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Análise Fundamentalista: Como fazer um bom valuation e lucrar

11min de leitura

Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

Introdução

Se você está interessado em investir na bolsa de valores, com certeza já ouviu falar sobre análise fundamentalista. Mas, afinal, o que é isso? Em resumo, a análise fundamentalista é uma técnica utilizada para analisar empresas e determinar o valor justo das suas ações.

Essa técnica é baseada em estudos profundos sobre o desempenho da empresa e sua relação com o mercado e a economia em geral. Neste artigo, vou mostrar como fazer uma boa análise fundamentalista e como isso pode ajudá-lo a lucrar no longo prazo. Os tópicos serão os seguintes:

  • Como ela surgiu?
  • Como fazer uma boa análise fundamentalista?
  • Quais são os principais fundamentos da análise fundamentalista?
  • Como fazer um bom valuation e lucrar no longo prazo

Como ela surgiu?

A análise fundamentalista tem suas raízes na teoria econômica clássica, que começou a se desenvolver no final do século XVIII e início do século XIX. Adam Smith, considerado o pai da economia moderna, escreveu "A Riqueza das Nações" em 1776, um livro que estabeleceu muitos dos princípios básicos da teoria econômica clássica.

A teoria econômica clássica é baseada na ideia de que o mercado é eficiente e que os preços dos ativos refletem todas as informações disponíveis sobre esses ativos. Essa ideia foi desenvolvida por economistas como David Ricardo e John Stuart Mill, que acreditavam que os preços dos ativos eram determinados pela oferta e demanda.

No entanto, essa visão começou a mudar no final do século XIX e início do século XX, quando economistas como Irving Fisher começaram a desenvolver teorias sobre a relação entre os lucros das empresas e seus valores de mercado. Fisher foi um dos primeiros a usar a análise fundamentalista para avaliar as ações de empresas e publicou "The Theory of Interest" em 1907, que incluía uma seção sobre a avaliação de ações.

Outro economista importante que contribuiu para o desenvolvimento da análise fundamentalista foi Benjamin Graham, que é considerado o pai do investimento em valor. Graham começou a ensinar a análise fundamentalista na Universidade de Columbia em 1928 e mais tarde escreveu o livro "Security Analysis" em 1934, que é considerado a bíblia da análise fundamentalista.

Graham também foi mentor de Warren Buffett, um dos investidores mais bem-sucedidos de todos os tempos e conhecido por sua abordagem de investimento em valor baseada na análise fundamentalista.

Nos anos 50 e 60, a análise fundamentalista se tornou cada vez mais popular entre os investidores institucionais, que usavam a técnica para avaliar empresas e selecionar ações para seus portfólios. Hoje em dia, a análise fundamentalista é amplamente utilizada por investidores individuais e profissionais em todo o mundo.

A análise fundamentalista é baseada na ideia de que o valor de uma empresa é determinado pelos seus fundamentos, como lucros, receitas, ativos, passivos, fluxo de caixa, perspectivas de crescimento e gerenciamento. Ao analisar esses fundamentos, os investidores podem determinar o valor justo de uma empresa e compará-lo com o seu preço de mercado.

A análise fundamentalista também leva em consideração fatores macroeconômicos, como taxas de juros, inflação, políticas governamentais e tendências do mercado. Esses fatores podem afetar o desempenho das empresas e, por consequência, o valor de suas ações.

Em resumo, a análise fundamentalista é uma técnica de investimento que se baseia na análise dos fundamentos de uma empresa para determinar o seu valor justo. Essa técnica teve suas raízes na teoria econômica clássica e foi desenvolvida ao longo do tempo por economistas e investidores, como Benjamin Graham e Warren Buffett. Hoje em dia, a análise fundamentalista é amplamente utilizada por investidores nas análises.

Como fazer uma boa análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é uma abordagem para avaliar o valor intrínseco de uma empresa, tendo como objetivo identificar oportunidades de investimento a longo prazo.

Para fazer uma boa análise fundamentalista, é necessário seguir uma metodologia estruturada, que permita avaliar a empresa em diversos aspectos e determinar o seu real valor de mercado. Nesta seção, vamos abordar os passos necessários para fazer uma boa análise fundamentalista.

  1. Entenda a empresa

O primeiro passo para fazer uma análise fundamentalista é entender a empresa em que você está interessado. Isso envolve pesquisar a história da empresa, sua visão, missão e valores, seus produtos e serviços, bem como sua posição no mercado. Você também deve estudar a estrutura da empresa, incluindo sua governança corporativa, administração e organograma.

  1. Analise o setor

Além de entender a empresa, é importante analisar o setor em que ela atua. Isso envolve estudar a concorrência, as tendências de mercado, a regulamentação e as oportunidades de crescimento do setor. É importante entender como a empresa se encaixa no setor e quais são seus principais desafios e oportunidades.

  1. Avalie as finanças

A avaliação das finanças é uma parte fundamental da análise fundamentalista. Isso envolve estudar os principais indicadores financeiros da empresa, como receita, lucro líquido, fluxo de caixa, endividamento, margem bruta, entre outros. Você também deve analisar as demonstrações financeiras, como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa, para entender a saúde financeira da empresa.

  1. Analise os fundamentos

A análise dos fundamentos da empresa é uma parte importante da análise fundamentalista. Isso envolve estudar os principais fundamentos da empresa, como a sua estrutura de custos, a qualidade dos seus produtos e serviços, a eficiência operacional, a inovação, a liderança, entre outros. Você deve avaliar cada um desses fundamentos para determinar a qualidade e o potencial de crescimento da empresa.

  1. Faça projeções

Com base nas informações coletadas durante a análise fundamentalista, você deve fazer projeções financeiras para a empresa. Isso envolve estimar a receita, os custos e as despesas futuras, bem como projetar o fluxo de caixa da empresa. Você também deve estimar o crescimento futuro da empresa e avaliar seu potencial de valorização.

  1. Determine o valor justo

Com base nas projeções financeiras e nas informações coletadas durante a análise fundamentalista, você deve determinar o valor justo da empresa. Isso envolve usar uma ou mais metodologias de avaliação, como o fluxo de caixa descontado, o múltiplo P/L ou o múltiplo EV/EBITDA. O objetivo é determinar o valor intrínseco da empresa e compará-lo com seu valor de mercado atual.

Quais são os principais fundamentos da análise fundamentalista?

A análise fundamentalista se baseia em diversos fundamentos, que auxiliam o investidor a avaliar a saúde financeira de uma empresa e projetar o seu desempenho futuro. A seguir, apresentaremos alguns dos principais fundamentos da análise fundamentalista:

  1. Balanço patrimonial: o balanço patrimonial é um demonstrativo financeiro que apresenta a situação financeira de uma empresa em um determinado período. Ele é dividido em duas partes: ativo e passivo. O ativo inclui os bens e direitos da empresa, enquanto o passivo inclui as obrigações e dívidas. Analisando o balanço patrimonial, o investidor pode identificar se a empresa possui um bom patrimônio líquido, se está endividada ou não, e se possui um bom nível de liquidez.
  2. Demonstrativo de resultados: o demonstrativo de resultados é um demonstrativo financeiro que apresenta o desempenho da empresa em um determinado período. Ele é dividido em receita, custo dos produtos vendidos, despesas operacionais e lucro líquido. Analisando o demonstrativo de resultados, o investidor pode identificar se a empresa está gerando lucro ou prejuízo, se possui uma margem de lucro satisfatória e se está tendo um bom crescimento.
  3. Fluxo de caixa: o fluxo de caixa é um demonstrativo financeiro que apresenta a entrada e saída de dinheiro da empresa em um determinado período. Ele é dividido em atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento. Analisando o fluxo de caixa, o investidor pode identificar se a empresa está gerando caixa, se está investindo em projetos rentáveis e se está financiando suas atividades de forma sustentável.
  4. Indicadores financeiros: os indicadores financeiros são cálculos que auxiliam o investidor a avaliar o desempenho financeiro da empresa. Alguns dos principais indicadores são: índice preço/lucro (P/L), índice de liquidez corrente, retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e margem líquida. Cada indicador apresenta informações diferentes sobre a empresa e deve ser analisado em conjunto com outros fundamentos.
  5. Análise do setor: a análise do setor é importante para identificar as oportunidades e desafios que a empresa enfrenta. Ela inclui a avaliação do tamanho do mercado, dos concorrentes, da regulamentação e das tendências do setor. Analisando o setor, o investidor pode identificar se a empresa está em um mercado promissor e se possui vantagens competitivas.
  6. Análise da gestão: a análise da gestão é importante para avaliar a qualidade da equipe de gestão da empresa. Ela inclui a avaliação da experiência dos executivos, da política de remuneração, do histórico de desempenho e da estratégia da empresa. Analisando a gestão, o investidor pode identificar se a empresa possui uma equipe competente e se está seguindo uma estratégia bem definida.

Como fazer um bom valuation e lucrar no longo prazo

O valuation é uma das principais ferramentas utilizadas na análise fundamentalista, que consiste em avaliar a verdadeira "saúde financeira" de uma empresa, para identificar se ela está sub ou superavaliada pelo mercado.

Existem diversas metodologias para se fazer o valuation de uma empresa, e o fundamentalista deve buscar aquela que melhor se adapta ao tipo de negócio que está analisando. A seguir, apresentamos algumas das principais metodologias de valuation:

  1. Fluxo de caixa descontado (DCF): essa metodologia se baseia na projeção do fluxo de caixa futuro da empresa e no desconto desse fluxo de caixa para o valor presente, utilizando uma taxa de desconto que reflita o risco do investimento. Essa é a metodologia mais utilizada pelos analistas fundamentalistas, porque permite uma avaliação mais precisa do valor intrínseco da empresa.
  2. Múltiplos de mercado: essa metodologia compara a empresa com outras do mesmo setor, utilizando múltiplos como P/L (preço/lucro), EV/EBITDA (valor de mercado da empresa dividido pelo EBITDA), entre outros. Essa metodologia é mais simples que o DCF, mas pode não refletir completamente a realidade da empresa, já que a comparação é feita com outras empresas que podem ter diferentes estruturas financeiras e de negócio.
  3. Avaliação patrimonial: essa metodologia avalia a empresa com base em seu valor patrimonial, que é a diferença entre seus ativos e passivos. Essa é uma metodologia simples, mas pode não refletir completamente o valor intrínseco da empresa, pois ela não considera outros aspectos importantes, como a geração de caixa e as perspectivas futuras do negócio.

Para fazer um bom valuation, é necessário ter uma visão clara dos fundamentos da empresa, como seus resultados financeiros, sua estrutura de capital, seu modelo de negócio e suas perspectivas futuras. Além disso, é preciso levar em conta fatores macroeconômicos e setoriais que possam afetar o desempenho da empresa, como mudanças na regulamentação, concorrência, flutuações cambiais, entre outros.

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  • O início de tudo
  • Contabilidade
  • Múltiplos
  • DCF (Fluxo de Caixa Descontado)
  • Custo de Capital
  • Projeções
  • Growth
  • Descobrindo o Valor da Ação
  • TIR
  • Simulação de Monte Carlo
  • Reverse DCF
  • Quando atualizar o seu modelo?
  • Análise Fundamentalista
  • Análise Financeira
  • Análise Setorial
  • M&A
  • Private Firms, VC e Startups
  • Turnarounds
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