Um assunto que é bastante pesquisado no google é sobre a previdência social.
São quase 4 milhões de resultados no Google de notícias sobre o tema. Na época da reforma chegamos a ter mais de 4 milhões de notícias sobre o tema.
Isso indica o quanto esse assunto é importante e afeta a vida dos brasileiros. Independente do seu posicionamento sobre o assunto, a função da previdência para o trabalhador é uma só: abrir mão do dinheiro agora para garantir a tão sonhada aposentadoria no futuro.
Partindo dessa ideia, ela se assemelha muito com a visão dos investimentos: poupar agora para investir e obter ganhos no futuro. Mas será que previdência e investimento são tão parecidos assim mesmo?
Esses 5 motivos vão te mostrar que não.
1 - Seguro não é investimento
Você já deve ter ouvido alguém dizer que seguro é o que se paga pra evitar dores de cabeça. Não é à toa que esse é basicamente o único argumento usado por todas as seguradoras na hora de vender um seguro.
E não há nada de errado com esse pensamento. Aliás, esse é o único motivo que deve levar uma pessoa a fazer um seguro. Mas se você acredita que um seguro é bom pelo lado financeiro, pare e pense: você acha que se fosse ruim pra seguradora, ela existiria?
É claro que não. Os cálculos atuariais realizados pelas empresas de seguro são feitos de maneira que pegando o conjunto total de clientes, a empresa tenha lucro. Caso contrário a empresa faliria.
Dessa forma, uma pessoa que tenha que acionar o seguro e receba a indenização é coberta pelo pagamento das pessoas que não o utilizaram. É nesse momento que as pessoas podem se perguntar: "Esse artigo não era sobre previdência? Por que estou lendo sobre seguros?" Simples. Porque a previdência é um seguro.
Isso pode ser facilmente percebido observando ambas as previdências: social e privada. A previdência social é administrada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Já o setor de previdência privada é fiscalizado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal.
Quer algo mais explícito que isso? A previdência social tem como missão proteger os trabalhadores e sua família contra os chamados riscos econômicos, como a perda de rendimentos por conta de aposentadoria, doença, invalidez e outros infortúnios.
2 - Você é obrigado a pagar a previdência social
Se você possui um emprego formal você está contribuindo para a previdência social. Isso porque o governo obriga empregados e empregadores a contribuir para financiar os gastos da mesma.
Você já viu alguém te obrigar a receber dinheiro? Imagina que um amigo seu te obriga a pagá-lo 1 real, para que ele possa te dar 2 reais na semana seguinte. Ele estaria te obrigando a receber dinheiro. Isso seria no mínimo estranho, né?!
Só que no caso da previdência social você não recebe em dobro, nem 1 semana depois. Muito menos tem que pagar apenas 1 real. Dá uma olhada em quanto cada trabalhador contribui:
Consegue imaginar a diferença que R$97,65 por mês fazem na renda uma pessoa que recebe 1 salário mínimo? Não?! Não tem problema, nós pesquisamos.
Com esse dinheiro daria pra comprar:
- 12 kg de arroz, suficiente para alimentar uma família de 5 pessoas durante 15 dias
- 22 kg de espaguete, alimentando uma família de 3 a 4 pessoas durante 1 mês
- 1 kg de picanha, equivalente a 3 dias de almoço e jantar
Ou ainda, 1 cesta básica contendo os seguintes itens:
- 1 kg de açúcar
- 1 kg de arroz
- 1 kg de feijão
- 1 garrafa de óleo de soja
- 1 kg de sal
- 1 kg de farinha de trigo
- 1 kg de farinha de mandioca
- 500 g de espaguete
- 250 g de café
- 1 lata de sardinha (125 g)
Se a pessoa não precisasse comprar mais nada com esse dinheiro que sobrou, ela poderia simplesmente poupar e investir. Economizando esses R$75 todo mês seria possível acumular R$6.000 em 5 anos, como mostramos neste artigo.
E não é só isso.
Como se não bastasse essa contribuição por parte do trabalhador, o empregador também é obrigado a contribuir se decidir contratar alguém. Pensa que é pouco? Se você achou aqueles valores absurdos, se liga nessa. O empregador paga 20% do salário do seu empregado para o INSS.
Isso significa que para contratar alguém com um salário de R$2000, são pagos R$400. Mensalmente. Caso isso não existisse seria possível dar um aumento de 20% ao trabalhador. Já pensou na diferença que esses R$400 fariam pra uma pessoa que ganha R$2000?
Nessa hora alguns argumentam: "Mas se o patrão não for obrigado a pagar esses 20% ele não vai repassar isso pro trabalhador. Afinal, o patrão explora o trabalhador.".
Na verdade, nenhum empresário quer perder dinheiro e ele dificilmente vai tirar dinheiro do próprio bolso para pagar a previdência. Se o empresário tem um orçamento anual de R$ 24.000,00 para contratar um trabalhador. Naturalmente esse funcionário receberia R$ 2.000,00 por mês.
Mas e a previdência? O empresário teria que desembolsar mais R$ 2.160,00 para pagar essa contribuição. Mas lembram que o orçamento era só R$ 24.000,00? Então, é mais prático ele pagar R$ 1.800,00 ao funcionário e a diferença ser o valor pago à previdência e no final ele se mantém dentro do orçamento.
Será que se a previdência fosse um (bom) investimento para você, você seria obrigado a contribuir?
É oferecida pelos bancos como a oitava maravilha do mundo
Até agora estávamos falando sobre previdência social (INSS), mas também existe a previdência privada.
A previdência privada já acumula mais de R$11 bilhões e quase 13 milhões de pessoas, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada.
Achou que os bancos iam ficar para trás e perder essa boquinha? De jeito nenhum!
Você já deve ter ouvido falar que os bancos são extremamente prejudiciais aos seus investimentos. Isso porque o banco vive de ganhar dinheiro com o dinheiro dos outros.
Basicamente, o que ele faz é captar dinheiro a uma taxa mais barata, emprestar a uma taxa mais cara e ganhar nessa diferença. Assim, o gerente do banco vive diariamente um conflito de interesses: se ele te oferecer um bom investimento (que oferece uma alta taxa de retorno) essa diferença entre a taxa que ele te paga e a taxa que ele empresta fica menor, o que faz o banco ganhar menos.
Para evitar isso, o banco incentiva seus gerentes a oferecerem a seus clientes péssimos investimentos, bonificando-os caso consigam. É por isso que você deve fugir dos grandes bancos e investir seu dinheiro por meio de corretoras.
E o que isso tem a ver com previdência privada? Esse é mais um daqueles produtos ruins que o banco te oferece. A jogada de marketing deles é vender esse produto como segurança para sua família e realização dos sonhos da sua vida. Dá uma olhada nessas propagandas:
O que eles não te contam é o que você vai descobrir agora.
As taxas transformam a previdência no bicho-papão dos investimentos
Como se já não bastasse os altos impostos e taxas que temos no Brasil, investir na previdência privada faz você ter a certeza que o Brasil é o país que mais tem impostos e taxas.
Simplesmente porque na previdência você tem que pagar taxa pra entrar, taxa pra ficar e taxa pra sair. Sabe aquele ditado: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"?
A previdência é uma versão piorada dele! Todas essas taxas não são poucas e corroem a palavra "investimento". Vamos a elas:
Taxa de carregamento: é a "taxa de entrada", que incide sobre cada contribuição. A cada aporte (aplicação) que você faz uma parte do seu investimento já é comida.
Em geral, estas taxas variam de 0 a 3%. Ou seja, se você aplica R$200 por mês e a taxa de carregamento é 2%, a cada mês você perde R$4 só para entrar nessa "brincadeira".
Taxa de administração: além da taxa de entrada, para gerir os seus investimentos é cobrada uma taxa. Afinal, ele é gerido por uma pessoa que recebe pra isso. Essa taxa incide sobre a rentabilidade total da aplicação. Em geral varia entre 1,5% e 3% ao ano.
Isso significa que se sua previdência render em 1 ano o quanto a poupança rendeu em 2016 (8,35% ano) você perdeu dinheiro para a inflação.
Taxa de saída: Cobrada no caso do resgate antecipado da aplicação. Contudo, a maioria das seguradoras executam esta cobrança apenas nos primeiros anos. Algumas seguradoras impõe prazos de carência para resgates e transferências externas parciais ou totais.
Além disso, a previdência privada é um "investimento" de longo prazo. Para não perder dinheiro você deve ficar pelo menos 10 anos nela, graças ao regime de tributação regressiva.
O lado "bom" é que você paga menos imposto com o passar do tempo. Mas se você não sabe nem o que acontecerá com você no futuro ou até mesmo daqui a 2 anos, como saber o que vai acontecer com o rendimento da previdência?
Uma alternativa aos altos impostos cobrados para prazos curtos é optar pela tabela progressiva do imposto de renda. É verdade, essa é uma escolha que você pode fazer quando vai contratar uma previdência.
Isso significa que dependendo do valor que você resgate anualmente ou mensalmente, a alíquota muda conforme essa tabela.
Se você quiser saber mais sobre como funciona a previdência privada, sugerimos os artigos do quero ficar rico.
Perderia para poupança em rentabilidade
A poupança é sem dúvida uma das piores alternativas de investimento. Se é que podemos chamar as alternativas que rendem menos que a poupança de investimento. (Se você não sabia disso ou ainda deixa seu dinheiro aplicado na poupança você precisa ler isso. Vai mudar completamente seus rendimentos!)
Esse é o caso da previdência.
Se a previdência social fosse um investimento, ele teria uma rentabilidade pior que a da poupança!
Desde 2003, quando a aposentadoria passou a ser reajustada por um indicador fixo, o INPC (tipo uma inflação), ela teve um reajuste real (rendimento menos inflação) de 8,62% em 13 anos.
Nesse mesmo período a poupança cresceu 24,3%, já descontada a inflação. Quase 3 vezes mais!
Fazendo um comparativo com a previdência privada os rendimentos melhoram um pouco.
Esse é um comparativo retirado de um informativo de um banco que oferece previdência privada. Observe como ela praticamente iguala a poupança nesse período e perde bastante para o CDI. Além disso, quase não é capaz de superar a inflação (IPCA-15).
Definitivamente, a previdência não é uma boa opção para pensar em aposentadoria. Já que por enquanto você não tem como se livrar da previdência social, ao menos fique longe da previdência privada.