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Made in China - Diário de Omaha 88

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Saulo Pereira

Saulo Pereira

Redator

As principais notícias da semana

Por Saulo Pereira

Bom dia, meus amigos.

Estamos de volta, depois de um período de férias aqui na NAM. Sem mais delongas, vamos às notícias.

Fique em casa - o Equador está em completo clima de guerra, após a fuga da prisão de um dos líderes do grupo "Los Choneros", gerando uma crescente onda de violência no país. O cara é simplesmente um dos criminosos mais perigosos por lá. O presidente Daniel Noboa colocou força total para tentar trazer a paz ao Equador. Isso incluiu toque de recolher entre 23h e 5h e restrições ao direito de ir e vir.

Basicamente, eles estão tentando fazer o que El Salvador fez há alguns anos, para controlar a criminalidade. Se vai dar certo ou não vamos ter que aguardar.

Lewandowski do Brasil - com a ida de Flávio Dino para o STF, o presidente Lula anunciou, na última semana, que Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça. Foi tipo uma substituição, uma vez que o novo ministro se aposentou do Supremo em abril do ano passado.

Ele será o 111º ministro da Justiça do Brasil.

Novo capítulo do conflito Israel vs Palestina - no último dia 11 de janeiro teve início, na Corte Internacional de Justiça, a apresentação da acusação de genocídio feita pela África do Sul contra Israel.

A argumentação do país sul-africano é de que o alto escalão do Estado judeu tem como objetivo "destruir" Gaza. Israel nega as acusações e alega que elas são infundadas.

Um julgamento como esse pode levar anos até a conclusão, então ainda haverá muito mais notícias sobre este caso ao longo dos próximos meses e anos.

Tá pegando fogo, bicho - 2023 entrou para a história como o ano mais quente até então. Segundo o Copernicus Climate Change Service, serviço de alterações climáticas da União Europeia, a temperatura média global chegou a quase 15º C. A tendência é que 2024 seja ainda mais quente.

O jeito vai ser passar 2024 tomando muitos litros diários de água para se manter hidratado.

Bom, por hoje foi isso. Nos vemos na próxima edição do diário. Um abraço do estagiário SBF.

Made in China

Por Saulo Pereira

Imagem do Xi Jinping gerada por IA como piloto de avião

A expressão "Made in China" é algo muito comum aqui no Brasil. Muita gente pode associá-la a produtos baratos, mas nos últimos anos a China está trabalhando para que "Made in China" também seja sinônimo de produtos altamente tecnológicos. Acontece que todo investimento em tecnologia feito pelo governo chinês está começando a dar resultados e fez o país asiático dar o primeiro passo para entrar no exclusivo mercado de aeronaves.

A empresa que está tomando a frente dessa iniciativa é a estatal chinesa Commercial Aircraft Corporation of China, conhecida como COMAC. O objetivo da empresa é competir com as gigantes AirBus (EPA: AIR) e Boeing (BOEI34). A China entra nesse mercado em um excelente momento, pois segundo projeções da Associação Internacional de Transporte Aéreo, o número de viajantes nas próximas décadas irá praticamente dobrar.

A maior parte desse crescimento virá da região Ásia-Pacífico, mais precisamente da China. A expectativa é que 20% de toda a frota do planeta, até 2040, seja chinesa. Mas será que vai ser tão simples quanto parece para a COMAC bater de frente com as atuais gigantes AirBus e Boeing apenas com o seu mercado interno?

Primeiramente, precisamos lembrar que a China está tentando aproveitar a transferência de tecnologia e de conhecimento feita por diversas grandes empresas industriais que possuem grande parte das suas operações por lá. Para você ter ideia, só no século XXI os investimentos em tecnologia por parte do governo chinês passaram de $20 bilhões de dólares para incríveis $200 bilhões. Além disso, desde que Xi Jinping chegou à presidência, a China vem fazendo pesados investimentos em educação e incentivando o surgimento de startups.

A China percebeu que poderia se aproveitar do crescimento do número de viagens aéreas criando sua própria companhia através de 2 planos. O primeiro plano é desenvolver a industria de aviação para o médio e longo prazo. e o segundo plano é o chamado "Made in China 2025". O primeiro plano teve seu pontapé inicial em 2008, com a criação da COMAC. A empresa estatal conta com fornecedores do mundo todo para a construção dos seus aviões, dentre eles está a General Electric (GEOO34), que fornecerá as turbinas para as aeronaves.

Desde a fundação, a COMAC vem desenvolvendo e aperfeiçoando o C919, uma aeronave que pode representar uma ameaça para as principais linhas da Boeing e Airbus.

Para entender esse mercado de aviação no qual a China quer entrar, precisamos saber quem é quem. Primeiramente podemos separar a Airbus e a Boeing, sendo um duopólio que desenvolve jatos de médio alcance, com capacidade entre 100 e 240 assentos e alcance de 7000 km. Elas também produzem jatos de longo alcance, com aeronaves chegando a quase 800 assentos e alcance de 15000 km. O segundo duopólio é composto pela canadense Bombardier (TSE: BBD.B) e a nossa querida brasileira Embraer (EMBR3), construindo jatos de curto alcance, com até 90 assentos.

Acontece que com o aumento da demanda por voos de curto e médio alcance, tanto a Embraer quanto a Bombardier diversificaram seus produtos e passaram também a construir jatos mais eficientes, de 100 a 150 assentos.

Com o massivo investimento para o desenvolvimento de novas aeronaves, a Bombardier acabou quase indo à falência. Além disso, a ousada decisão de entrar no mercado dos EUA deixou a Boeing nada satisfeita, pois os jatos da canadense eram muito mais baratos que os da americana.

Resultado disso foi uma tarifa de importação aos jatos da Bombardier. Não satisfeita, a Bombardier formou uma parceria com a Airbus, que possuía operações nos EUA, e vendeu o projeto das novas aeronaves para a maior rival da Boeing. De uma vez só, a Boeing viu a Bombardier entrar no mercado americano e a sua maior rival ficar na frente.

Para não ficarem para trás, a Boeing e a Embraer anunciaram uma possível parceria no fim de 2017. Após anos de negociações, o acordo acabou não acontecendo.

No meio disso tudo, enquanto as 4 grandes empresas brigavam entre si e com a queda das receitas por conta da pandemia da COVID-19, a COMAC viu uma oportunidade de ouro para entrar nesse mercado, com sua aeronave de médio alcance C919. O grande diferencial dessa aeronave chinesa é seu custo de produção.

Embora a COMAC não divulgue os valores oficiais, estima-se que o custo seja algo em torno de $100 milhões de dólares. Esse valor representa um desconto de mais de 10% em relação aos modelos similares da Airbus e da Boeing. E como ela planeja se tornar a maior fabricante de aviões do mundo?

Com as diversas previsões de que os voos regionais na China vão aumentar nas próximas décadas, o governo chinês tem buscado incentivar as empresas aéreas a comprarem aeronaves de fabricantes locais. Por ser um dos países mais populosos do mundo, a COMAC poderá ter uma enorme vantagem para crescer internacionalmente a partir disso.

Mas a empresa chinesa provavelmente não vai ter facilidade para isso. Em 2021, a Embraer, Bombardier, Boeing e Airbus meio que decidiram dar uma "pausa momentânea" nas suas disputas comerciais. Muito provavelmente essas 4 grandes empresas estão se vendo ameaçadas pela COMAC, e brigar entre si não adiantaria nada, apenas ajudaria a empresa chinesa.

Além disso, a COMAC anunciou que não pretende, inicialmente, competir com a Boeing e a Airbus, mas sim se consolidar no mercado interno chinês. . O potencial de venda da fabricante deverá superar 3 mil aeronaves em apenas 20 anos. Caso isso se confirme, ela se tornará a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, ultrapassando a Embraer.

A princípio as aeronaves da COMAC possuem licença apenas para voar na China. Caso elas se mostrem realmente eficientes e seguras, pode ser uma questão de tempo até estarmos voando em uma aeronave "Made in China".

Como ficar rico com ações em 2024

Se sua meta para 2024 é começar a investir em ações, a primeira coisa que você deve fazer é saber em qual empresa colocar o seu dinheiro. Uma forma de se analisar uma ação é através do Método Bazin.

Décio Bazin foi um investidor e escritor brasileiro, responsável por desenvolver um método inovador para avaliar ações e investir no mercado de capitais.

Sua abordagem, conhecida como Método Bazin, tem sido amplamente adotada por investidores em busca de melhores retornos.

Bazin acreditava na importância de analisar a qualidade das empresas e suas perspectivas de crescimento a longo prazo, em vez de se concentrar apenas nos movimentos do mercado de ações a curto prazo.

Se quiser saber em detalhes sobre o Método Bazin, você pode conferir nosso artigo completo clicando aqui!

Imagem do livro do Bazin

⏳ Atemporalidades

"A maioria das pessoas é muito irritável, se preocupa demais. Sucesso significa ser muito paciente, mas agressivo na hora certa." — Charlie Munger

"Lágrimas não são argumentos." — Machado de Assis

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e aproveitem o seu tempo com sabedoria!

Boa semana e bons negócios!

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