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Agências de rating: elas são realmente confiáveis?

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Misael Guedes

Misael Guedes

Redação

O que é uma agência de rating?

Uma agência de risco rating é uma empresa que avalia o risco de um emissor de títulos de dívida, como uma companhia ou um governo.

As agências de risco rating usam uma escala de notas para classificar o risco de um emissor, com notas mais altas indicando um risco menor.

As três principais agências de risco rating são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch.

Quais são as principais agências de risco?

As três principais agências de risco rating são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch. Elas avaliam o risco de emissores de títulos de dívida, como companhias ou governos, usando uma escala de notas. Notas mais altas indicam um risco menor.

Elas são fundamentais para o mercado financeiro, pois sempre que uma empresa ou governo solicita um empréstimo ao mercado muitos investidores não têm certeza se eles são bons pagadores ou não, afinal, todo investidor espera receber seu dinheiro de volta, com juros, no futuro.

Como nem todos os investidores contam com ferramentas próprias para avaliar os riscos de cada investimento, as agências de risco rating fazem esse trabalho avaliando o risco de crédito de empresas e governos do mundo e os classificam.

Dessa forma, os investidores possuem mais clareza para decidir se vale a pena ou não comprar certo título de dívida.

Como funciona o processo de avaliação de risco?

O processo de avaliação de risco das agências de classificação de risco é composto por três etapas principais: análise de risco, mapeamento de risco e monitoramento de risco.

A análise de risco é a primeira etapa e envolve a identificação e avaliação dos riscos envolvidos em um determinado empreendimento. Isso pode incluir riscos financeiros, operacionais, de mercado, de crédito e de liquidez.

Uma vez que os riscos são identificados, eles são mapeados para um determinado nível de risco.

O mapeamento de risco é a segunda etapa e envolve a atribuição de um determinado nível de risco para cada um dos riscos identificados na etapa anterior. Os níveis de risco podem variar de "baixo" a "muito alto".

A terceira e última etapa do processo é o monitoramento de risco. Nesta etapa, as agências de classificação de risco monitoram constantemente os riscos envolvidos no empreendimento, bem como as mudanças nos níveis de risco.

Isso permite que as agências reajam rapidamente às mudanças nos riscos e forneçam às empresas e investidores uma visão atualizada dos riscos envolvidos.

Vamos mostrar a escala de rating das principais agências de rating:

Moody’s

Notas com grau de investimento (investment grade):

  • Aaa (mais alta qualidade);
  • Aa1, Aa2, Aa3 (qualidade muito alta);
  • A1, A2, A3 (qualidade alta).
  • Baa1, Baa2, Baa3 (boa qualidade).

Notas com grau especulativo:

  • Ba1, Ba2, Ba3 (especulativo);
  • B1, B2, B3 (altamente especulativo).
  • Caa1, Caa2, Caa3 (risco substancial);
  • Ca (risco muito alto/inadimplência iminente);
  • C (inadimplência).

Fitch

Notas com grau de investimento (investment grade):

  • AAA (mais alta qualidade);
  • AA+, AA, AA- (qualidade muito alta)
  • A+, A, A- (qualidade alta).
  • BBB+, BBB, BBB- (boa qualidade)

Notas com grau especulativo:

  • BB+, BB, BB- (especulativo)
  • B+, B, B- (altamente especulativo).
  • CCC (risco substancial);
  • CC (risco muito alto);
  • C (inadimplência iminente);
  • RD (inadimplência restrita);
  • D (inadimplência).

S&P (Standard & Poor’s)

Notas com grau de investimento (investment grade):

  • AAA (mais alta qualidade);
  • AA+, AA, AA- (qualidade muito alta);
  • A+, A, A- (qualidade alta).
  • BBB+, BBB, BBB- (boa qualidade).

Notas com grau especulativo:

  • BB+, BB, BB- (especulativo);
  • B+, B. B- (altamente especulativo).
  • CCC+, CCC, CCC- (risco substancial);
  • CC (risco muito alto);
  • C (inadimplência iminente);
  • D (inadimplência).

Quais os fatores que as agências consideram?

As agências de risco rating consideram diversos fatores na avaliação do risco de um emissor, incluindo a situação financeira da companhia ou do governo, a estabilidade do mercado onde a companhia ou o governo atua, e o histórico de pagamento de dívidas.

Percebemos que é fundamental o conhecimento sobre essas agências antes de investir em um ativo novo, pois o risco de um emissor é importante para o investidor conhecer porque o risco pode afetar a capacidade do emissor de pagar os juros e o do título de dívida.

Se o emissor for classificado como de alto risco pelas agências de risco rating, o investidor deve considerar esse risco antes de investir.

As agências de risco são confiáveis?

Como toda empresa, as agências de risco rating não estão livres de falhas honestas e nem acusações fraudulentas.

A crise de 2008 envolveu um enorme escândalo de corrupção entre algumas agências de risco rating, pois muitos títulos de dívidas podres (título com risco muito alto e não recomendáveis para investidores) estavam sendo negociados com classificações “triplo-A”.

Depois que a crise chegou, as 3 maiores agências, Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s, foram acusadas de fraude.

Um dos motivos para essa fraude seria pressão competitiva, pois se uma agência se recusasse a fraudar um título para um banco, este levaria para outra empresa.

Para não perder clientes essas 3 empresas decidiram ceder às vontades dos clientes, mesmo sabendo dos riscos.

Isso não saiu barato para essas agências, pois em 2017 a Moody’s foi condenada a pagar mais de US$ 850 milhões em um acordo com a justiça americana.

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