Diário de Omaha

O que está acontecendo com a economia da França? - Diário de Omaha 92

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Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

A História e a Privatização da SABESP

Por Saulo Pereira

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, SABESP (SBSP3), é uma das empresas mais proeminentes do Brasil, responsável por fornecer serviços essenciais de água e esgoto para milhões de pessoas em São Paulo.

Com uma história que remonta ao século XIX e uma avaliação de mercado de mais de R$ 50 bilhões, a SABESP é uma instituição importante no panorama do saneamento básico brasileiro.

A Origem e a Evolução da SABESP

Antes de falar propriamente sobre a SABESP, precisamos voltar no tempo. A preocupação com a saúde não é um tema recente na história da humanidade. Registros históricos mostram que os babilônios já empregavam técnicas de saneamento nas suas cidades em 3750 a.C.

Diversas técnicas já foram aplicadas pela humanidade. Os egípcios, por exemplo, utilizavam tubos de cobre no palácio do faraó Quéops.

Representação do saneamento básico doméstico no passado

Posteriormente, passaram a utilizar sulfato de alumínio para purificar a água. Saneamento básico é um tema com uma vasta história, mas em nosso país ainda é incipiente. São mais de 30 milhões de pessoas sem água potável e 100 milhões sem acesso a tratamento de esgoto.

É um segmento que demandará esforços consideráveis para resolver todos os problemas. O surgimento da SABESP está intimamente ligado ao desenvolvimento do saneamento básico em São Paulo.

No século XIX, quando o Brasil ainda era um Império, a iniciativa privada era responsável pela gestão da água e do esgoto em todo o estado. Isso mudou em 1893, quando foi criada a Repartição de Água e Esgoto, marcando o início do envolvimento do Estado na prestação desses serviços.

Ao longo dos anos, várias mudanças estruturais ocorreram, culminando na formação da SABESP em 1973. A empresa foi criada como uma sociedade de economia mista, com o objetivo de implementar as medidas do recém-criado Plano Nacional de Saneamento.

Ao longo das décadas outras empresas públicas paulistas se ligaram à SABESP. Em 1994, ela foi registrada como empresa de capital aberto junto à CVM. Mas foi só em 1997 que suas ações começaram a ser negociadas na bolsa de valores, sendo listada na B3 com o código SBSP3.

Jornal anunciando a entrada da sabesp na Bolsa de Valores

Em 2004, a SABESP estreou na bolsa de valores de Nova Iorque, a NYSE, através de ADS (American Depositary Stocks).

Vale ressaltar que ela também é sócia de outras três empresas:

  • Aquapolo Ambiental;
  • Attend Ambiental
  • Paulista Geradora de Energia

Atualmente, a SABESP possui aproximadamente 10 milhões de conexões de água em 375 dos 645 municípios de SP.

A SABESP cresceu e se desenvolveu para se tornar uma empresa líder em saneamento básico no estado de São Paulo.

Para termos ideia da grandeza da companhia, o faturamento dela em 2022 foi de 22 bilhões de reais.

Volume de água Faturado pela Sabesp

Volume de esgoto Faturado pela Sabesp

Os Desafios do Saneamento Básico no Brasil

Apesar dos avanços significativos alcançados pela SABESP e outras empresas do setor, o saneamento básico ainda é um desafio para muitos brasileiros.

Mais de 30 milhões de pessoas no país não têm acesso à água potável, e 100 milhões não têm acesso ao tratamento de esgoto. Resolver esses problemas exigirá esforços consideráveis e investimentos substanciais no setor.

A Privatização da SABESP

Em dezembro de 2023, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a privatização da SABESP. A decisão foi baseada na crença de que a privatização pode trazer benefícios significativos para a empresa e para o setor como um todo. No entanto, a privatização da SABESP é um processo complexo e envolve uma série de considerações legais, financeiras e políticas.

A expectativa é que a privatização seja concluída até o final do primeiro semestre de 2024. Os termos da oferta ainda não foram definidos, mas é provável que a privatização ocorra em duas etapas.

A primeira etapa envolverá a venda de uma participação de 15% do governo para um acionista de referência, com um lockup de 5 anos. A segunda etapa será uma oferta na bolsa de valores, com o objetivo de pulverizar o capital da empresa.

As estimativas são de que a oferta total gire em torno de R$ 20 bilhões, sendo R$ 5 bilhões na oferta primária e R$ 15 bilhões na secundária. Após todos esses trâmites, o Governo do Estado, que hoje tem 50,3% da Sabesp, passará a deter entre 15% e 30%.

O Futuro da SABESP

O futuro da SABESP é incerto, mas a privatização pode abrir novas oportunidades para a empresa e para o setor de saneamento básico como um todo. A privatização pode atrair investimentos estrangeiros e melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pela empresa.

No entanto, a privatização também pode trazer desafios, como a necessidade de regulação eficaz e a garantia de que os interesses dos consumidores sejam protegidos.

Segundo a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), os principais interessados na SABESP são fundos nacionais e internacionais com foco em infraestrutura.

Mas e o interesse por parte de outras empresas do setor? Apesar de existir a chance de compra de participação na Sabesp por outras operadoras privadas, essa possibilidade é remota. Os principais motivos seriam as especificidades da urbanização de São Paulo e o alto nível de alavancagem dessas empresas.

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As principais notícias da semana

Por Saulo Pereira

Bom dia, meus amigos.

Sem enrolação, vamos para mais uma semana de notícias?

Festa da "democracia" russa - terminou ontem as eleições para presidente na Rússia. Como já era esperado por praticamente todo o mundo, inclusive por seus concorrentes, Vladimir Putin foi reeleito para um mandato de 6 anos.

Putin já é o chefe de Estado russo que ficou mais tempo no poder desde o ditador sovietico Josef Stalin. Ao todo já são quase 24 anos (20 como presidente e 4 como primeiro ministro) e ao final desse novo mandato o autocrata terá 77 anos e se igualará a Stalin, com 30 anos no poder.

Crescendo "Nu" México - a fintech brasileira Nubank fechou uma parceria com a rede de supermercados Soriana. A parceria tem como objetivo resolver um dos principais problemas que dificulta o crescimento da empresa brasileira no México: a baixa quantidade de pessoas que usam crédito.

Acontece que na terra do Chespirito a população parou no tempo dos Astecas e ainda usa dinheiro físico para realizar pagamentos. Cerca de apenas 12% utilizam o crédito, enquanto no Brasil a utilização do crédito pela população é de 49%..

A ideia do Nubank é que as pessoas possam depositar em suas Cuenta Nu um valor de até $5 mil pesos mexicanos (equivalente a $1,5 mil reais) para usar nos supermercados Soriana.

DesUnião Brasil - no dia 12 de março, a casa do novo presidente do partido União Brasil, Antônio Rueda, pegou fogo. Como é de praxe na política brasileira as acusações estão rolando solta dentro do partido. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, saiu em defesa de Rueda e atacou o ex-presidente Luciano Bivar.

A disputa entre os caciques foi parar no TSE, para que seja investigado se houve ou não um crime eleitoral. Além disso, foi aberto um processo interno do partido, para a expulsão do parlamentar Luciano Bivar.

Escola Campos Neto de Economia - o Bacen foi eleito a autoridade monetária do ano pela Central Bank Awards 2024. Um dos principais elogios feitos à instituição comandada pelo Robertinho Trader foi a sua independência e todas as medidas tomadas para controlar os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia na economia brasileira.

Vale lembrar também que esse não é o primeiro prêmio que o Bacen recebe. Entre 2020 e 2023 foram 3 premiações diferentes.

Por hoje é isso pessoal, uma boa semana para todos e até a próxima edição do Diário.

O que está acontecendo com a economia da França?

Por Saulo Pereira

O que você imagina quando pensa na França? Talvez você possa pensar na Torre Eiffel, no time de futebol PSG ou até mesmo lembrar de Napoleão Bonaparte. De todo modo, não há dúvidas de que a França é um dos principais países da história. A influência francesa no mundo já foi tão grande, que no início do século XX o prefeito do Rio de Janeiro (então Distrito Federal), Francisco Pereira Passos, fez uma série de reformas urbanísticas inspiradas na cidade de Paris.

Acontece que hoje em dia a França perdeu bastante influência no cenário mundial. Além disso, as medidas de redução de carbono têm gerado uma série de protestos em toda a Europa e em especial na França, pois seus agricultores estão vendo seus produtos perderem competitividade para os produtos importados.

Vale lembrar também que os golpes de Estado no Níger e na Burkina Faso estão deixando a França numa situação complicadíssima. Dois terços da eletricidade do país vêm de usinas nucleares alimentadas por urânio provenientes do Níger. O golpe de Estado que aconteceu por lá colocou no poder grupos contrários aos franceses (confira mais detalhes desse golpe na edição 75 do Diário de Omaha ). Como a França se colocou nessa situação?

Para entender o que está acontecendo, vamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao século XVIII. Até a metade desse século, os franceses possuíam bastante colônias ao redor do mundo, mas após a Guerra dos Sete Anos eles foram obrigados a ceder diversas colônias às nações vencedoras (algumas dessas nações eram a Inglaterra e a Espanha). Foi nessa época que o Canadá passou a ser uma colônia inglesa.

Após isso, os franceses intensificaram sua presença na África. Com o Tratado de Berlim, que partilhou o continente africano entre as potências europeias, a presença francesa em terras africanas foi "legitimada". Era tanta colônia que somando o território a França estava 5x maior.

Para administrar tudo isso foi criada a África Ocidental Francesa e a África Equatorial Francesa. Essas duas regiões eram tão grandes que conseguiam influenciar outras regiões menores na África.

Mas aí chegou a Segunda Guerra Mundial e uma das fotos mais marcantes desse conflito é a de Hitler em frente à Torre Eiffel após derrotar a França. Acontece que com a derrota do exército francês, muitos grupos africanos perceberam que tinham uma chance de se rebelar e buscar independência para a sua nação. A França ainda tentou dar mais autonomia para as suas colônias e criar melhores condições, mas isso não foi suficiente para mantê-las como colônias.

Após se tornarem independentes, as antigas colônias (agora países), ainda tinham uma influência considerável francesa, através da moeda Franco CFA. Essa moeda inicialmente estava atrelada ao Franco francês. Após a adoção do Euro, o Franco CFA passou a ter um valor fixado à moeda europeia.

Isso não foi o pior dos mundos para as ex-colônias francesas. Afinal, com isso foi possível conseguir uma proximidade maior com o sistema financeiro europeu, além de ter uma inflação bem baixa. A Costa do Marfim, por exemplo, teve uma inflação média no últimos anos de 6%.

Mas como não existe almoço grátis, para manter essa estabilidade financeira a França obriga os países que usam o Franco CFA a depositarem 50% das suas reservas internacionais no tesouro francês.

Alguns países já se mostraram totalmente contrários ao Franco CFA, como é o caso do Chade. Em 2015 o seu presidente declarou que os paises africanos deveriam abandonar a moeda criada pela França. Com isso, muitas nações africanas têm sofrido com diversos golpes de Estado e instaurado governos hostis à França e mais favoráveis à Rússia.

Vale lembrar que a Rússía tem fornecido suporte tanto financeiro quanto militar para que esses golpes sejam bem sucedidos. Além disso, quando aconteceu a votação na ONU sobre a condenação da Rússia por ter invadido a Ucrânia, quase metade das abstenções foram de países africanos.

Caso esses governos africanos pró-Rússia passem a cortar o acesso francês aos recursos naturais dos seus países, a França poderá ter bastante problema no curto prazo. Exemplo disso é o urânio, pois o Níger é responsável por fornecer 20% de toda a importação frances.

Outro problema para a França é a própria União Europeia. Em 2023 o parlamento europeu aprovou uma reforma para tornar o continente neutro até 2050. Diversas medidas foram impostas aos agricultores europeus para adotarem práticas mais sustentáveis, uma vez que esse setor é responsável por cerca de 11% da emissão de gases de efeito estufa da UE.

Isso naturalmente desagradou diversos agricultores em toda a Europa, já que o custo para estar dentro das medidas da UE aumentou. Para tentar solucionar esse problema, a UE criou a Política Ágricola Comum (PAC) com o objetivo de subsidiar toda a produção. Ainda assim, não foi suficiente, e o lucro dos agricultores europeus continuou a cair. Outro fato que tem desagradado os agricultores do velho continente é a concorrência desleal com agricultores de fora da UE que não precisam seguir as mesmas regras que eles.

Isso tem causado uma série de protestos na Grécia, Alemanha e, principalmente, na França, que representa quase 20% da produção agrícola europeia. Para tentar conter essa onda de protestos, tanto a França quanto a UE não têm feito muitos esforços para que o acordo do Mercosul com a UE vá para frente.

Vale mencionar também o declínio do setor industrial francês. Mesmo que o país ainda seja um dos mais industrializados do mundo, de 1995 a 2015 perdeu 1/3 do emprego no setor industrial.

Agora, o governo francês sem dúvidas vai precisar tomar medidas firmes para que todos esses problemas não criem uma bola de neve no longo prazo. Vamos acompanhar.

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"A distância entre ação e resultado diminui com a consistência." — Shane Parrish

"Quem exige o mínimo de si exige o máximo da sociedade." — Sven Schnieders

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e [...]

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