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Fim dos paraísos fiscais? - Diário de Omaha 86

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Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

As principais notícias da semana

Bom dia, meus amigos.

Primeiramente, nas próximas semanas estarei substituindo o Dudu aqui no expresso de notícias. Ele está bem, só está tirando um tempo de férias. Nesse período, quem está cuidando da Nikity Asset é o número 2 da casa, e o Dudu me escalou para escrever as notícias da semana aqui no Diário. Fico muito honrado com isso.

Me apresentando, sou o estagiário Sandro Barbosa da Fonseca, mas por aqui na NAM o pessoal costuma me chamar apenas de estagiário SBF. Vamos às notícias!

Chamem o super choque - na semana passada, os  moradores de Niterói, São Gonçalo e regiões próximas passaram horas sem energia elétrica, após fortes chuvas no RJ. Até aí tudo bem, até porque por aqui em nikity qualquer gota que cai é motivo pra faltar eletricidade. Acontece que o problema foi que diversos bairros ficaram horas sem energia, algo muito parecido com o que aconteceu em São Paulo no início do mês.

Depois de algum  tempo no escuro,  a população ficou simplesmente revoltada e, somado ao fato do calor insuportável do Rio, diversas pessoas acharam uma boa ideia sequestrar técnicos da Enel para restabelecer a energia nas suas residências. Talvez a profissão mais perigosa no Rio, depois da d policial seja a de funcionário da Enel em dias de chuva.

Uma luz no fim do túnel? - A Americanas S.A. (AMER3) alcançou um acordo significativo com os seus principais credores, aproximadamente dez meses após dar ínício ao  processo de recuperação judicial. Este acordo envolve grandes instituições financeiras como, Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11), que juntos detêm cerca de 35% do total da dívida da empresa, estimada em R$ 42,5 bilhões.

Como parte do acordo, a Americanas planeja aumentar o seu capital em R$ 24 bilhões. Essa quantia será dividida igualmente entre os acionistas majoritários da empresa - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - e os credores, através da conversão de suas dívidas em capital. Com essa reestruturação, a expectativa é que a dívida bruta da empresa seja reduzida significativamente, de R$ 26,3 bilhões para R$ 1,875 bilhão.

Amigos de novo? - Depois de passar toda a campanha presidencial dizendo que não faria negócios com governos “comunistas”, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enviou um convite para que Lula vá à sua posse no próximo dia 10 de dezembro.

Ainda não está confirmado o comparecimento  do presidente brasileiro , mas existe uma grande possibilidade de l que o Brasil não seja representado pelo presidente da república. Nos próximos dias veremos o que vai acontecer.

O mais novo ministro do STF? - no dia de ontem Lula indicou o seu atual ministro da justiça, Flávio Dino, para a vaga que foi aberta no STF, após a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Desde a constituição de 1988 nenhuma indicação presidencial foi recusada pelo Senado.

Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é muito provável que Dino seja sabatinado ainda esse ano, antes do recesso do Congresso Nacional.

Fim dos paraísos fiscais?

Por Saulo Pereira

imagem ilustrativa de uma cidade na suíça

Em 2015 aconteceu um dos maiores vazamentos bancários da história. Hervé Falciani, que trabalhou como engenheiro para o HSBC (H1SB34) tornou pública informações sobre como a filial suíça do banco ajudava os seus clientes a esconder dinheiro e burlar o sistema tributário dos seus países de origem, e assim não pagarem impostos.

Por conta disso, o HSBC foi acusado criminalmente em vários países, como EUA, França e Argentina. Isso mesmo! Até a Argentina, que vira e mexe dá uns calotes, decidiu processar o banco para receber o dinheiro sonegado.

Apesar desta notícia ter chocado o mundo na época, isso não era novidade para muita gente. Acontece que a Suíça por muitas décadas tem sido considerada um dos maiores paraísos fiscais do mundo. Desde a idade média os bancos suíços são conhecidos por serem um dos mais sigilosos. Esse fato inclusive permitiu que a Suíça saísse ilesa de diversas guerras.

O escândalo do HSBC desencadeou uma série de eventos que colocam em xeque o futuro dos paraísos fiscais. Seria esse o seu fim?

Basicamente, um paraíso fiscal é uma região ou país que possui um sistema tributário simplificado. Os clientes podem guardar dinheiro nesses lugares sem perder uma fatia enorme para o governo. A Suíça, assim como as Bahamas, é um paraíso fiscal bastante conhecido.

Para entender como isso tudo começou, vamos voltar alguns séculos no tempo, até a idade média. Naquela época a humanidade se comportava como uma criança birrenta, e qualquer coisinha era motivo para os países entrarem em guerra. A Suíça era uma raríssima exceção, permanecendo neutra na maioria dos conflitos. Isso fazia com que diversas pessoas buscassem o pequeno país para depositar dinheiro e objetos valiosos.

No século XVIII o país adotou a prática do sigilo bancário, que impedia os bancos de divulgar qualquer informação sobre os seus clientes. Isso foi fundamental para que o sistema bancário se fortalecesse e ganhasse a confiança da população rica da Europa.

Durante a década de 1930, toda a Europa estava devastada após a Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929. Por não ter se envolvido no conflito e não estar envolvida em atividades industriais, a Suíça emergiu como um grande centro financeiro da Europa. Durante a Segunda Guerra Mundial, a própria Alemanha utilizava os bancos da Suíça para guardar ouro.

Com o passar dos anos as instituições financeiras suíças se fortaleceram. Além disso, somado ao fato da baixa carga tributária, o país se tornou um dos lugares mais seguros para as pessoas guardarem dinheiro.

Ao longo da segunda metade do século XX, duas instituições financeiras foram ganhando destaque: o UBS (SWX: UBSG) e o Credit Suisse. Os dois bancos contribuíram tanto para o crescimento do setor financeiro do país, que ele chegou a representar 6% do PIB da Suíça. Para se ter uma ideia do quão grande é o sistema financeiro de lá, no fim de 2022 o total de ativos do sistema somados era maior que o PIB do Brasil.

Além disso, esse setor é fundamental para outras atividades econômicas. Durante a pandemia, por exemplo, os bancos foram cruciais, fornecendo créditos e soluções para empresas que apresentavam dificuldades financeiras. Mas nas últimas décadas, os bancos suíços começaram a ter problemas por conta de mudanças no cenário econômico mundial e a pressão feita por diversos países para que eles também seguissem as regras internacionais.

A primeira grande mudança feita por lá aconteceu em 2017, quando o país acabou com o sigilo bancário depois de 80 anos. Essa ruptura foi um acordo feito com a OCDE, em que o país se comprometeu a colaborar internacionalmente em casos de fraude e evasão fiscal.

Segundo o Tax Justice Network, a Suíça era apontada como destino de quase US$13 bilhões de empresas e indivíduos. Além disso, o próprio governo Suíço deixou de arrecadar mais de US$5 bilhões por ano por conta da evasão fiscal. No meio disso tudo aconteceu o seguinte fato: os EUA ultrapassaram em 2022 os suíços como país com maior sigilo financeiro pela 1ª vez. O curioso disso é os EUA foram um dos países que pressionaram a Suíça para assinar o acordo com a OCDE para o fim r do sigilo bancário.

Toda essa mudança vem afetando negativamente a imagem da Suíça como paraíso fiscal. Além disso, empresas suíças como o Credit Suisse vem enfrentando sérios problemas nos últimos balanços divulgados. No último trimestre de 2022, o banco registrou o quinto prejuízo consecutivo. E os problemas não param por aí. Em 2014 o banco suíço foi acusado de ajudar os americanos a sonegarem impostos por décadas.

Após esses escândalos, o UBS comprou o seu maior rival, como forma de tentar evitar um grande colapso no sistema financeiro local. O problema agora é se o pequeno país conseguirá comportar um mega banco no longo prazo e manter o seu destaque internacional. É um cenário totalmente delicado.

Para tentar evitar um possível colapso na economia, a Suíça vem buscando outras formas de diversificar a sua economia. Uma delas é através da exportação de relógios de luxo, tendo os EUA como principal comprador. Enquanto isso, o sistema financeiro do país vem buscando se recuperar dessa crise recente. Não só os investidores estão de olho no desenrolar dessa história, mas também aqueles que procuram um lugar para guardar o seu dinheiro com segurança.

Apesar das novas regulamentações, a Suíça segue ainda como um paraíso fiscal. Alguns dizem que é um pouco menos paraíso que antes. Vamos acompanhar para saber o que vai acontecer nos próximos meses.

Nova Bolha Imobiliária Americana em 2023?

Você já deve ter ouvido falar da bolha imobiliária americana em 2008, que acabou se tornando uma crise financeira global que abalou o mundo.

Na época, o mundo vivia um grande crescimento, financiado pelo boom das commodities e pela abertura comercial da China; o mercado imobiliário ia de vento e poupa, com o preço dos imóveis crescendo sem parar nos primeiros anos do novo milênio.

Mas com o mercado de hipotecas saindo de controle e com os títulos ruins de dívidas dos imóveis sendo vendidos como excelentes, o cenário estava pronto para um grande colapso. Eram milhares de títulos podres na mão de grandes bancos de investimento.

Assim que a bolha imobiliária estourou, tudo virou pó e o resultado disso a gente já sabe. Agora, 15 anos depois, parece que estamos vivendo um cenário parecido, mas pra gente saber o que pode acontecer e se realmente estamos vivendo esse momento novamente é importante entender o que aconteceu lá em 2008.

Nesse vídeo, nosso co-fundador, Lucas Guimarães, vai te contar o que está acontecendo no mercado imobiliário americano em 2023. Você pode conferir aqui!

O fim da Suécia?

Por Saulo Pereira

imagem ilustrativa de uma cidade na suécia

A Suécia dispensa apresentações. Possui alta qualidade de vida, grande desenvolvimento econômico e é também o país de origem daquele famoso jogador de futebol, Zlatan Ibrahimović. Além disso, o país segue o modelo nórdico na sua economia, com uma clara influência estatal em diversos setores, mas com uma alta liberdade econômica e um forte bem-estar social.

Como nem tudo são flores, a Suécia está passando por um dos momentos mais conturbados da sua história recente. Além do desemprego, na casa dos 7,7%, o país ainda está lidando com um aumento exponencial da violência. Entre 2016 e 2018, eles foram um dos países que mais registraram roubos por habitante, dentre os países da União Europeia.

Para entender como esse país nórdico chegou nessa situação, vamos voltar alguns séculos na história, mais precisamente até o século XVII. Nessa época, a Suécia ainda era um país pobre, mas isso não era um empecilho para que os governantes mantivessem um viés expansionista na região. O império sueco chegou a incluir a Finlândia, partes da Rússia, Polônia e a Alemanha.

Ao longo desse mesmo século, as dificuldades econômicas que o país enfrentou para manter um grande império, além da Grande Guerra do Norte, contribuíram para dar fim ao império. Depois disso o país decidiu se comportar no cenário geopolítico local e manteve uma postura de neutralidade que contribuiu para o seu sucesso entre os séculos XIX e XX.

A industrialização sueca e a sua neutralidade durante as duas guerras mundiais permitiram que tanto o país do lado aliado quanto do eixo comercializassem com ela. Outro ponto importante é o fato dela não ter tido grandes perdas em sua infraestrutura durante as guerras, assim como a França e a Alemanha. Isso contribuiu para que, após os conflitos, a Suécia pudesse seguir o seu caminho sem grandes dificuldades.

Foi durante o século XX que os moldes de como a economia sueca funciona hoje foram criados. A partir do plano Rehn-Meidnder, desenvolvido pelos economistas suecos Gosta Rehn e Rudolf Meidner, o país conseguiu atingir décadas de desenvolvimento econômico e estabilidade social. Como resultado, há alguns anos o país foi considerado um dos mais competitivos do mundo. Ao longo desses anos grandes empresas suecas surgiram, como a Ikea e a Volvo (STO: VOLV-B). Mas quais podem ser os problemas que afetarão a economia sueca no longo prazo?

Com a pandemia do COVID-19, praticamente toda a economia mundial foi afetada. Inflação subindo e poder de compra das famílias diminuindo, foram as principais consequências desse período. Além disso, um fantasma que já assombrou a população durante os anos 1990 voltou a aparecer: a crise imobiliária.

Outro ponto que pode afetar negativamente o futuro do país é o mau planejamento migratório feito no passado. Isso acabou criando duas realidades dentro do país que resultaram no aumento exponencial da violência. por conta de disputas territoriais entre gangues. Até o exército foi chamado para tentar conter a crise.

A Suécia saiu de um país pobre e agrário para se tornar um dos países mais ricos e prósperos da Europa. Se toda essa escalada de violência social não for controlada, pode ser que no longo prazo toda a sua economia e desenvolvimento seja afetado negativamente. Vamos acompanhar.

⏳ Atemporalidades

Leia agora, leve pra vida.

“Renda anual: 20 libras; gasto anual: 19; resultado: felicidade.

Renda anual: 20 libras; gasto anual: 20,50 libras; resultado: miséria.” — Charles Dickens, David Copperfield

“Não são os anos de sua vida que contam. É a vida em seus anos”  — Abraham Lincoln

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e [...]

Boa semana e bons negócios!

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