Diário de Omaha

O Legado de Abilio Diniz no Grupo Pão de Açúcar - Diário de Omaha 90

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Leandro Siqueira

Leandro Siqueira

Estrategista de Investimentos, Co-fundador da Varos

O Legado de Abilio Diniz no Grupo Pão de Açúcar

Por Leandro Siqueira

O empresário brasileiro Abilio Diniz, figura de destaque no cenário empresarial do país, faleceu no último domingo (18), aos 87 anos. Seu nome ficou associado ao sucesso do Grupo Pão de Açúcar, uma história marcada por desafios e superações. Um dos episódios mais marcantes foi a disputa com Jean-Charles Naouri, controlador do grupo francês Casino, que teve repercussões significativas na trajetória do GPA (PCAR3).

Valentim dos Santos Diniz, pai de Abilio, fundou a Doceira Pão de Açúcar em 1948, em São Paulo, iniciando uma jornada de sucesso que culminaria na criação de um império varejista. A partir de 1959, a família inaugurou a primeira loja de supermercado, ao lado da doceria, e a partir daí o negócio prosperou. Com uma estratégia de trazer inovações do exterior para o Brasil, Abilio desempenhou um papel crucial na expansão do GPA.

primeira loja do pão de açúcar

No entanto, a disputa de poder entre os herdeiros levou Abilio a se afastar do negócio por 10 anos. Nesse período, o GPA enfrentou dificuldades, mas o empresário foi chamado de volta para salvar a empresa da falência. Sua reestruturação do GPA na década de 90 foi fundamental para o sucesso posterior do grupo.

Em 1999, o Casino (EPA: CO), um dos maiores conglomerados de varejo da Europa, comprou 24,5% das ações do Pão de Açúcar por US$ 854 milhões. Essa parceria estratégica foi essencial para enfrentar a concorrência internacional, mas também marcou o início de uma rivalidade intensa entre Abilio e Naouri.

A disputa entre os dois empresários atingiu o auge quando Abilio tentou, sem sucesso, uma fusão com o Carrefour. O conselho de administração do Casino rejeitou a proposta, e Naouri considerou a atitude de Abilio uma traição. Uma batalha legal e jurídica se seguiu, com os dois lados gastando quase $ 1 bilhão de dólares em consultores e advogados.

Imagem da capa de revista

A intervenção do professor de Harvard, William Ury, foi crucial para resolver o conflito. Após cinco dias de negociações, Abilio aceitou trocar suas ações ordinárias por preferenciais, renunciar à presidência do conselho do GPA e receber uma compensação financeira. No entanto, ele deixou o negócio mordido, vendo Naouri tornar-se o controlador da empresa fundada por sua própria família.

No entanto, Abilio não permaneceu afastado do setor de varejo por muito tempo. Em 2014 investiu no Carrefour Brasil e tornou-se o terceiro maior acionista do Carrefour global. Sua sede de vingança pareceu diminuir quando Naouri perdeu o controle do Casino em 2023, e o conglomerado enfrentou uma crise financeira.

A história de Abilio Diniz é um exemplo de persistência, inovação e capacidade de superar adversidades. Seu legado no Grupo Pão de Açúcar é indiscutível, mas também é marcado pela rivalidade com Jean-Charles Naouri, que moldou significativamente sua trajetória empresarial. No VBOX temos uma série sobre o GPA, onde você terá mais detalhes dessa história e poderá conferir o valuation completo da empresa.

Divulgação VBOX

As principais notícias da semana

Por Saulo Pereira

Bom dia, meus amigos.

Agora que o Carnaval já passou, podemos dizer que o ano finalmente começou de verdade. Vamos aos trabalhos!

Errei, fui mlk - durante a cúpula da União Africana, o presidente Lula comparou os ataques a Gaza ao Holocausto. O governo de Israel como resposta chamou o presidente brasileiro de "persona non grata". A exigência do governo do país asiático é que Lula se retrate e peça desculpas, coisa que provavelmente não vai acontecer, segundo os bastidores.

Além disso, para a ala política do governo, o presidente passou do ponto na sua fala, mas Israel também exagerou ao declarar Lula "persona non grata".

Vale lembrar que não é a primeira vez que um presidente causa um mal-estar diplomático por não filtrar o que fala. Em 2019, o ex-presidente Bolsonaro deixou o governo francês bastante incomodado ao chamar a esposa do presidente Macron de feia. Pelo menos dessa vez o mal-estar não é com um país que pode afetar uma parcela significativa das nossas exportações.

O cerco está fechando - a Polícia Federal intimou o ex-presidente Bolsonaro a depor sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. O depoimento foi marcado para o dia 22 de fevereiro, às 14h, em Brasília.

No dia 8 de fevereiro, o ex-chefe do executivo e aliados já haviam sido alvos da PF. A operação ganhou corpo após o vídeo de uma reunião ministerial realizada no dia 5 de julho de 2022. Para o próximo dia 25 de fevereiro, Bolsonaro convocou apoiadores para uma manifestação na avenida Paulista, em São Paulo.

Além disso, ele pediu que seus apoiadores não levem faixas com críticas às autoridades. Muito provavelmente Bolsonaro já não aguenta mais ser acordado às 6h da manhã pela PF a mando do ministro Xandão.

Começou a recessão no Japão - no mesmo dia em que terminou o Carnaval no Brasil, começou a recessão japonesa. O país, que já foi a segunda maior economia do mundo até 2010, acabou de perder mais uma posição e caiu de terceiro para quarto no ranking mundial.

O PIB (Produto Interno Bruto) do país asiático encolheu 0,4% nos últimos 3 meses de 2023. Foi a segunda queda consecutiva da economia japonesa. No trimestre anterior, a contração foi de 3,3%.

O resultado deixa o Banco do Japão numa situação complicada, já que ele não aumenta a taxa de juros desde 2007.

Enquanto uns choram, outros vendem lenços - no início deste mês, Robertinho Trader anunciou que o PIB brasileiro pode ultrapassar a casa dos 2% em 2024. Tudo vai depender dos fatores econômicos externos e internos. O controle da inflação e o equilíbrio fiscal nas contas públicas serão fundamentais para um crescimento do PIB.

Vale lembrar que a equipe econômica do governo Lula prometeu zerar o déficit do Brasil em relação ao PIB em 2024. Vamos acompanhar, pois promessas vindas do governo são que nem eu prometendo nunca mais voltar a beber, depois de uma ressaca.

10 milhões da maçãs vendidas - a Berkshire Hathaway (BVMF: BERK34) vendeu 10 milhões de ações da Apple (BVMF: AAPL34) no quarto trimestre do ano passado. O anúncio foi feito na última quarta-feira. A empresa do grandioso oráculo de Omaha, Warren Buffet, ainda continua possuindo mais de 905 milhões de papéis da Apple.

Além disso, a empresa se desfez de alguns outros investimentos, como a brasileira StoneCo (BVMF: STOC31). É importante lembrar que a empresa de Buffet possui autorização da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) para manter sigilo temporário em uma ou mais participações em outras empresas.

Cadê o paraquedas? - A Airbus (EPA: AIR), fabricante de aviões, divulgou na última semana uma queda de 11% no seu lucro no ano passado.

Segundo relatório divulgado pela companhia, a justificativa para ter tido este resultado foi o aumento das despesas com atividade espacial.

Em 2023 a empresa entregou 735 aeronaves, 74 a mais do que em 2022. A previsão para esse ano é da venda de aproximadamente 800 aeronaves. Além disso, ela reportou ter recebido impressionantes 2094 encomendas de aviões em 2023. Para efeito de comparação, em 2022 a empresa recebeu 820 encomendas.

Poderia, por favor, se retirar do meu país? - na Venezuela, funcionários do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU foram expulsos do país no último dia 15/02. A justificativa do governo para a decisão é que a instituição não é imparcial e se tornou um escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas.

O mais curioso é que a expulsão acontece logo após o Alto Comissariado do órgão ter se mostrado preocupado com a prisão da ativista venezuelana Rocío San Miguel, que é crítica do presidente Nicolas Maduro.

Vale lembrar que María Corina Machado, líder da oposição e adversária de Maduro nas eleições de 2024, foi impedida de concorrer à presidência do país.

Eleição, oposição e ditadura - na Rússia, o maior opositor de Vladimir Putin foi morto na última sexta-feira. Alexei Navalny era uma das principais vozes contra o regime de Putin. A menos de um mês das próximas eleições presidenciais do país, a morte de Navalny levantou suspeitas sobre a Rússia, nos países do Ocidente.

Diversos líderes desconfiam que Putin esteja por trás da morte do seu opositor.

Por hoje foi isso, minha gente. Nos vemos na próxima edição do Diário. Abraços do estagiário SBF.

Carro elétrico: onde está o verdadeiro problema?

Por Saulo Pereira

Representação de um carro elétrico com poluição ao fundo

Não é de hoje que o uso de carros elétricos é debatido no mundo. Diversas montadoras tradicionais vem buscando diversificar seus produtos, oferecendo também veículos elétricos. Isso vem acontecendo em parte por conta do status que um carro elétrico traz. Além disso, os carros elétricos ficam cada vez mais tecnológicos e exigem muito menos manutenção que veículos a combustão.

Para efeito de comparação, em uma cidade como São Paulo, o custo por quilômetro rodado de um carro à combustão é quase 3 vezes maior que o de um carro elétrico.

Talvez o principal argumento para a adoção desses carros seja o fato deles não emitirem nenhum tipo de poluíção na atmosfera diretamente. Governos do mundo inteiro já admitiram que planejam proibir carros à combustão nas próximas décadas. Acontece que nenhum projeto para proibição seguiu em frente.

Atualmente, proibir carros à combustão pode não ser a decisão mais inteligente a se fazer. Apesar dos elétricos não poluírem o meio ambiente, existem outros fatores que são deixados de lado nesse debate. Vamos entender alguns.

É fato que os carros no geral são um meio de transporte fundamental para a sociedade. Desde o surgimento dos primeiros automóveis até os dias atuais muitas coisas se desenvolveram graças a ele. A maior parte das pessoas precisa do carro para realizar atividades cotidianas, como ir ao supermercado, viajar ou levar alguém ao hospital.

Essa necessidade somada ao aumento populacional nas últimas décadas teve como resultado mais carros sendo produzidos anualmente. Para se ter ideia é estimado que hoje existam quase 1,5 bilhões de carros. Isso dá cerca de 1 carro para cada 5 habitantes. É muito carro! Com essa quantidade enorme de veículos, surgem diversos problemas para o nosso dia a dia, um deles é a poluição. Segundo a Universidade de São Paulo, esses veículos são responsáveis por 60% das emissões de gases poluentes nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

Outro problema é a dificuldade de deslocamento em grandes centros urbanos. Em São Paulo, por exemplo, somente em 2023, os paulistanos gastaram cerca de duas horas e meia por dia no trânsito. Já em Londres, as pessoas passaram o equivalente a quase 1 semana no trânsito.

Algumas soluções foram tomadas pelos governos para tentar resolver esse problema. Uma delas foi ampliaro as faixas de circulação. No Texas, por exemplo, foi construída a rodovia com mais faixas no mundo. Inicialmente problema pareceu ter sido resolvido. Mas poucos anos depois o congestionamento voltou a acontecer e pior que antes.

Este fenômeno é conhecido como tráfego induzido. Foi observado pela primeira vez por Robert Moses em 1942, após a construção de vias em Nova York. Anos depois outros estudos feitos apenas confirmaram que o aumento na capacidade das estradas levam a um crescimento quase proporcional do tráfego no período de alguns anos.

Vale ressaltar também que a cada ano que passa o número de acidentes de trânsito aumenta. Muitos desses acidentes acontecem por falha humana.

Obviamente os veículos elétricos não resolvem nenhum desses problemas de congestionamento e de acidentes. Acontece que especialistas temem que acidentes com carros elétricos possam ser piores que os com carros a combustão. Apesar disso, os veículos elétricos são benéficos para o meio ambiente porque não poluem, certo?

Chegamos agora no último fato. Não podemos negar que os carros elétricos são importantes para a descarbonização, mas é bom lembrarmos que a sua produção pode gerar outros problemas ambientais.

De nada adianta um veículo elétrico que seja abastecido por energia proveniente de combustíveis fósseis. No mundo hoje, a maior parte da energia elétrica gerada é a partir dessa fonte poluente. Então é possível que diversos carros elétricos sejam abastecidos com energia suja, o que em parte retira o propósito da ideia.

Além disso, com o aumento da demanda por esses veículos também aumenta a procura por matéria-prima, como lítio e cobalto. A extração desses materiais causa tanto problemas ambientais quanto humanos. A mineração do cobalto produz resíduos que são prejudiciais à saúde.

Do ponto de vista humano surge outro problema, uma vez que a maioria do cobalto do mundo vem do Congo, e até crianças trabalham no processo de mineração. A extração do lítio também pode ser prejudicial de algumas formas. A primeira é que ela requer grandes quantidades de água, o que pode esgotar os recursos hídricos locais, afetando tanto o ecossistema quanto as comunidades que dependem dessa água para sua sobrevivência.

Acrescente-se a isso, que , o processamento do lítio pode levar à liberação de produtos químicos tóxicos no meio ambiente, contaminando o solo, a água e o ar.

Outro impacto indireto que os veículos elétricos podem causar é na rede elétrica. Está previsto que mais da metade de todos os carros novos vendidos nos EUA até 2030 serão elétricos, o que pode aumentar a demanda doméstica por eletricidade em cerca de18% até 2030 e 38% até 2035, um salto significativo em comparação com o aumento ao redor de 5% na última década.

Sem dúvida isso exigirá dos governos altos investimentos para melhoria da rede de transmissão e distribuição de energia. Um Modelo 3 da Tesla, rodando cerca de 22.000 km por ano, por exemplo, pode consumir aproximadamente 10 vezes a quantidade de eletricidade que uma geladeira com alta eficiência consome.

No fim das contas, trocar carros à combustão por carros elétricos pode terminar sendo como trocar seis por meia-dúzia. Apenas postergando a solução do problema.

Um artigo publicado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) , mostrou que a tecnologia tem sido um fator estimulante para o uso do transporte público em algumas cidades chinesas, contribuindo significativamente para a redução do congestionamento. A conexão de bicicletas com sistemas de transporte público, por exemplo, é uma das medidas que têm mostrado resultados positivos na melhoria do trânsito.

É possível que daqui a alguns anos, com o avanço da tecnologia, consigamos resolver tanto o problema da emissão de gases poluentes na atmosfera quanto o problema de mobilidade das grandes cidades.

Vem com a gente descobrir quem são as gigantes de 2024!

Prédios altos em uma cidade

Você já parou para pensar quais são as empresas que estão dominando o mercado brasileiro e mundial em 2024? Pois é, a gente também ficou curioso e decidiu mergulhar fundo nessa pesquisa. O resultado? Um artigo fresquinho que lista as 10 maiores empresas do Brasil e do mundo este ano.

Então, se você também tem aquela curiosidade sobre o mundo dos negócios ou está buscando inspiração, esse artigo é para você. Prometemos que vai valer a pena.

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⏳ Atemporalidades

Leia agora, leve pra vida.

"Assim como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo." - Mark Twain

“Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo.” — Warren Buffett

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e [...]

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