneira de fornecer conteúdo individualizado. Coloque IA na mistura e haverá muito mais que milhares de piadas de Family Guy na sua timeline pra colonizar sua atenção e comer o seu cérebro.
Parece até um filme de terror, não? O "Aplicativo Comedor de Cérebros" ou "A Arma Chinesa Controladora de Mentes". Dá uma boa corrente, hein.
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
“Riqueza não é sobre ter muitas opções. É sobre ter muitas opções” - Chris Rock, que comemora 58 anos hoje.
“Não ganhe o mundo e perca sua alma. Sabedoria é melhor que prata e ouro” - Bob Marley, que faria 78 anos nesta semana.
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e [...]
Boa semana e bons negócios!
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