O que é IPO?
“IPO” significa Initial Public Offering que, pra quem não manja do inglês, significa Oferta Pública Inicial. Ou seja, é a primeira vez em que uma empresa vai pra bolsa de valores. No mercado, as pessoas se referem a esse movimento como abertura de capital.
Em outras palavras, no IPO, uma empresa abre as portas pra gente como a gente comprar ações dela e se tornar sócio. Todas as ações que você pode comprar no seu Home Brokerfizeram IPO.
Se elas não fazem isso, elas são chamadas de empresas de capital fechado e os únicos sócios delas são aqueles que fundaram ela e quem mais eles escolheram pra ser sócio.
Nesse caso, não é tão simples pra alguém como eu ou você comprar uma ação da empresa. Mesmo que você tenha o dinheiro, você só vai se tornar sócio se os donos da empresa deixarem.
Como funciona o IPO?
O processo é bem burocrático e, dependendo da empresa, pode durar meses. Primeiro, a empresa precisa registrar a oferta com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse órgão regula o mercado financeiro no Brasil.
O processo de registro da oferta na CVM costuma ser demorado e, enquanto isso, os a empresa faz um “roadshow”, nome da etapa na qual a empresa vai pra diversas cidades do país para apresentar o seu negócio para investidores e, assim, tentar “vender” as ações.
Nessa fase, os bancos e a empresa também definem o preço das ações e o número de ações que serão ofertadas.
Depois disso, é só esperar a aprovação da oferta pela CVM e fazer a oferta. A oferta é o processo em que as ações são, de fato, vendidas aos investidores na bolsa de valores.
Porque uma empresa faz o IPO?
Caso a empresa não queira se endividar, ela pode captar dinheiro no IPO. Ele basicamente é uma injeção de dinheiro que a empresa recebe.
Às vezes, boa parte do dinheiro que vem do IPO vai justamente pro pagamento de dívidas.
Outro lance legal é que o acionista ganhaliquidez, ou seja, é fácil e rápido trocar as ações por dinheiro.
É só chegar lá na sua conta da corretora e colocar que quer vender. Muito provavelmente você vai vender as ações em segundos.
Algumas vezes, as empresas fazem também IPO pros sócios poderem recolher frutos de seus investimentos. Eles abrem capital justamente pra poder vender sua fatia da empresa, ou pelo menos parte dela.
Sabendo disso, existem dois tipos de oferta que podem ser feitas em um IPO.
A oferta primária e a oferta secundária. Mas não precisa ser uma ou outra. Pode ser parte primária, parte secundária.
Essa oferta primária acontece quando a empresa cria novas ações e as vende pro mercado. Pra ficar claro, pensem numa pizza. Imagina que temos uma empresa que tem 6 ações. 3 do sócio A e 3 do sócio B.
Aí, na oferta primária, emitem mais 6 ações no mercado. O tamanho da pizza vai ser o mesmo, mas os pedaços vão diminuir.
Quando esses pedaços diminuem, os sócios são diluídos, ou seja, eles perdem participação.
Nesse caso, os sócios A e B vão continuar com suas 6 ações, mas a pizza vai ter 12 pedaços.
Ou seja, depois da oferta primária, as 6 ações dos sócios que representavam 100% do controle da empresa, serão 50%.
O resto vai ficar no que chamam de “free float”, ou melhor, livre circulação. Esse é o termo pra se referir a todas as ações que são negociadas na bolsa.
O dinheiro que a empresa ganhar em troca dessas 6 novas ações vai pro caixa da empresa. Se cada ação for vendida a 10 reais, a empresa vai ganhar 60 reais pra investir ou pagar dívidas.
Agora, vamos pra oferta secundária.
Aqui o jogo é um pouco diferente. Diferente da oferta primária, onde a empresa emite novas ações pra vender, na oferta secundária, as ações vendidas são as que eram dos sócios. Ficou confuso? Vamo volta pra nossa pizza original, a de 6 pedaços.
Na oferta secundária, os sócios venderiam as próprias ações, sem emitir nenhuma nova. Vamos supor que na oferta, cada um venda 1 ação.
Seria como se cada um deles tivesse dando um deseus pedaços da pizza prainvestidores em geral.
Assim, a pizza ficaria dividida da seguinte forma: 2 pedaços pro sócio A, 2 pro sócio B e 2 em livre circulação. Nesse caso, o dinheiro dessas ações vendidas não vai pro caixa da empresa. Ele vai direto pro bolso dos sócios.
Então, como vocês podem ver, o dinheiro captado em oferta primária é usado pra investir ou pagar dívidas da empresa e o dinheiro captado nasecundária é uma forma dos sócios colherem os frutos de seus investimentos.
Mas é claro que fazer um IPO tem as suasdesvantagens. Primeiro, o processo de abertura de capital é demorado e custoso. Pra abrir capital, primeiro a empresa tem que contratar um coordenador pra todo o processo, como um banco ou uma corretora.
Esse coordenador vai ajudar a empresa a definir a viabilidade, termos e condições do IPO, vai ajudar na contratação de assessores jurídicos e auditores e a elaborar os documentos da oferta. Eu não sei se você já viu um prospecto de IPO, é praticamente um livro.
E não para por aí. Depois de abrir o capital, a empresa ainda vai ter que divulgar seus resultados trimestralmente e dizer como a empresa está andando e quais são os planos pro futuro.
Afinal, qualquer um pode ser investidor delas e é direito de um investidor saber como que a empresa está andando. A CVM fica na cola dessas empresas pra fiscalizar se elas tão fazendo isso direitinho.
Nisso, a empresa tem que contratar uma equipe de RI, sigla pra relação com investidores. É a equipe que se responsabiliza pela divulgação desses documentos e atende a eventuais dúvidas de investidores.
Além disso, os principais sócios acabam perdendo autonomia nas decisões de acordo com o quanto de ações eles venderam.
Todo ano a empresa vai ter que convocar uma assembleia geral pra tomar algumas decisões na empresa, como definir o destino do lucro líquido e a distribuição de dividendos.
E essas decisões são feitas por votos de todos os acionistas. E hoje é bem tranquilo pra um acionista votar em qualquer lugar do mundo. É só ele ter acesso à internet.
