No fundo do poço tinha um alçapão?
Por Thiago Duarte
O carnaval passou, mas a ressaca bateu forte nas montadoras de carros. O que começou com um bimestre animado, já que as vendas avançaram em mais de 5% em comparação com o mesmo período do ano passado, terminou com uma reviravolta dolorosa. Afinal, Stellantis, Hyundai, GM e Mercedes Benz anunciaram a paralisação de suas atividades, com concessões de férias coletivas.
São paralisações que variam de 10 a 20 dias de duração, mas que indicam uma importante variável: o enfraquecimento da demanda. Inclusive, Peugeot e Citroen encerraram o segundo turno de trabalho em Porto Real (RJ) e anteciparam a dispensa de 140 funcionários com contratos temporários.
Mas o que anda acontecendo com a indústria automotiva? É a falta de semicondutores ainda?
Na verdade, não existe um único motivo. São vários! O primeiro deles é que o crescimento nas vendas no primeiro bimestre de 2023 é um crescimento “fake”. Nas palavras de Raphael Galante:
“Um dos principais pontos é que o crescimento nas vendas deste primeiro trimestre é, digamos, “de mentirinha”. O primeiro trimestre do ano passado foi horrível! Aí, sair de 1 para 2 gerando um crescimento de 100% é só para inglês ver! O ponto aqui é que não existe no curto prazo um cenário de melhora da atividade econômica. Todas as empresas, pelo menos as mais sérias, estão apostando que o mercado neste ano terá um resultado do tipo “zero-a-zero”, no melhor cenário, com viés de queda nas vendas, de acordo com a maioria das projeções.”
Além do crescimento “de mentirinha”, o crédito para compra de carros está muito escasso. E, pior que isso, já vem ficando escasso há um bom tempo.
Fonte: Por que as montadoras estão parando suas operações - Opinião - InfoMoney
A taxa SELIC brasileira está alta e isso influencia no custo do dinheiro. Isso quer dizer que os empréstimos ficaram mais caros. O que explica, em parte, a queda de participação de financiamentos na compra de carros novos acima.
Somado a isso, os preços dos carros novos quase dobraram. O Renault Kwid Zen 1.0 é o carro mais barato do Brasil e custa incríveis R$ 68.190. O Chevrolet Onix, que por muito tempo ocupou o pódio de compacto mais vendido do país, é o décimo mais barato e custa a pequena fortuna de R$ 83.490. Isso são quase 70 salários mínimos. Mas a sucessão de ventos de proa não param por aí.
Apesar de ser em menor escala, ainda existe um problema na cadeia de fornecimento de semicondutores. Do início da pandemia até hoje, a supply chain de matéria prima, em geral, sofreu várias interrupções, e o valor de algumas commodities foi na lua. Isso aumentou o custo de produção consideravelmente. O problema é que boa parte desse custo é em dólar e você já sabe o que rolou com o dólar por aqui.
Porém, é fato que o fornecimento normalizou o suficiente nos últimos trimestres, para as montadoras retomarem a produção de modelos populares, do final do ano passado para cá, e conseguirem recompor estoque. Contudo, esse estoque se acumulou acima da média do setor, que é de 30 a 35 dias, ao atingir 40 dias agora em março. E a manutenção desse estoque tem um custo financeiro alto. Mais uma vez, estoques em alta indicam uma coisa: demanda capenga.
E para “fechar a tampa do caixão”, é bom lembrar que o brasileiro ficou mais pobre. Nos últimos seis ou sete anos o brasileiro médio perdeu renda. O PIB per capita em 2017 foi de US$ 9,6 mil. Agora, em 2022, ele foi de US$ 7,2 mil. Isso é um baita choque negativo de quase 30%. Em outras palavras, anda meio impossível para o cidadão médio, com renda defasada, comprar carros populares na casa de R$ 60 mil.
Em suma, a gente está navegando em uma tempestade perfeita: atividade econômica com sinais de recessão, preços altos dos carros novos, custo de produção alto e baixa demanda. Tudo isso fez os estoques das montadoras se acumularem, o que gera um custo financeiro altíssimo, que, por sua vez, as levou à paralisação das linhas de produção e à possível retomada dos Planos de Demissão Voluntária.
O cenário não anda nada fácil para a indústria automotiva. Se vendermos esse ano o mesmo tanto de carros, que foram vendidos ano passado, já será uma vitória. O que parece é que, de fato, no fundo do poço tinha um alçapão.
Qual a Próxima Música?
Por @Saulo Pereira
Ouvir música é algo que todo mundo gosta. Alguns escutam durante todo o dia, outros escutam apenas em alguns momentos. De fato, ficar um dia inteiro sem escutar uma única música pode ser meio entediante.
Ao longo dos anos, com a evolução da tecnologia, o acesso à música foi mudando, desde o vinil até os streamings. Mas sempre foi seguindo o mesmo padrão. Curiosamente, o gráfico abaixo mostra essa evolução.
Se seguir a lógica, os streamings de músicas podem estar tendo seu auge agora e em breve poderemos ver outro formato surgindo?
Há 60 anos escutar música era bastante complicado se a pessoa não tivesse um rádio em casa. Além disso, ela tinha que escutar as músicas que estavam no ar, tendo zero poder de escolha.
Ao longo do tempo foi ficando muito mais acessível escutar músicas da sua escolha, mas ainda assim era um pouco caro sair por aí comprando os CDs das suas bandas favoritas. Com o avanço da internet a pirataria foi se tornando popular e diversos aplicativos de download de músicas foram criados. Mas, por atuarem na ilegalidade, eles sempre eram descontinuados.
Com o surgimento de plataformas como YouTube, Deezer e Spotify tudo ficou muito mais fácil. O Spotify foi um dos primeiros streamings de músicas lançados e até hoje domina esse mercado. Ele é líder com 31% de participação, seguido pelo Apple Music, que tem apenas 15% de participação. A diferença é bem grande. Resta saber se eles conseguirão se manter na liderança e com essa enorme vantagem por muito tempo.
O Spotify surgiu em 2008, inspirado pelo Napster. O Napster era um aplicativo gratuito, onde qualquer um podia baixar qualquer música que quisesse de forma bem prática. O aplicativo se popularizou tanto, que contribuiu para a diminuição da receita de artistas e gravadoras com as vendas de CDs. Obviamente, os músicos e gravadoras não gostaram disso e uma decisão judicial proibiu o Napster de continuar os seus serviços.
Inicialmente, o Spotify teve que convencer as gravadoras de música do seu país de origem, a Suécia, a disponibilizarem suas músicas no aplicativo. A ideia dos fundadores, Daniel Ek e Martin Lorentzon, era disponibilizar as músicas licenciadas das gravadoras de graça em seu aplicativo e oferecer publicidade. Esse era o plano gratuito da marca, porém era necessário ouvir propagandas entre as músicas (plano que existe até hoje).
O dinheiro das propagandas era usado para pagar as gravadoras e permitir que o aplicativo continuasse gratuito para o usuário. A ascensão do Spotify foi bem rápida, já que as músicas tocavam quase que instantaneamente, pelo menos em comparação com outras plataformas, como o YouTube, por exemplo.
A facilidade de usar e a qualidade fizeram com que o Spotify diminuísse drasticamente o número de downloads piratas em 2011. Segundo o próprio Spotify, em 2021 eles pagaram $7 bilhões de dólares para a indústria musical. Além disso, o Spotify possui quase 500 milhões de usuários ativos mensalmente, sendo 195 milhões de assinantes.
Atualmente, o Spotify possui praticamente qualquer música que você queira ouvir, assim como os outros streamings. Mas o que o diferencia dos demais é a qualidade do seu aplicativo, a interface bastante intuitiva e as recomendações quase certeira das músicas que o usuário gosta de ouvir.
Um dos seus fundadores, Daniel, atribui o imenso sucesso e domínio do Spotify à forma como o negócio foi criado. Segundo ele, enquanto os concorrentes focaram onde todos estavam, eles decidiram focar apenas no áudio. Como eles começaram na frente, é natural que hoje eles tenham essa enorme vantagem em relação ao segundo colocado.
É muito provável que eles continuem na liderança do setor por um bom tempo, mas nos últimos anos o Spotify está com seu sinal de alerta ligado, já que entre 2019 e 2021 a participação de mercado deles caiu de 34% para 31%. E nesse mesmo período o Amazon Music superou seu crescimento. Enquanto o streaming do Jeff Bezos cresceu 25%, o streaming noruguês cresceu 20%.
Outra coisa que pode atrapalhar a posição de dominância do Spotify é a geração Z, isso porque o YouTube Music tem atraído esses jovens e parte dos Millenials. Como o YouTube Music é do Google, ele consegue promover anúncios de graça em qualquer lugar onde tenha espaço de anúncio não vendido.
E como se não bastasse a concorrência, outra coisa que prejudicou bastante o Spotify nos últimos anos foram as polêmicas nas quais a empresa se meteu. Uma delas foi envolvendo Niel Young, que falou pro Spotify escolher entre ele e o podcast de Joe Rogan. Segundo o músico, Rogan espalhava desinformações sobre a pandemia. Outros artistas se juntaram a Neil Young e essa brincadeira fez o Spotify perder quase $4 bilhões de dólares de valor de mercado e suas ações despencaram 12%.
A boa notícia é que o modelo de negócio do Spotify é sólido, já que gera uma tonelada de grana. Ele é dividido em dois segmentos: Usuários Premium e Usuários com Propaganda.
A receita vinda através do Spotify Premium representa 87% de toda a receita da companhia. Nessa receita, os famosos planos individual, familia, duo e universitário estão inclusos. Em 2022 o faturamento desse segmento foi de €10,2 bilhões.
Os outros 13% da receita total vem do plano gratuito. A receita vem por meio das propagandas veiculadas entre cada música ou cada podcast. Em 2022, o valor dessa receita foi de €1,4 bilhões. O crescimento da receita ao longo dos anos foi o seguinte:
A separação de receita por região é a seguinte:
Claro, nem tudo são flores e a plataforma precisa cuidar dos grandes artistas. Afinal, eles podem decidir abandonar a plataforma. Mas parece que a empresa anda tentando diversificar os serviços prestados para mitigar esse risco: são os famosos audiolivros. . Atualmente, esse serviço não é oferecido em todos os países, apenas nos países de língua inglesa, mas vem crescendo forte.
Enfim, a única certeza que podemos ter para o futuro do Spotify é que, com avanço da tecnologia, novas formas de ouvir músicas surgirão. Para não ficar para trás, assim como ficaram o vinil e os CDs , é bom que ele tenha uma excelente capacidade de adaptação…
😎Fala Dudu!
Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói
Por @dudufromniteroi
Bom dia, meus sobrinhos! Vamos acordando pra trabalhar pois o titio tem que fazer dinheiro pra ganhar mais dinheiro🙏.
Semana passada foi mais tranquila, somente com casos de planos de morte a políticos, presidente doente e todo mundo perdendo dinheiro. Nada de novo no front.
Bora pras notícias da semana?
PQ CHORAS VIRGÍNIA? - Uma polêmica gostosa deste mês de março foi sobre a nova linha de maquiagens da influenciadora Virgínia Fonseca, nora do glorioso Leonardo (o cantor) e alguém que tudo o que eu sei sobre foi contra a minha vontade. Ela lançou uma linha de maquiagens meia boca por preços exorbitantes, como R$200 reais ´uma base (mais cara que as brabas importadas).
Coincidência ou não, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro lançou uma linha de cosméticos na semana passada, junto com seu bff, o maquiador Agustin Fernandez. Uma amizade mais inusitada que a de Trump e Kim Jong-Un. Como os produtos são mais baratos que os da Virgínia, claramente vemos uma afronta da ex primeira-dama mais evangélica do Brasil. Tá aí uma briga que eu torço pra família Bolsonaro (e vocês dizendo que eu não gosto deles).
Kim Jong-Naldo - Na semana passada, a agência de notícias da Coreia do Norte disse ter criado uma arma nuclear com drones capaz de provocar um tsunami radioativo em “super escala”. Segundo o departamento de inteligência da Nikiti Asset Management, o tsunami mais forte da história foi o Tsunami II da Furacão 2000 (aquele que tem o glorioso MC Créu, que foi reconhecido pelo Michael Jackson na Califórnia).
Bem, se a Coreia conseguiu finalmente desenvolver uma arma climática, não sabemos. Porém, como o cantor Naldo disse que tem um tênis da linha do LeBron James que nem o LeBron tem, então tudo pode ser possível neste mundo.
Quem é vivo sempre aparece - O bonde brasileiro que foi a uma missão diplomática na China está cheio de representantes do agronegócio e do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ou seja, enquanto o cidadão médio se preocupa em brigar com a família no zap, os nossos ídolos continuam se reportando aos maiores deuses de todos: os gêmeos, dinheiro e poder.
Aliás, nesta comitiva estão os gloriosos Irmãos Batista, Wesley e Joesley, conselheiros da controladora da JBS, a maior empresa de proteína animal do mundo. Eles estão de volta (nunca saíram) ao mundo das comitivas políticas. É aquilo: o mundo não gira, ele capota! Tem que manter isso aí, viu? Só não pode deixar ninguém entrar com gravador.
O que realmente importa - Na semana passada, foi oficializada a eleição da ex presidenta Dilma Rousseff ao cargo de Presidente do Banco dos BRICS. Essa notícia é uma aula gratuita sobre o mercado de trabalho.
O primeiro, é que a Dilma foi indicada pelo Lula. Ela estava off após o impeachment (demissão) e voltou ao mercado de trabalho já como presidente recebendo um salário de R$200 mil mensais. Ou seja, networking é tudo (E é mais uma prova que o Presidente da República pode tornar qualquer um milionário).
O outro fato é que o Banco publicou um perfil de Dilma, informando que ela já foi eleita 2 vezes presidente da República, mas não falou que ela foi chutada de lá. Ou seja, mais uma vez fica provado que você não pode informar demissão no currículo nem no Linkedin.
Aqui eu sempre procuro demitir os estagiários pra ver como eles irão mentir nas próximas entrevistas de emprego. Titio Dudu realiza um trabalho social e educacional com playboy, ok?
E foi isso, meus amores. Eu até ia falar do plano do PCC de matar um Senador da República desprovido de boca, porém comento apenas sobre facções cariocas👍.
Um beijo e até semana que vem!
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
“A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.” — Friedrich Nietzsche, Humano Demasiado Humano
“E você sabe como eles chamam de Quarteirão com queijo em Paris? [...] Royale com Queijo” - Trecho do filme Pulp Fiction, segundo filme de Quentin Tarantino. Ontem o diretor completou 60 anos.
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e muita calma na hora de comprar um carro novo.
Boa semana e bons negócios!
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