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TEGUP: a caçadora de inovações - Diário de Omaha 46

14min de leitura

Matheus Nóbrega

Matheus Nóbrega

Analista de Energia

TEGUP: a caçadora de inovações

Por Thiago Duarte

A operação da Tegma e de suas principais concorrentes — Sada e Transauto — são muito parecidas e não dá pra falar em vantagem competitiva entre elas. Porém, a Tegma possui um diferencial que, talvez, possa se transformar numa vantagem competitiva: maior atenção dada à inovação.

A Tegup é uma aceleradora de startups, que busca empresas em estágio de validação ou crescimento. Se a startup já tiver recebido algum investimento pre-seedseed e até Series A+, melhor ainda.

imagem do escritorio da teg up

A ideia é buscar soluções inovadoras para o setor de logística brasileiro. Por isso, os regulamentos dos programas de investimento geralmente buscam por serviços que talvez nem existam ainda, o que justifica a Tegma investir em momentos tão iniciais como os que falamos agora há pouco.

É claro que é sempre bom que o produto seja minimamente validado, mas a depender do problema a ser solucionado, nem isso vai ser possível. A vantagem de entrar tão cedo é que a Tegma pode achar algum tesouro escondido que depois pode virar uma parte importante na otimização de processos dentro da sua própria operação.

Por exemplo, a Frete Rápido, uma das investidas da Tegma, criou uma plataforma para unir empresas de e-commerce e transportadoras direto na compra do produto. Ela funciona como um hub. Quando o cliente chega na última etapa da compra, antes de encerrar seu "carrinho", o sistema lhe oferece, em tempo real, as melhores opções de frete, o que lhe permite avaliar preço e prazo para o transporte da mercadoria.

Uma vez escolhido o frete mais adequado, a ferramenta se encarrega de automatizar todo o processo de transporte e entrega, desde o encaminhamento do pedido de coleta à transportadora até o acesso ao rastreamento do transporte do produto em todas as etapas.

A Tegma fez um investimento na Frete Rápido de R$ 1,4 milhão em 2018. No final de 2021, o Conselho aprovou o desinvestimento e a Tegma vendeu a sua participação por R$ 4 milhões. Baita investimento, né?

Mas a bola da vez é Rabbot! Ela é uma startup que funciona como uma orquestradora que automatiza todas as jornadas de gestão de frota e equipamentos. A Rabbot congrega as informações de sistemas como o WMS e o TMS — que vimos no modelo de negócios — e automatiza várias tarefas que antes demandavam a mão humana. Por exemplo, enviar um e-mail para um fornecedor e agendar a manutenção preventiva de um veículo.

O objetivo é automatizar de forma inteligente processos menos complexos, para que a atenção humana fique voltada para onde ela realmente seja necessária. Os dados para alimentar o sistema e afinar a orquestra podem ser lançados à mão ou então coletados em tempo real por sensores ou rastreadores conectados via APIs ao sistema da Rabbot.

Segundo a startupalguns clientes já conseguiram chegar a uma disponibilidade de frota de 99,64%, quando o benchmark era de 80%.😱

A Rabbot já tem 5 anos de mercado e clientes grandes, como a Movida (MOVI3), a Porto Seguro (PSSA3), a Uber e a própria Tegma. O investimento feito no finalzinho de 2019 pela Tegup foi de R$ 3,2 milhões, na forma de debêntures. Essas debêntures foram convertidas agora, em abril, em ações da startup. Adicionalmente, em maio, a Tegma adquiriu mais ações da Rabbot, num total de R$ 4 milhões, que correspondem a uma participação acionária final de 16,2%. Ao que parece, não deve rolar um desinvestimento tão cedo por aqui. Isso se rolar, de fato.

É claro que o objetivo da Tegup não é ter ganho financeiro com a compra e venda de participações acionárias em startups, como rolou com a Frete Rápido. O objetivo é achar soluções que possam servir para otimizar a operação da empresa e, com isso, ganhar melhor rentabilidade.

Porém, isso não quer dizer que unicórnios perdidos por aí não possam ser encontrados pela Tegup.

Se você quiser saber mais sobre a Tegma (TGMA3), maior operadora de logística automotiva da bolsa, ela é a próxima empresa a entrar no VBOX. Clique aqui e já garanta sua assinatura, que o pipeline do ano que vem promete.

AES: dos EUA ao Tietê

Por Matheus Nóbrega

Para quem não sabe, a AES Corporation é um Grupo americano que controla várias empresas de energia. Ele possui várias companhias espalhadas ao redor do mundo e é claro, no Brasil. Para entender a história da empresa que vamos falar nesse relatório, é preciso entender o contexto que fez a AES Corporation dar os seus primeiros passos no país do futebol.

No período de 1995 a 2002, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, o país passou por um um momento de abertura econômica. Nessa época foi criada a Lei das Concessões, que permitiu a transferência de empresas de infraestrutura para a iniciativa privada, as famosas privatizações. Para você ter uma ideia, nesse período, só o setor de energia registrou mais de 20 empresas sendo privatizadas. Durante esses anos, o grupo fez fortes investimentos no país e arrematou desde empresas de distribuição de energia até empresas de telecomunicações.

Nem mesmo o Bug do Milênio foi páreo para a AES Corporation. Após a virada do milênio, e com a certeza de que o mundo não ia acabar, o grupo saiu lá da Virgínia (EUA) e aterrissou na terra tupiniquim. Surfando a onda de privatizações que acontecia no Brasil, o grupo veio com tudo para arrematar a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê.

Ela era uma das três empresas que surgiram no processo de cisão da Companhia Energética de São Paulo (CESP). A empresa tinha acabado de ser criada e o seu portfólio era constituído com nada mais nada menos que 12 usinas hidrelétricas. O plano foi executado com sucesso e a AES Corporation voltou para casa com o controle da companhia. Um ano depois, a empresa deixou de ser chamada Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê e virou a AES Tietê.

Como nem tudo são flores, em 2003 as empresas que o grupo controlava passaram por tempos difíceis no nosso país.

imagem do logo das empresas aes

Algumas delas deviam uma grana para o BNDES. Com isso, para conseguir renegociar as dívidas, a AES Corporation resolveu fazer uma reestruturação das suas empresas brasileiras. Com a nova reestruturação, uma holding foi criada, a Brasiliana Energia. Ela nasceu com a finalidade de controlar todas as empresas que a AES Corporation tinha aqui no país.

Como a AES Corporation devia ao BNDES, a saída foi dar um pedaço da Brasiliana Energia para eles como forma de quitar as dívidas existentes. Neste cenário, com apenas uma ação a mais que o BNDES, a AES Corporation detinha o controle da Brasiliana e indiretamente o controle da AES Tietê.

imagem do logo da empresa aes

Em 2015 rolou mais uma reorganização societária. Dessa vez, a AES Tietê deixou o Grupo Brasiliana Participações e começou a caminhar com as próprias pernas. Com a saída, a AES Tietê passou a ser controlada diretamente pela AES Corporation, e a Brasiliana Participações ficou encarregada das demais companhias.

Agora podemos deixar a Brasiliana de lado e focar no que interessa, a AES Tietê. É a partir desse último episódio que a AES Tietê muda o seu nome para AES Tietê Energia e o seu ticker na bolsa e sobe um nível na governança corporativa. A empresa, que até então era negociada GETI3/GETI4, sobe para o Nível 2 de governança. Com isso, suas ações começaram a ser negociadas por meio de Units com ticker TIET11.

Em 2016 a empresa fez uma subscrição e captou nada mais nada menos que 154 milhões de reais. Com a grana no bolso, a empresa aproveitou para adquirir 2 novas sociedades, uma para atuar no setor de serviços e a outra oferecendo soluções de energia.

Nesses últimos cinco anos parece que foi o momento em que a AES Tietê virou a chave e deu início a uma série de investimentos para tornar o seu portfólio de usinas mais diversificado. A empresa realizou uma série de aquisições de complexos eólicos.

O primeiro passo desse plano de expansão foi dado quando a empresa comprou o Complexo Eólico Alto Sertão II, localizado no estado da Bahia. A aquisição foi um marco. Alto Sertão II chegou como o primeiro projeto eólico da companhia e como a primeira usina que não era uma hidrelétrica.

No mesmo ano, mais uma usina foi incorporada, dessa vez foi o Complexo Eólico de Ouroeste. De quebra, o complexo também contava com uma usina de energia solar, que é a planta de Boa Hora. No final de 2017, a companhia arrematou um projeto para expandir o Complexo de Ouroeste com a construção de uma nova planta, a de Água Vermelha.

O ano de 2020 foi bem agitado para a empresa. Além de comprar mais complexos eólicos — o Complexo de Cajuína (1,1GW) e o Complexo Tucano (167,4 MW) —, a AES Corporation quase perdeu o controle da empresa para a Eneva (ENEV3). No final das contas deu tudo certo para a AES Corporation. De quebra, ela ainda conseguiu aumentar a sua participação na empresa, comprando uma boa parte das ações que estavam nas mãos do BNDES.

Pra fechar, em 2021 aconteceu mais uma reorganização societária e a entrada da empresa no nível mais alto de governança corporativa da B3. Nessa última reestruturação, a AES Brasil foi criada com a função de controlar a AES Tietê e as novas empresas que serão incorporadas ao longo dos anos. Com a mudança, as ações da AES Tietê, que eram negociadas na bolsa, viraram ações da AES Brasil, que agora são negociadas com o ticker AESB3.

Em 2021, a AES Brasil registrou uma Receita Líquida de R$ 1,95 bilhão. Essa grana vem através da geração de energia dos 4,7 GW de capacidade instalada que a empresa possui em operação, divididos entre fontes hídrica, eólica e solar.

imagem da capacidade de geração instalada

Ficou curioso sobre a AES? Fica ligado que ela é a próxima empresa do setor elétrico a entrar no VBOX!

😎Fala Dudu!

Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói

Por @dudufromniteroi

Fala, meus sobrinhos. Dudu from Niterói diretamente do aeroporto de Doha.

Pra vocês, meus sobrinhos lindos, não ficarem desamparados, eu acabei de encerrar um processo seletivo para estagiários de ciência de dados, pois eu e meus sócios vamos criar um mercado de balcão para a Farofa da Gkay. Mais notícias em breve.

Bora pras notícias de ontem

AINDA EXISTE BOBO NO FUTEBOL? - A líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim, afirmou que o partido NÃO deve integrar a base do governo do PT no próximo ciclo. Eu também não quero voltar com a minha ex. Em ambos os casos, a gente está se enganando.

1984 - Um estado ditatorial e fundamentalista que controla e dita como você deve se comportar. Isso é tanto a distopia de George Orwell, quanto a rotina das mulheres iranianas. Após uma onda enorme de protestos (que já falei aqui várias vezes), o governo do Irã decidiu abolir a polícia dos costumes.

O negócio é que você pode esconder a arma, mas a intenção de matar não some da noite pro dia. Esperamos que não seja só pra inglês ver (mas é o que provavelmente rolou).

ESCÂNDALO - Nesses dias, saiu um vídeo dos jogadores da seleção se divertindo no restaurante daquele chef que salga a carne que nem um bobo. Tal rolé gerou muitas críticas de pessoas completamente desocupadas, pois "é um absurdo que jogadores da seleção gastem o próprio dinheiro com uma carne folheada a ouro, com o país nessa crise".

Bem, além desse restaurante e prato serem um dos queridinhos dos melhores ditadores sanguinários do mundo, o maior escândalo mesmo é pagar 3 mil reais em um bife.

Importante destacar que quem faz parte do bonde noventista, como eu, a gente já comeu muito docinho de casamento folheado a ouro e bolo molhado com guaraná (saudades).

E foi isso, meus lindos. Beijos do tio Dudu e perdão pelo incômodo.

⏳ Atemporalidades

Leia agora, leve pra vida.

Renda anual: 20 libras; gasto anual: 19; resultado: felicidade.

Renda anual: 20 libras; gasto anual: 20,50 libras; resultado: miséria.

— Charles Dickens, David Copperfield

O maior de todos os dons é o poder de estimar as coisas pelo seu valor real. — La Rochefoucauld, Reflexões ou sentenças máximas morais

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e gastem menos do que ganham neste fim de ano.

Boa semana e bons negócios!

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