Por que os Investidores Devem se Importar com o Risco?
Todos nós, investidores ou não, queremos ganhar dinheiro. E se você é um investidor com um pouco mais de tempo na jornada, sabe que a melhor maneira de fazer isso é compor seu dinheiro ao longo de um longo período de tempo.
Isso não quer dizer que você deve ser aquele buy and hold tudo para todo o sempre. Seu portfolio, ou carteira, como queira, precisa estar sempre balanceada e com boas assimetrias.
A regra principal para fazer isso é nunca perder dinheiro. Como o famoso Warren Buffett disse uma vez:
"Existem duas regras para investir. Regra número um: Nunca perca dinheiro. Regra número dois: Nunca esqueça a regra número um."
Evitar a perda de dinheiro é crucial porque nada interrompe o processo de composição mais do que uma perda severa.
Só lembrar que quando você perde 10% do seu dinheiro, pra recuperá-lo você não precisa de 10% e sim 11,11%.
Mas se você perde 50%, pra recuperar o valor anterior você precisa de uma alta “só” de 100%, e falando em perda, podemos aproveitar a deixa pra entrar no risco.
O que é Risco?
Na academia, ou literatura, o risco é chamado de volatilidade e mede a gama de flutuações ao longo de um período de tempo. Mas para nós, aqui na vida real, essa definição de risco parece insuficiente.
Se eu sei que vou transformar R$1000 em R$10.000 nos próximos 5 anos, então eu realmente não vou me importar com a volatilidade (assumindo que a liquidez não é um problema).
Então, por que a volatilidade é usada se é insuficiente para explicar o risco? A resposta é bastante simples, é quantificável. E a academia precisa quantificar o risco para criar suas teorias. Mas então o que é o tal do risco?
Risco é a probabilidade de uma perda permanente de capital.
Entendendo a Incerteza que Acompanha o Risco
Podemos pensar sobre o futuro como uma distribuição de probabilidade, e nunca sabemos qual resultado ocorrerá.
As coisas mais improváveis acontecem o tempo todo, e as coisas mais certas falham em acontecer o tempo todo.
“Existe uma gama de resultados e não sabemos onde o resultado real vai cair dentro do intervalo. Muitas vezes, não sabemos qual é o alcance.” -Peter L. Bernstein
O risco de uma atividade muitas vezes reside no comportamento dos participantes, não na atividade em si.
Quando os investidores pensam que não há risco envolvido, geralmente no topo do mercado, o risco é o maior.
O mesmo vale para as tendências de baixa. Quanto maior o risco percebido, menor o risco real.
Uma vez ouvi uma frase e guardei comigo que vou compartilhar aqui com vocês:
Não é o que você não sabe se pode te causar problemas ou não que realmente vai te colocar em problemas, é o que você tem certeza que não vai.
Essa citação diz muito sobre a nossa exposição à aleatoriedade, e com isso entendemos que não adianta querer prever o futuro, o futuro é tão incerto quanto o passado, se você você mora no Brasil, claro.
A Relação entre Risco e Retorno
Na escola de negócios, você verá muito o gráfico abaixo. Ele indica uma relação positiva entre risco e retorno. Quanto mais risco você assume, maior será seu retorno. Isso não parece certo, não é?
Isso ocorre porque o "risco" mencionado neste gráfico é a volatilidade, como discutimos no início.
Mas agora sabemos que o risco é a possibilidade de perda permanente de capital e a incerteza que acompanha todos os possíveis resultados.
Como os Investidores Devem Lidar com o Risco?
Pense no desempenho do investimento como tirar um bilhete de uma bacia cheia de centenas de bilhetes. Todos esses bilhetes representam diferentes resultados. Mas o único que importa é o que você tirou daquela bacia, entende?
A tarefa do investidor é saber sobre o máximo de bilhetes (resultados) possível, quão prováveis eles são (não precisamente, mas ter uma ideia) e o que cada resultado significaria para seu investimento.
Obviamente, você não pode saber tudo isso. Mas os investidores de primeira prateleira se destacam por terem uma noção melhor do que a média dos bilhetes naquela bacia e suas possíveis consequências.
Isso os ajuda a escolher melhor os investimentos e garantir que independente do resultado, a probabilidade de retorno será extremamente alta.
É mais ou menos o que a gente faz aqui na VAROS, nos nossos estudos fazemos projeções considerando sempre um cenário extremamente conservador, e todas as implicações que esses cenários poderiam causar nos preços das ações da empresa.
Quando achamos ação que o preço é muito menor que o valor que ela entrega e gera, então sabemos que encontramos uma assimetria positiva.
Melhorando Nossos Sentidos
Existem várias maneiras de melhorar nossos sentidos e de melhorar nossa capacidade observar todas essas perspectivas. Aqui estão as 3 mais importantes:
- Vieses Psicológicos: Um motivo pelo qual julgamos mal o risco são os vieses que distorcem nossa percepção de risco e não nos permitem tomar decisões racionais. Pra contornar isso temos um artigo falando sobre os vieses psicológicos e como não se deixar levar por eles.
- Aprendendo sobre a História: A história não se repete, mas rima. Ao avaliar o risco, faz sentido olhar para a história e encontrar instâncias em que algo semelhante aconteceu. Como aquele cenário se desenrolou e o que você pode aprender com ele? Parece simples mas se realmente fosse não haveriam milhares de investidores comprando na alta ou vendendo na baixa.
- Entendendo o Risco: Obviamente, entender o risco também é crucial para avaliá-lo. É por isso que escrevi este artigo em primeiro lugar.
Conclusão
O risco não pode ser medido, o que torna extremamente difícil avaliar o risco, tanto no futuro quanto no passado.
Como investidor, você precisa estar ciente de que nunca saberá sobre todos os possíveis resultados e que é impossível ter certeza sobre qualquer coisa.
Seu desafio é estar preparado para resultados dos quais você não tinha conhecimento antes e sobreviver a eles quando ocorrerem.
Um elemento chave do investimento é procurar apostas assimétricas. Investimentos que têm um potencial de alta ilimitado, mas um risco de queda limitado.
Mohnish Pabrai costumava dizer: "Cara, eu ganho; Coroa, eu não perco muito."
É ganhar de balde e perder de canequinha.
Mas esses investimentos assimétricos serão discutidos em um artigo posterior.
Espero que você tenha aprendido algo novo. Se sim, considere nos acompanhar para novos artigos.