Diário de Omaha

Diário de Omaha, Edição 64 - Cavalo X Automóvel

16min de leitura

Gabriel Boente

Gabriel Boente

Analista de Agronegócio

CAVALO VS AUTOMÓVEL

Por Thiago Duarte

“Ao Editor:

Li em seu número de 19 de setembro um editorial elogiando o automóvel como uma carroça agrícola para transportar creme. Acho que você está um pouco equivocado nisso: um jornal agrícola tentando acabar com o animal mais gentil e útil que já tivemos ou teremos.

Não acho que soe bem elogiar o automóvel em um jornal de agricultores. Minhas objeções são: Primeiro. O custo. Um agricultor não pode comprar um que seja útil por menos de $1500 a $2000. O juros sobre esse valor a 6% seria $120 por um ano. A depreciação seria de 50%, ou $1000.

Segundo. Você teria que ter um motorista, já que nenhum peão comum de rancho poderia ser confiável para conduzi-lo. A maquinaria é muito complicada e precisa da melhor atenção.

Terceiro. O óleo é um grande item, e teríamos que comprá-lo da Standard Oil Co., já que não podemos produzi-lo nós mesmos. O agricultor pode criar seus potros e ocasionalmente vender um par com lucro, além de usá-los enquanto estão crescendo. Então, você diz que eles podem ir em qualquer tipo de estrada. Você não sabe nada sobre a capacidade deles, ou não diria isso.

Se você tivesse visto tantos atolados na lama e barrados em uma colina como eu, você seria mais sábio. *Eles estão constantemente se estragando e te deixando na estrada, para ser rebocado até a garagem. Você não pode colocar nada dentro de um. Se quiser pegar algo, você tem que engatar o velho cavalo e a carroça. Eles são ótimos para aqueles que têm muito dinheiro e tempo.*

Espero que você não tente nos colocar, caipiras, em mais problemas ao incentivar o uso do automóvel. *Queremos algo que possamos criar nós mesmos, assim como a ração que o mantém em movimento. Assim como a bicicleta, eles são uma moda passageira e, como muitas outras, vão desaparecer. Vejo muitos dos nossos criadores de cavalos andando em automóveis e incentivando as pessoas a comprar seus "cavalos". Coerência, tu és uma jóia!*

Como amigo dos agricultores, espero que você não favoreça o automóvel em detrimento do bom e velho servo, *o cavalo. Em termos de economia, o automóvel não está no páreo. Ele é destruidor de estradas e uma ameaça para as pessoas que dirigem. Está ficando arriscado dirigir nas rodovias. As juntas de supervisores estão entregando nossas estradas para carros elétricos e automóveis. James Mii.i.ak. Dixon, Califórnia.”*

imagem comparando cavalo e carro

Essa carta que você acabou de ler foi escrita em outubro de 1908, para o editor do jornal Pacific Rural Press, Volume 76, quando a indústria automobilística estava nascendo e jornais de papel eram o principal veículo de mídia. Até parece ser muito tempo atrás, mas uma conta rápida deve te levar no máximo até o tempo de sua bisavó.

O século XX foi uma máquina de evolução tecnológica e guerras — que muitas vezes funcionaram como tração dessa evolução (mesmo que a um custo muito alto). O século XXI, por sua vez, não anda ficando para trás (tanto com guerras, quanto com evolução tecnológica).

Se o século XX nos presenteou com algumas inovações que mudaram o rumo da humanidade — carros, aviões, telefone, TV, antibióticos, computador pessoal e internet —, o século XXI, em apenas 2 décadas, já contribuiu com inúmeros avanços nas áreas de: telecomunicação, biotecnologia, inteligência artificial, blockchain, robótica, realidade virtual e aumentada e internet das coisas.

Mas a bola da vez é a Inteligência Artificial (IA) e vou te mostrar o motivo, na prática. A começar pela carta acima, que foi encontrada por mim em inglês. Claro, eu poderia perder uns 30 minutos transcrevendo e traduzindo a carta, mas preferi usar o ChatGPT que fez isso por mim em segundos.

Depois disso, perguntei pra ele quais as principais inovações tecnológicas do século XX, e ele fez uma lista das 6 melhores, que citei dois parágrafos acima, mas com ressalvas. Afinal, ele falou que a invenção da lâmpada foi uma delas, mas ela é uma invenção do século XIX (1879). E falou que os aviões foram inventados pelos irmãos Wright, uma clara afronta ao nosso querido Santos Dumont.

Em seguida, ele me falou quais as principais inovações do século XXI. Mas essas eu preferi reduzir aos setores de cada uma, já que foram muitas.

Por fim, perguntei para ele como a Inteligência artificial pode afetar nossas vidas. Até porque, é fato que parece que estamos diante de um novo marco para a humanidade. Ou, como Safi Bahcall definiu: um [loonshot.](https://amzn.to/3qhPeLv)

Um loonshot é definido como uma descoberta tecnológica que interrompe o tecido da sociedade, mas antes de ser aclamado mundialmente, é rejeitado, trivializado e demonizado. Ou seja, antes da IA ser completamente incorporada ao nosso cotidiano — como a eletricidade, carros, aviões e internet —, é bem provável que muita gente se mostre resistente. Inclusive, como aconteceu com todas essas outras tecnologias citadas, vai haver regulação estatal.

Mas a pergunta da década é: quão profundamente o nosso cotidiano será afetado?

imagem comparando cavalo e carro

Eu- não sei. Por isso, para finalizar esse texto, resolvi perguntar  para o ChatGPT. Tudo o que segue abaixo foi inteiramente escrito por ele, sem que eu trocasse nenhuma vírgula. Quanto a- você- cabe a reflexão.

“A Inteligência Artificial (IA) é uma área da ciência da computação que busca desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem a inteligência humana. Essa tecnologia tem avançado rapidamente e está cada vez mais presente em nossas vidas, trazendo benefícios e impactando diversas áreas.

A IA possui o potencial de transformar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Uma das principais vantagens da IA é a capacidade de processar grandes volumes de dados de maneira rápida e eficiente, permitindo análises e tomadas de decisão mais precisas. Isso pode ser especialmente útil em áreas como medicina, finanças e pesquisa científica, onde grandes quantidades de informações precisam ser analisadas e interpretadas.

Em termos práticos, a IA pode nos auxiliar em diversas tarefas cotidianas. Por exemplo, assistentes virtuais como a Siri, da Apple, e a Alexa, da Amazon, utilizam IA para entender e responder a comandos de voz, tornando mais fácil a realização de tarefas simples, como obter informações, fazer compras ou controlar dispositivos inteligentes em casa.

Além disso, a IA também tem o potencial de melhorar a eficiência e a produtividade no ambiente de trabalho. Por exemplo, chatbots alimentados por IA podem responder a perguntas frequentes de clientes em tempo real, liberando a equipe de suporte para lidar com questões mais complexas. Algoritmos de IA também podem analisar grandes quantidades de dados para identificar padrões e tendências, auxiliando na tomada de decisões estratégicas e no desenvolvimento de soluções mais eficazes.

A IA também está sendo aplicada em setores como transporte e mobilidade. Carros autônomos estão se tornando uma realidade, utilizando sistemas de IA para interpretar o ambiente ao redor e tomar decisões de direção. Isso tem o potencial de aumentar a segurança nas estradas e tornar o transporte mais eficiente.

No campo da saúde, a IA pode ajudar no diagnóstico precoce de doenças, analisando imagens médicas e identificando padrões que podem indicar a presença de condições como câncer ou doenças cardíacas. Além disso, a IA pode ser utilizada na descoberta de novos medicamentos, acelerando o processo de pesquisa e desenvolvimento.

Apesar de todas as vantagens da IA, também existem preocupações e desafios a serem considerados. Questões éticas, como privacidade e segurança dos dados, bem como o impacto no mercado de trabalho, são tópicos que precisam ser discutidos e regulamentados de forma adequada.

Em resumo, a IA tem o potencial de trazer inúmeros benefícios para nossas vidas, tornando tarefas mais fáceis, melhorando a eficiência e auxiliando na tomada de decisões. Com o avanço contínuo da tecnologia, é importante explorar e utilizar a IA de maneira responsável e ética, aproveitando seus benefícios enquanto enfrentamos os desafios que ela apresenta.”

Ps: as imagens do texto também foram criadas com IA, usando o criador de imagens do Bing, que usa a plataforma DALL-E.

😎Fala Dudu!

Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói

Por @dudufromniteroi

Bom dia, meus sobrinhos!

Chegando mais uma terça pra vocês. Após a experiência do show da Lana del Rey, o estagiário veio recitar o refrão de "Young and Beautiful" pra mim, perguntando se eu ainda iria amar quando ele já não fosse mais jovem e belo.

Prontamente respondi que ele não era belo. Além disso, um estagiário velho se chama Analista Júnior, o que não vai ser pois estragou minha música. Vaga reaberta.

Vamos pras notícias da semana passada?

O PESADELO GLOBAL

  • Eu sou um cara relativamente corajoso, já que passei por poucas e boas na vida (inclusive uma viagem ao Inferno de Dante). Mas, porém, contudo, todavia, eu tenho um único medo que tira meu sono: a Argentinização do mundo (sim, tudo virar a Argentina).

Esse medo chegou perto de se consolidar na Copa de 2014. Imagina só se os caras papam a Copa em pleno Maracanã? Seria o apocalipse.

Na semana passada, algumas notícias chegaram perto de MATERIALIZAR a possibilidade deste medo. Primeiro, a mais concreta, foi a reeleição de Erdogan na Turquia. Claramente, reeleger um presidente populista meio autoritário, que está há décadas no poder e mergulhou o país na pior inflação do século por conta de uma política econômica imbecil é uma demonstração de Argentinização fortíssima.

A outra notícia era a possibilidade dos EUA DEFAULTAREM (dar um calote na dívida). Mais argentino que isso, só ser hostil com Brasileiros a troco de nada. Pra melhorar, uma ideia genial passou pelo radar americano para resolver este BO: fabricarem uma MOEDA DE 1 TRILHÃO DE DÓLARES pra pagar a dívida (teria só que ver o tamanho da moeda e quem aceitaria o troco). Inventar moeda maluca pra pagar a dívida? Si, se puede.

CURRICULUM VITAE

  • Quando você, jovem ou adulto, vai montar seu currículo, idealmente você coloca suas experiências e qualificações para concorrer a alguma vaga de emprego. A dica é sempre focar nas melhores qualidades específicas para a vaga que você está aplicando ali. A questão é que no Brasil, há uma qualificação que é o super trunfo de qualquer qualificação (pois ganha de todas): o tal do QI - Quem Indica.

Por exemplo, na semana passada saiu a notícia da nomeação de uma nova assessora especial do gabinete do Presidente Lula. Pode ter a qualificação que for, a mais SOBRESSALENTE era notória: Margarida Quadro foi sócia de Janja até ano retrasado.

Entretanto, ainda existem pessoas de pensamento RETRÓGRADO neste país. Prova disso foi que a Justiça afastou o recém nomeado João Fukunaga da presidência do Previ, o maior fundo de previdência da América Latina. O fato dele ter sido sindicalista a vida toda, quase não desempenhado funções no Banco do Brasil (pois estava ocupado com a causa), deveria ser exaltado. Agora pra trabalhar com gestão de bilhões precisa ter gerido bilhões???? Absurdo

CAIU DE MADURO

  • Ontem, no Palácio do Planalto, o mais bigodudo dos ditadores, Nicolás Maduro, se reuniu com o presidente Lula. O motivo é mais por protocolo, já que um governo do PT não seria LEGÍTIMO se não houvesse um aceno à Venezuela.

Aliás, uma curiosidade é que Maduro está na

lista de procurados

do Departamento de Estado dos EUA, desde 2020. Aliás, o Tio Sam oferece uma recompensa de R$15 milhões de dólares a quem prender e entregar nosso amigo bolivarianista.

Como o arcabouço fiscal está sendo amplamente debatido e que precisamos encontrar novas receitas para fechar a conta, tá aí uma boa oportunidade para o Brasil começar a caçar personas non gratas dos americanos. Infelizmente, caçar americanos não seria uma boa, pois eles iriam começar a fazer filmes onde a gente perde pro Michael B Jordan no boxe e nada pior que perder uma guerra fria no soco.

E foi isso, meus lindinhos. A temperatura segue baixa em Niterói, mas a carteira e a expectativa para a festa junina segue em all time high.

Até semana que vem!

Metaverso: bolha ou revolução?

Por @Saulo Pereira

imagem comparando cavalo e carro

Se você pudesse voltar no tempo para o ano de 1900 e levar todo o seu conhecimento para compartilhar com a população, o que você acha que as pessoas iriam pensar da sua ideia? Bom, se você for do ramo da tecnologia em geral, muito provavelmente a maioria das pessoas não vão te dar muita atenção.

Por exemplo, hoje em dia quase todo mundo sabe explicar a ideia da internet e utilizá-la em benefício próprio. Agora, imagina explicar para alguém vivendo no início do século XX que a internet é algo que no futuro vai conectar a sociedade mundial e possibilitar o comércio entre indivíduos de diferentes continentes em questão de minutos?

Provavelmente a reação dessa pessoa seria: “do que você tá falando, cara?”. E seguiria sua vida normalmente.  Compreender como uma nova tecnologia impactará nossas vidas no futuro é algo que é praticamente impossível de ser feito. Mas onde quero chegar com isso?

Em 1992, o conceito de metaverso foi apresentado ao mundo pela primeira vez com o livro Snow Crash, do Neal Stephenson. Mas esse conceito só ganhou popularidade há poucos anos, quando o Facebook mudo seu nome para Meta (M1TA34).

De maneira simples, metaverso é um universo virtual que reproduz tudo que existe no mundo real, mas sem as limitações que temos na realidade. Eu sei, você ainda pode ser cético quanto ao tema. Mas tem uma galera pesada colocando grana nisso. Não é só o Mark Zuckerberg. Além da Meta, que já investiu $100 bilhões de dólares no projeto, a Microsoft (MSFT34), por exemplo, foi uma das outras empresas que também colocou bastante dinheiro nessa ideia.

E para chamar sua atenção para a importância da pesquisa no segmento, a gente precisa te lembrar sobre os avanços que o metaverso pode trazer para a medicina.

A telemedicina ganhou muita força nos últimos anos e com o avanço da tecnologia de Realidade Virtual as consultas com profissionais da área poderão deixar de ser restritas apenas à região onde uma  pessoa mora. Imagine conseguir se consultar, de forma eficaz, sem sair de casa? Agora imagine o impacto disso para quem realmente não consegue sair de casa por problemas de mobilidade (pessoas com doenças degenerativas e/ou deficiências físicas)?

Já dá para perceber um impacto além dos jogos virtuais e NFT’s, né?

Mesmo esses projetos com fins menos nobres, e ainda que muitas empresas estejam abandonando seus projetos iniciais de metaverso, outras continuam comprando espaço dentro dele, como é o caso da Adidas (ETR: ADS), que conseguiu lucrar $22 milhões de dólares com a venda de NFTs. Não é à toa que o JP Morgan acredita que o metaverso possa gerar $1 trilhão de dólares em oportunidades.

Mas como funciona a economia dentro do metaverso?

Não é muito diferente do funcionamento de uma rede social comum: coletando, vendendo dados e oferecendo anúncios, mas de uma forma muito mais eficiente, já que lá o usuário pode fazer muito mais coisas que nas redes sociais. .

Imagina um universo onde literalmente tudo que você faz pode ser registrado por um algoritmo, para tentar entender os seus padrões e te recomendar cada vez mais coisas de acordo com o seu gosto pessoal? Além disso, caso a experiência dentro do metaverso se torne muito prazerosa, como navegar nas redes sociais, a tendência é que as pessoas passem ainda mais tempo conectadas.

O primeiro problema é que o marketing dentro do metaverso ainda precisa melhorar, porque enquanto nas redes sociais tradicionais as propagandas são feitas com base nos interesses do usuário, isso ainda não acontece no metaverso, onde as propagandas são feitas com base nos interesses das empresas.

O segundo problema é que, atualmente, o metaverso  vem perdendo o interesse do público.

imagem comparando cavalo e carro

Por fim, o terceiro problema é o preço dos equipamentos necessários para acessar um ambiente de realidade virtual. Um Oculus Quest 2 da Meta pode chegar a salgados R$ 4.000, claramente pouco acessível  para a maioria da população mundial.

Isso não  significa que o metaverso nunca irá funcionar. Se olharmos nossa história, uma coisa bastante comum era não acreditarmos que uma invenção recém chegada pudesse revolucionar  o mundo. Temos como exemplo o telefone. Na época do seu surgimento, muitas pessoas o descreveram como “aparelhos com óbvias limitações e não muito diferente de um brinquedo”.

Apenas no futuro saberemos se o metaverso será uma dessas tecnologias revolucionárias que ninguém acredita. A sua ideia não é essencialmente ruim, mas não é todo mundo que conhece todas as suas implicações ou que tem condições financeiras de comprar os aparelhos necessários, e isso acaba atrapalhando o seu avanço.

Talvez a ideia do metaverso para nós hoje seja parecido com o conceito da internet para uma pessoa vivendo no início dos anos 1900.

⏳ Atemporalidades

Leia agora, leve pra vida.

imagem comparando cavalo e carro

“A única reunião que eu tive com Obama, enquanto presidente, eu usei para encorajar regulação para IA e não para promover a Tesla ou a SpaceX.”

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e [...]

Boa semana e bons negócios!

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