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Efeito Lindy: Entenda Como Ele Influencia Nossas Vidas e Investimentos

7min de leitura

Misael Guedes

Misael Guedes

Redação

Introdução

Você já ouviu falar no Efeito Lindy? Esse conceito, aparentemente simples, tem implicações profundas e pode ser a chave pra compreender muitos aspectos da nossa vida cotidiana, incluindo o mundo dos investimentos. Quer saber mais? Então, continue conosco

Conteúdo:

  • O que é o efeito Lindy?
  • Qual a origem do Efeito Lindy?
  • Primeira onda: Albert Goldman
  • Segunda Onda: Benoit Mandelbrot
  • Terceira Onda: Nassim Taleb
  • Efeito Lindy nos investimentos

O que é o efeito Lindy?

Se você é novo no mundo dos conceitos matemáticos e filosóficos, o Efeito Lindy pode parecer um pouco estranho a princípio. Mas, você sabe que, em sua essência, é um princípio bastante simples.

Imagine que você tem um aparelho eletrônico que já durou 5 anos. De acordo com o Efeito Lindy, é esperado que ele dure mais 5 anos. Em outras palavras, a expectativa de vida de um objeto não perecível é proporcional ao seu tempo de vida atual.

A ideia é que quanto mais tempo algo resistiu, mais tempo é provável que resista no futuro. Isso parece contra-intuitivo, principalmente quando pensamos em objetos físicos que tendem a desgastar com o tempo, mas quando olhamos pra sistemas complexos e ideias, o conceito começa a fazer muito sentido.

Portanto, se você se deparar com um livro que sobreviveu por várias décadas, é mais provável que esse livro continue relevante e disponível por muitas décadas no futuro. Da mesma forma, uma empresa que resistiu à turbulência do mercado por um século tem uma boa chance de sobreviver por mais um século.

Imagine uma empresa como o Banco do Brasil, que possui mais de 200 anos, passou por todas as crises e problemas que o país enfrentou desde lá, então é provável que o BB sobreviva por mais 200 anos.

Isso é o Efeito Lindy, um princípio que desafia nossa visão intuitiva de durabilidade e nos oferece uma nova lente pra entender a longevidade dos objetos e ideias em nossa sociedade. E, melhor ainda, esse conceito também tem implicações profundas no mundo dos investimentos, como veremos mais à frente.

Qual a origem do Efeito Lindy?

Agora que você já sabe o que é o Efeito Lindy, vamos explorar sua origem. O termo "Lindy" tem um passado interessante e peculiar, você sabia?

O nome "Lindy" vem do Lindy Hop, uma dança popular na década de 1920. O nome foi usado pela primeira vez pra descrever o efeito em uma delicatessen na cidade de Nova York, onde comediantes se reuniam.

Eles notaram que quanto mais tempo uma peça de comédia estava em cartaz na Broadway, mais tempo ela provavelmente permaneceria. Isso foi conhecido como o "Efeito Lindy".

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Mas a ideia de longevidade proporcional à idade atual se estende muito além da Broadway e tem raízes profundas na matemática e na filosofia.

Por isso, sem dúvida, o Efeito Lindy é um conceito fascinante que viajou através do tempo e dos campos do conhecimento, de comediantes a economistas, de filósofos a investidores. E, como veremos a seguir, teve três grandes ondas de influência ao longo dos anos. Vamos mergulhar nelas?

Primeira Onda: Albert Goldman

A primeira grande onda de influência do Efeito Lindy veio com o escritor Albert Goldman. Goldman, que era tanto crítico quanto biógrafo, escreveu sobre o Efeito Lindy em um ensaio (”Lindy’s Law”) de 1964 publicado na revista The New Republic.

Ele observou que a a expectativa de futuro de carreira para um comediante de televisão é proporcional ao total de exposição no passado pela metade”, ou seja, um comediante que já tem 10 anos de histórico de humor, provavelmente durará mais 5 anos, até a idade máxima de aposentadoria.

Isso pode não parecer intuitivo à primeira vista, mas faz sentido quando você considera a natureza do negócio de TV. Programas de sucesso tendem a continuar sendo bem-sucedidos porque atraem audiência e anunciantes. Por causa disso, esses programas têm mais chances de serem renovados.

Goldman foi o primeiro a popularizar o termo "Efeito Lindy" e sua ideia se espalhou pro mundo dos negócios e além. Mas essa foi apenas a primeira onda do Efeito Lindy. Como veremos a seguir, o conceito ganhou ainda mais profundidade e aplicabilidade com a contribuição de outros pensadores.

Segunda Onda: Benoit Mandelbrot

A segunda onda do Efeito Lindy veio do matemático Benoit Mandelbrot, famoso por seu trabalho sobre a geometria fractal. Ele viu o Efeito Lindy como uma consequência natural de distribuições de cauda pesada, um conceito importante na teoria da probabilidade.

Em muitos fenômenos do mundo real, o "normal" ou o "médio" não é realmente o que importa. Em vez disso, os eventos extremos, aqueles na "cauda" da distribuição, têm um impacto desproporcional. Por exemplo, um único dia de queda acentuada no mercado de ações pode anular meses de ganhos estáveis.

Mandelbrot viu que esses fenômenos de cauda pesada eram comuns em muitos campos, desde flutuações financeiras até o clima. E o Efeito Lindy é uma manifestação disso. Aqueles sistemas ou ideias que sobreviveram a eventos extremos no passado têm mais chances de sobreviver no futuro.

A contribuição de Mandelbrot deu ao Efeito Lindy uma base matemática sólida e ampliou sua aplicabilidade. Mas, como veremos a seguir, ainda havia mais uma onda de influência a vir.

Terceira Onda: Nassim Taleb

A terceira e mais recente onda do Efeito Lindy veio de Nassim Taleb, autor de best-sellers como "O Cisne Negro" e "Antifrágil". Taleb expandiu a ideia do Efeito Lindy, aplicando-a não apenas a objetos físicos ou conceitos abstratos, mas também a sistemas e organismos vivos.

Em sua visão, o Efeito Lindy é uma manifestação de antifragilidade. Em vez de serem simplesmente "resistentes" ou "resilientes", os sistemas antifrágeis realmente se beneficiam do caos, da incerteza e do estresse. Eles melhoram e se fortalecem com o tempo, ao contrário dos sistemas frágeis, que quebram sob pressão.

Taleb argumenta que as coisas que seguem o Efeito Lindy são, por natureza, antifrágeis. Elas sobreviveram ao teste do tempo e, portanto, são provavelmente robustas contra uma ampla gama de incertezas e variabilidades futuras.

A visão de Taleb sobre o Efeito Lindy nos oferece um novo olhar sobre a durabilidade e a resiliência em nosso mundo cada vez mais complexo e incerto. E melhor ainda, ele nos dá insights valiosos sobre como podemos aplicar esse conceito em nossa vida cotidiana e nos investimentos, como veremos a seguir.

Efeito Lindy nos investimentos

Agora que você entende a origem e as ondas de influência do Efeito Lindy, vamos ver como esse princípio pode ser aplicado no mundo dos investimentos.

Investidores muitas vezes enfrentam a difícil tarefa de prever o futuro. Qual empresa vai prosperar? Que tecnologia vai se tornar dominante? O problema é que o futuro é incerto e imprevisível.

Mas o Efeito Lindy pode nos dar uma pista. Se uma empresa ou tecnologia já existe há bastante tempo, é mais provável que continue a existir no futuro. Isso não significa que novas empresas ou tecnologias não possam ser bem-sucedidas, mas sugere que a longevidade é um indicador de resistência e resiliência.

Por exemplo, empresas que sobreviveram a várias recessões e crises econômicas provavelmente têm uma gestão robusta e estratégias de negócios que lhes permitem navegar em tempos difíceis. Essas empresas têm uma maior probabilidade de sobreviver a futuras tempestades econômicas.

Além disso, o Efeito Lindy pode ser um contrapeso útil à tendência de se concentrar excessivamente no "novo" e no "inovador". Embora a inovação seja importante, não devemos esquecer a sabedoria e a resiliência que vêm com a idade.

Portanto, quando for pensar sobre seus investimentos, não se esqueça do Efeito Lindy. Ele pode ser uma ferramenta valiosa pra ajudar a navegar no incerto e volátil mundo dos investimentos.


E por aqui encerramos nossa exploração do Efeito Lindy. Obrigado por me acompanhar nessa jornada. Espero que agora você tenha uma nova perspectiva sobre a durabilidade e a longevidade em nosso mundo. E, mais importante, espero que você possa aplicar o Efeito Lindy em sua própria vida e investimentos.

Nos vemos no próximo artigo, tchau!

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