Economia

O que é a Doença Holandesa?

3min de leitura

Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

Introdução

Hoje vamos falar sobre um fenômeno econômico que pode parecer estranho à primeira vista. Você já ouviu falar da "Doença Holandesa"?

Não, não é uma condição médica, mas sim um termo usado para descrever uma situação econômica que pode ocorrer quando um país descobre uma grande quantidade de recursos naturais.

Pode parecer estranho, mas ter muitos recursos naturais pode não ser tão bom quanto parece.

Isso pode levar a uma situação chamada "Doença Holandesa", que pode ter efeitos prejudiciais sobre a economia de um país. Mas como isso acontece? De onde vem esse nome? E quais países foram afetados por isso?

Neste artigo, vamos responder a todas essas perguntas e muito mais.

O que é Doença Holandesa

A "Doença Holandesa", também conhecida como Dutch Disease, é um termo econômico que descreve as consequências negativas que podem surgir quando a moeda de um país valoriza muito, principalmente devido à descoberta ou exploração de um recurso natural.

Pode parecer estranho, mas ter muitos recursos naturais pode não ser tão bom quanto parece.

Isso pode levar a uma situação chamada "Doença Holandesa", que pode ter efeitos prejudiciais sobre a economia de um país.

Agora, você pode estar se perguntando: "Mas como isso acontece?". Bem, imagine que um país descobre uma grande jazida de um certo minério.

Ele começa a explorar esse minério e a exportá-lo para vários outros países. Até aqui, tudo parece ótimo, certo? No entanto, como consequência econômica desse cenário, a moeda do país começa a valorizar.

Com a moeda valorizada, esse país perde competitividade no mercado externo, porque seus preços ficam menos atrativos para os outros países.

Ao mesmo tempo, a valorização da moeda significa que as importações ficam mais baratas, o que é ruim para o mercado interno (afinal, torna-se vantajoso para os consumidores comprar produtos de fora do país).

Assim, as indústrias nacionais começam a sofrer, e pode haver desemprego, redução no ritmo de produção, entre outros problemas econômicos de médio e longo prazo.

Então, embora possa parecer uma ótima notícia para a economia do país no início, a descoberta de um grande recurso natural pode acabar trazendo efeitos econômicos negativos. Isso é o que chamamos de "Doença Holandesa".

De onde surgiu o termo doença holandesa?

O termo "Doença Holandesa" pode parecer um pouco estranho, mas a sua origem é bastante direta. Como o nome sugere, a doença holandesa surgiu na Holanda entre as décadas de 1960 e 1970, quando foram feitas grandes descobertas de reservas de gás no país.

A partir desse evento, a economia holandesa passou a concentrar esforços na commodity recém descoberta.

Com isso, foi deixando de lado produtos manufaturados, que tinham maior valor agregado na pauta de exportações do país. Ou seja, com a abundância de gás, a indústria que fabricava produtos mais sofisticados passou a não receber mais tanta importância.

E por que isso pode ser prejudicial para a economia? Basicamente porque, ao dar maior foco a commodities, que são produtos com baixo valor agregado, ocorre um enfraquecimento da indústria local.

Além disso, a dependência de recursos naturais acaba apreciando a moeda local, o que também é ruim para os produtos manufaturados.

Quando isso acontece, o dólar passa a valer menos no país, o que deixa as exportações de manufaturas menos competitivas no mercado internacional.

Países com casos de Doença Holandesa

A "Doença Holandesa" não é um fenômeno exclusivo da Holanda. Na verdade, ela pode ocorrer em qualquer país que descubra uma grande quantidade de recursos naturais e comece a explorá-los intensivamente.

O primeiro exemplo de Doença Holandesa foi identificado na década de 1960 nos Países Baixos. Nesse período, foram encontradas no país grandes reservas de gás natural, que passaram a ser exploradas e exportadas.

A atividade de gás natural no país causou o aumento do preço do gás, que fez com que crescessem as receitas advindas da exportação.

Em sequência, houve valorização da moeda holandesa (florim). O câmbio também foi valorizado, porém derrubando as exportações de outros bens holandeses.

Os preços desses bens vieram a decair em competitividade no cenário internacional na próxima década.

Mas a Holanda não é o único país que já passou por isso. Outros países, como a Venezuela e alguns países do Oriente Médio, também já enfrentaram a Doença Holandesa devido à sua dependência do petróleo.

Existe doença holandesa no Brasil?

Agora, você deve estar se perguntando: "E o Brasil? Será que temos a Doença Holandesa por aqui?" A resposta é um pouco complexa.

Muitos economistas acreditam que ainda não exista a doença holandesa no Brasil. No entanto, para que isso não ocorra de fato, é necessário dar mais atenção à nossa política industrial.

O Brasil é um país rico em recursos naturais, como o petróleo. O economista Paulo Gala dá dois exemplos diferentes do que pode ser feito com o petróleo.

Segundo ele, a maneira mais simples de lidar com o minério é fazer um leilão e deixar que companhias (inclusive multinacionais) extraiam o recurso e utilizem conforme desejarem.

No entanto, isso não será o melhor para a indústria nacional pois, se o país processar o petróleo em vez de vendê-lo, isso poderá alavancar o desenvolvimento econômico.

Paulo cita que vários países souberam utilizar o petróleo para potencializar as suas indústrias.

Segundo ele, foi o caso da Noruega, que tem várias empresas fabricantes de sondas de perfuração e plataformas. Um dos melhores exemplos da correta administração e utilização dos recursos naturais.

Então, embora o Brasil tenha muitos recursos naturais, é importante que tenhamos uma política industrial forte e diversificada para evitar a Doença Holandesa.

Afinal, como vimos, depender demais de um recurso natural pode trazer problemas econômicos a longo prazo.

E aí, gostou do nosso artigo? Esperamos que ele tenha te ajudado a entender melhor o que é a Doença Holandesa e como ela pode afetar a economia de um país. Até a próxima!

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