Vale do Jequitinhonha ou Vale do Lítio?
Por Thiago Duarte
Em pleno Vale do Jequitinhonha — região do nordeste mineiro — já está acontecendo, desde abril, a mineração de lítio. A empreitada é tocada pela Sigma Lithium, empresa listada nas bolsas do Canadá, na Nasdaq e agora no Brasil..
Apesar do ar Canadense, a maioria dos controladores são brasileiros. Inclusive a CEO, Ana Cabral, que é sócia da A10 Investimentos, um fundo de private equity brasileiro, que detém 46% de participação na Sigma.
O BDR é S2GM34 e foi uma iniciativa da B3. Portanto, ele é do tipo não patrocinado, ou seja, a disponibilização do papel na B3 não foi uma iniciativa da empresa, que não está captando novos recursos. Como um BDR é apenas um recibo que a instituição depositária te passa, na prática o que acontece é que o Banco da B3 compra a ação da empresa lá fora e emite o BDR aqui, que fica disponível para negociação. Logo, ao comprar o BDR, você tem direito ao equivalente em ações compradas lá fora e depositadas no banco. Ou seja, você não tem as ações diretamente. Isso até gera um probleminha, sobre o qual eu já tratei em um vídeo do canal.
De volta ao assunto principal, o fato é que a empresa já saiu da fase pré-operacional. E o lançamento do BDR ontem (24/07) aconteceu apenas 3 dias antes do primeiro embarque de lítio para a China, que deve acontecer nesta quinta-feira. Isso mesmo, a Sigma vai servir à demanda da chinesa Yahua. Nessa primeira leva serão 15 mil toneladas de lítio pré-químico premium e outras 15 mil toneladas de rejeitos ultrafinos, empilhados a seco. O plano é embarcar 130 mil toneladas do primeiro e 200 mil toneladas do último, ainda este ano.
Esse material produzido pela Lithium Sigma é usado na fabricação de baterias de carros elétricos, cuja produção vem crescendo de maneira acentuada nos últimos anos. Apesar do empilhamento a seco dos rejeitos custar quase o dobro do processo tradicional, ele é menos nocivo ao meio ambiente. Segundo a CEO, a venda dos rejeitos já cobre o custo operacional da produção inteira. Além disso, a indústria de carros verdes está preocupada com a cadeia de fornecimento e anda exigindo lítio verde com padrão máximo de qualidade.
O projeto levou 6 anos para começar a operar na mina da Grota do Cirilo. Mas a Sigma Lithium não é a única empresa por lá. As outras são a Atlas Lithium, a Lithium Resources e a Lithium Ionic. Com isso, o Vale do Jequitinhonha já até está sendo chamado por outro nome: Vale do Lítio.
Rumo ao Mato Grosso!
Por Thiago Duarte
Que o Mato Grosso é uma potência quando o assunto é exportação de grãos, isso todo mundo já sabe. O que nem todo mundo sabe é que lá funciona o maior terminal de transbordo de grãos do país, cuja dona é a Rumo (RAIL3). É o Terminal de Rondonópolis.
Em 2022 somente ele, sozinho, suportou 20 milhões de toneladas em carregamentos, e o mínimo que se espera é que a empresa não perca market sheeran 2023. Ou seja, não é à toa que a Rumo anda querendo expandir suas operações por lá.
Existem projeções do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) de que a produção de grãos no MT deve aumentar em até 33% até 2030. A exportação, por sua vez, tem projeção do mesmo órgão para crescer até 59% em 2030.
Esses valores são maiores que os valores projetados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que prevê um crescimento médio para a produção de grãos no país na casa de 29% até 2030.
Em teoria, como o principal mercado da Rumo está no Mato Grosso, espera-se que ela cresça em volume transportado acompanhando o crescimento da produção desse estado. Pelo menos em se tratando de transporte de soja, farelo de soja e milho.
De olho nisso, os planos de expansão da Rumo já estão em andamento. O projeto é conseguir expandir a malha ferroviária e estabelecer terminais, a partir de Rondonópolis, que cheguem até Lucas do Rio Verde (no centro do estado), passando por terminais em Campo Verde, Cuiabá e Nova Mutum.
Essa linha foi concedida através de uma autorização estatal, sem taxa de concessão, com uma regulação menos restritiva que a federal e com prazo de 45 anos, renovável por períodos iguais e sucessivos. O que a Rumo precisa fazer é completar o projeto de instauração.
Segundo o contrato de autorização, o cronograma de finalização do projeto prevê 4 fases de implantação, uma para cada terminal, começando por Campo Grande, em um total de 730 km de linha férrea. O prazo mínimo de implantação de todos os terminais, se tudo der certo, é 2028, ou seja, um terminal por ano a partir de 2025. Mas existe uma flexibilidade de 2 anos de atraso, sem justificativa, para cada terminal, que pode ser estendida por mais 3 anos, desde que haja justificativa. Isso quer dizer que se tudo der errado, o projeto completo só deve ficar pronto em 2033.
Em outras palavras, além de um possível crescimento da produção agrícola no estado — maior que a média do país —, há a expansão da operação que vai permitir à empresa atingir mais clientes.
A primeira fase envolve a construção de 211 km de ferrovia até Campo Verde, cujo Capex deve ir de R$ 4 bilhões a R$ 4,5 bilhões. E ela já começou.
A expectativa da Rumo é que esse projeto resulte em 18 milhões de toneladas de grãos adicionais a serem transportados pela companhia, com ganho relevante de market share no estado. Afinal, com a maior proximidade de outros pólos de produtores, a tarifa do transporte ferroviário acaba ficando mais competitiva.
Lembra que falamos que a carga chega até os terminais da Rumo via transporte rodoviário? Pois é, quanto menor a distância até o terminal, menor o custo rodoviário e maior a competitividade do trajeto até o Porto de Santos. É por isso que hoje o norte do estado do MT está em vermelho, já que fica mais distante do terminal de Rondonópolis. Mas após a finalização do projeto, ele vai ficar quase todo verdinho.
Se de fato acontecer conforme o planejado pela empresa, vai destrancar valor. Por isso, se você é acionista da Rumo, precisa ler nosso relatório completo sobre a empresa no VBOX. Clica aí e aproveita para assinar o melhor serviço de análise do mercado.
🍷 Sommelier
Consumimos de tudo. Trazemos o que importa
📚 Livros
É possível prever o futuro?
No livro Superprevisões o autor, Philip Tetlock, faz um experimento épico com pessoas comuns, em busca de uma resposta para a pergunta acima. E ele achou! A resposta é sim!
Só que não do jeito que você deve estar pensando que é. Ou seja, neste livro você não vai encontrar nada que valide previsões do tipo: “o mercado de ações está à beira de um colapso”; ou então, “a ação X vai subir 10000%”.
Pelo contrário, Tetlock traz uma abordagem científica para a capacidade do ser humano de fazer previsões, com um ponto de vista único sobre o tema.
Inclusive, este é um livro que vai te ajudar muito a fazer suas próprias previsões de cenários e, de quebra, parar de perder tempo com os profetas do mercado financeiro. Clique aqui e aproveite para levar o seu para casa.
📺 Vídeos
Tem vídeo novo no Nerds de Investimentos, canal do nosso analista Thiago. Dessa vez falando da relação entre Serra Pelada e Ciclos de Mercado.
Ok, o vídeo é novo, mas o assunto é um velho conhecido dos nossos assinantes mais antigos. Porém, se você ainda não conhece o assunto, vale a pena ver o vídeo clicando aqui.
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
“Nunca diga às pessoas como fazer as coisas. Diga-lhes o que fazer, e você ficará surpreso com a engenhosidade delas.” — George Patton
“O teste de uma inteligência superior é a capacidade de ter duas ideias opostas em mente ao mesmo tempo e ainda assim conservar a capacidade de funcionar”. — F. Scott Fitzgerald
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e cuidado com os profetas do mercado financeiro.
Boa semana e bons negócios!
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