O que é o CRA?
O CRA nada mais é do que um título de crédito privado vinculado a direitos creditórios de empresas vinculadas ao agronegócio. Ou seja, é um título de dívida de renda fixa, que pode ser pré-fixado, pós-fixado ou híbrido.
Mas então, se é um título de renda fixa ligado ao agronegócio, qual a diferença entre uma LCA(Letra de Crédito do Agronegócio)?
Pois bem! As LCAs são emitidas por bancos, o que faz elas terem garantia do Fundo Garantidor de Crédito(FGC). Enquanto isso, os CRAs são emitidos por companhias securitizadoras que, aliás, não fazem papel de devedor no negócio.
Ou seja, elas NÃO SÃO instituições financeiras, somente atuam como intermediários e emissores do título. Inclusive, é bom sempre ficar atento pois não necessariamente os CRAs vão ter garantia forte em algum ativo ou colheita.
CRA de forma prática
Vamos de exemplo: imagina que um produtor rural precisa comprar um novo trator e uma colheitadeira para a próxima safra.
Ele vai numa concessionária especializada, financia os dois veículos e acerta as prestações (até pelo fato de que são veículos beeem caros, né?). Mas aí a concessionária também precisaria de uma grana pra poder repor seu estoque e atender mais clientes, já que a região ali está bem aquecida.
Ela então, decide repassar esse financiamento (chamado de direitos creditórios), que deu para o produtor, a uma companhia securitizadora, que vai emitir o CRA e colocá-lo no mercado de capitais.
Com a grana da venda do CRA aos investidores, a concessionária pega um valor à vista e os investidores agora possuem a expectativa de receber o valor no futuro, corrigido por uma taxa de juros, é claro!
Assim, ao comprar um CRA, o investidor está investindo diretamente nas atividades da cadeia do agronegócio. Algumas da atividades englobadas, que vão ser financiadas, podem ser:
- Produção e operação agrícolas;
- Industrialização de produtos;
- Compra e manutenção de maquinários;
- Insumos agropecuários;
- Distribuição de produtos do agronegócio.
Tem um ponto importante aqui: de quem é a dívida que está no CRA. Podem ser de dois tipos: CRA Corporativo (ou seja, algum player gigante está emitindo uma dívida) ou CRA Diversificado (ou seja, é um pacote com vários créditos de vários clientes, que podem corresponder até 3% desse pacote).
É sempre importante ler o prospecto do CRA, pois ali vão ter as informações necessárias sobre de quem é a dívida que o investidor está investindo.
Mas então o CRA é pior que o LCA?
É aquela lógica. Quem tem mais risco de quebrar e te dar calote: Um bancão (como Itaú, Bradesco) ou uma pequena cooperativa do interior numa região de extrema seca?
Por outro lado, quem quebraria antes: um banquinho da esquina ou um colosso do agronegócio? Sempre é importante ver quem está emitindo seu título! Por isso, as agências de rating podem te ajudar e muito!
Não existem, conceitualmente, um investimento pior que o outro. Existem investimentos adequados a perfis de risco diferentes e emissores meia-boca também. Os CRAs, por serem um investimento mais direto às empresas, tende a ser mais arriscado e, por isso, pagar maiores juros.
Existem 3 maneiras de rentabilidade em um CRA:
- Prefixada - Ex: 10% ao ano
- Pósfixada - Ex: 105% do CDI ao ano
- Híbrida - Ex: IPCA+4% ao ano
Como investir em CRAs?
Os CRAs podem ser comprados através das corretoras, que é o mais comum e fácil, ou pelos mercados de bolsa.
Seja como for, os CRAs podem ser comprados por meio de ofertas primárias (como um carro zero) ou de outros investidores no mercado secundário (aí é um carro semi-novo ou usado, dependendo do fabricante e do dono🤣). No mercado secundário, pode ser que o investidor encontre liquidez para vender o título.
Por isso, é importante sempre saber os prazos de vencimento e as taxas de juros que ele está remunerando, para saber se a proposta para vendê-lo no mercado secundário é mais vantajosa que segurar até o fim.
Isenção de IR
Pra encerrar, como eu disse lá em cima, os CRAs possuem isenção de Imposto de Renda. O principal motivo da isenção é que é um investimento direto em um setor chave para o Brasil, então o governo deu uma colher de chá para os investidores.
Mas não é só porque é isento, que não precisa ser declarado. Muito pelo contrário! Tem que ficar bem atento a isso! E lembrando: a isenção do IOF para pessoas físicas só acontece 30 dias depois da compra do título. Se você quiser fazer um “day-trade” de CRA, vai pagar um IOF alto!
Espero que tenham entendido a magia do CRA e a importância dele para o agronegócio do Brasil! Até a próxima!
