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Quem é Alexandre Negrão: o Presidente do Conselho da Aeris

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Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

Alexandre é formado em publicidade pela PUC de Campinas. Ele atuou na Medley, de 1986 até 1998, como CEO.

Então deixou o comando da diretoria pra ficar apenas no Conselho da empresa. Isso até 2009, quando ela foi vendida pra Sanofi.

Em 2010 ele fundou a Aeris, atuando como Presidente do Conselho de Administração desde então.

Ironicamente, embora seja o manda-chuva de uma empresa que se gaba de ter a sigla ESG5 cravada em seu core business, Negrão coleciona alguns problemas ambientais.

Em Paraty, no Rio de Janeiro, ele construiu uma mansão na beira da praia (parte dela em cima de um rio desviado), tendo a obra embargada quatro vezes pelo IBAMA. Mesmo assim, Negrão não paralisou a construção.

Mas não é só com o IBAMA que ele já se complicou. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) teve 14 processos contra Negrão, referentes a crimes ambientais e 1 de construções sem licença.

E nem são apenas questões ambientais que marcaram o histórico de Negrão.

Ele foi indiciado pela CPI do Narcotráfico, em 1999, por sonegação fiscal e remessa ilegal de divisas ao exterior.

Antes disso, Negrão também foi um dos empresários investigados pela CPI do Esquema PC Farias, que culminou no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.

Ele teria depositado US$ 1,5 milhão no esquema com o objetivo de conseguir a liberação de recursos da Central de Medicamentos (CEME).

A advogada de Negrão diz que todas as ações criminais propostas contra o cliente dela “foram concluídas e encerradas sem qualquer condenação judicial”.

À parte os seus extintos problemas jurídicos, Negrão também chama atenção pela forma como conduzia o seu antigo negócio.

A moda das empresas farmacêuticas patrocinarem equipes da Stock Car começou nos anos 2000, justamente com Alexandre, conhecido no meio automobilístico por Xandy Negrão.

Como dono da Medley, ele usava a própria empresa como patrocinadora e fazia o papel de piloto da equipe que também contava com o seu filho.

Entretanto, os carros não eram a única despesa extra-empresa que a Medley bancava.

A venda da Medley para a Sanofi pode parecer uma história de sucesso empresarial, mas o fato é que a fabricante de medicamentos brasileira estava mal das pernas.

Quando a Sanofi comprou a Medley, ela estava sem acesso a crédito para compra de matéria-prima, tinha fábricas fechadas e estava sem vender havia três meses.

Um dos motivos para a falta de capital de giro era justamente a “gestão” de Xandy, que fazia jus ao ditado “caixão não tem gaveta”

Ele retirava até 80 milhões ao ano do caixa da empresa para gastar com despesas pessoais.

Além de patrocinar a sua equipe da Stock Car, Negrão também gastava com seu Global 5000, um dos maiores jatos do país, usado pra passar os finais de semana em suas casas na Europa. Por último, os 20 funcionários de uma de suas casas de praia em Paraty eram pagos também pela Medley.

A empresa sobreviveu bem a esse tipo de gasto por anos e, como o dono de 100% da empresa era Xandy, ele podia muito bem gastar essa grana como bem entendesse. Mas a conta chegou com a Crise de 2008, quando os bancos pararam de fazer empréstimos.

Quem tinha feito o seu pé de meia conseguiu sobreviver à fase mais crítica da crise; quem não tinha teve que dar os seus pulos.

A Sanofi chegou em 2009 com uma proposta de R$ 1,5 bilhão, que Negrão prontamente aceitou. O valor foi uma verdadeira bolada, mas foi R$ 1 bilhão menor do que a Sanofi já tinha oferecido pela Medley em 2007.

Durante as campanhas eleitorais de 2022, Negrão doou R$ 500 mil reais ao PDT.

O partido, que tinha como candidatos Ciro Gomes à presidência e Roberto Cláudio ao cargo de governador do Ceará, tem mais força no mesmo estado em que a Aeris está sediada.

A região do Porto do Pecém oferece incentivos fiscais que possibilitam a redução do IR (Imposto de Renda), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e do ISS (Imposto Sobre Serviços).

A legislação proíbe a doação de recursos de empresas diretamente para candidatos ou partidos.

Os donos das empresas, porém, como pessoas físicas podem fazer doações. Negrão e Aeris afirmaram que a doação foi feita “em caráter pessoal e segue as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis”

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